A Associação Europeia de Fabricantes de Motos (ACEM) em conjunto com alguns dos mais reputados fabricantes de sistemas de escape para motos, anunciou uma atualização e clarificação aos regulamentos europeus que visam regular o ruído que é produzido pelos escapes de motos.
Esta proposta, que, de acordo com a ACEM e fabricantes de escapes, tem como objetivo minimizar os impactos das emissões sonoras das motos no dia-a-dia dos cidadãos europeus, e vai ao encontro das mais recentes políticas ambientais, será submetida para aprovação da União Europeia e tem como grande novidade a impossibilidade de os motociclistas conseguirem remover os “db killer” dos escapes das motos.
Para clarificação dos nossos leitores menos informados neste tipo de questões técnicas, podemos dizer que o “db killer” será o tubo de menor diâmetro que podemos encontrar no interior da saída da ponteira de escape.
A regulação do limite máximo de decibéis que um sistema de escape pode deixar “escapar” através da sua ponteira é algo que já existe desde os anos 90 do século passado. A cada atualização da norma de homologação europeia esse limite máximo foi “apertando”, as motos ficaram cada vez mais silenciosas.
Porém, os motociclistas foram sempre conseguindo, mais ou menos facilmente, remover um componente extremamente relevante para reduzir os decibéis: o “db killer”.
Este componente está instalado no interior da ponteira, mais precisamente na zona final de saída dos gases de escape, e tem como objetivo “abafar” o ruído excessivo emitido, principalmente, pelos sistemas de escape mais desportivos ou instalados em motos desportivas de maior cilindrada ou performance.
Os sistemas de escape de origem das motos não costumam ser modificados.
Porém, como bem sabemos, muitos motociclistas têm optado por trocar os sistemas de escape de origem e que são homologados para utilização em vias públicas por sistemas não homologados, do tipo de competição. Esses escapes desportivos fabricados por marcas como Akrapovic, Arrow, Giannelli, Lafranconi, Leo Vince, MIVV e SC Project, entre outras marcas especializadas, contêm um “db killer” que não costuma ser difícil de remover, permitindo assim “libertar” mais alguns decibéis.
Alguns motociclistas gostam desse som mais “racing”, porém, muitos são aqueles que vão lutando contra a utilização desses sistemas de escape “abertos” em motos conduzidas em estradas públicas devido ao ruído extremo, que acaba por se tornar incómodo quando falamos de meios urbanos.
Para combater este problema sonoro, a União Europeia recorreu à ACEM e aos fabricantes de sistemas de escape “aftermarket”, que agora apresentam um guia com diversas normas e regras, nomeadamente relativamente à remoção do “db killer”.
Este novo documento que deverá ser aprovado para a União Europeia em breve, identifica, de forma mais clara, os componentes que integram a ponteira de escape: corpo principal da ponteira fabricado em diversos tipos de material (alumínio, titânio ou fibra de carbono), cone de saída que é a abertura por onde saem os gases e pode ser fabricado em diversos tipos de material tal como a ponteira em si, e ainda o “db killer” que é o silenciador que reduz os decibéis e está colocado no interior do cone de saída da ponteira.
Os fabricantes de sistemas de escape aftermarket passam a fabricar ponteiras desportivas que não permitem a remoção do “db killer”. Isso será feito através de cones de saída que não são removíveis do corpo principal da ponteira através de fixação por meio de solda / cola / e ainda rebites que não podem ser de alumínio.
Por outro lado, o “db killer” tem de ser fixo ao corpo principal da ponteira ou ao cone de saída dos gases através de solda ou pontos de fixação de rosca (parafusos) desde que estejam completamente cobertos por epóxi ou substância similar. Será possível aos fabricantes de escapes usarem cones de ponteira para efeitos meramente cosméticos e que utilizem métodos de fixação tradicionais, mas a remoção desses cones não poderá facilitar a remoção do “db killer”.
Os “db killer” deixam de poder ser fixos através de clips, molas, ou simples parafusos e porcas.
Os sistemas de escape utilizados em vias públicas devem ser homologados para esta utilização específica (ao contrário dos sistemas de competição), e na ponteira e restantes partes do sistema de escape deverá ser possível ver a referência de homologação, nomeadamente numa placa cravada na ponteira. Qualquer alteração às características originais do sistema de escape, será motivo para que as autoridades competentes possam multar o motociclista por alterações às características da moto, o que poderá dar direito a Inspeção B para além da respetiva multa pecuniária.
Refira-se também que, tendo em conta a anunciada entrada em vigor das Inspeções Periódicas Obrigatórias a motos a partir de janeiro de 2024, conforme a Revista MotoJornal já aqui revelou, será importante que os motociclistas tenham em conta estas novidades nos regulamentos europeus de forma a garantirem que não têm problemas durante a IPO.
Em reação à apresentação desta novidade em termos de regulamentação dos sistemas de escape de motos, Antonio Perlot, secretário-geral da ACEM, revela que “Esta iniciativa reúne os conhecimentos de reconhecidos players do setor do motociclismo aborda uma das principais causas do ruído das motos nas ruas. Escapes aprovados com silenciadores facilmente removíveis ou db killers ainda estão presentes no mercado, o que pode resultar em níveis inaceitavelmente altos de ruído na estrada. Apresentando soluções inovadoras, as diretrizes ajudarão as autoridades de aprovação e homologação a uma avaliação mais harmonizada em conformidade com as regras anti manipulação para sistemas de escape. Agora pedimos a todas as partes interessadas aplicarem estas medidas o mais rapidamente possível”.
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