Novamente “colado” às restantes categorias do Campeonato Nacional de Velocidade (CNV Moto), os Troféus de Naked Bikes (TNB) também viajaram até ao Sul, com destino fixo no Autódromo Internacional do Algarve (AIA) bem perto da cidade de Portimão, para aquela que foi mais uma ronda intensa, emotiva, e que fruto do domínio de Frédèric Bottoglieri e da sua Triumph Street Triple 765 permitiu assistir a mudança de líder na classificação geral dos TNB.
Nesta que foi então a quarta ronda da temporada 2023, e, tal como se esperava, com os pilotos dos TNB a terem à sua disposição o AIA “afetado” pelas habituais condições climatéricas neste período do ano, ou seja, temperaturas escaldantes e vento mais intenso da parte da tarde, os TNB voltaram a ser a categoria mais participada do CNV Moto com as suas 16 presenças, das quais se destacou a ausência da S1000R #10 de Duarte Amaral, cuja fantástica performance na ronda anterior teve o senão de fazer regredir a recuperação da lesão contraída na primeira ronda, que já o tinha levado a não estar presente em Jerez.
Convém ainda destacar, uma vez mais, que em conjunto com o TLC com quem os TNB repartem a pista, estas classes formaram a maior grelha de partida do fim de semana ao juntar 22 motos!
Uma nota importante nesta ronda Portimão I dos TNB foi a estreia do “rookie” Daniel Coelho na Kawasaki Z900 #40 na Montanha Russa algarvia, ele que tem estado envolvido em duelos bem animados com o nosso jornalista / piloto Marcos Leal na outra única Z que ainda sobrevive do extinto Troféu Z Cup, que, curiosamente, foi a fórmula que deu origem aos mais recentes troféus S 1000 R Cup e Tuono Cup.
João Curva (#54), cada vez mais em sintonia com a BMW S 1000 R, colocou a fasquia elevada ao conseguir rodar no segundo 53 no ondulante traçado algarvio, registando um melhor tempo em qualificação de 1m53.646s, conseguindo a sua segunda “pole position” da temporada, à geral, e, claro, na sua classe TNB1.
O único piloto a conseguir rodar no segundo seguinte foi a melhor TNB2, a Triumph Street Triple 765 #11 de Frédèric Bottoglieri, e, só depois e já no segundo 55 encontramos a TNB seguinte, a BMW M 1000 R de Paulo Vicente (#62) que ficou atrás da melhor TLC, a de Rodrigo Amaral. A linha da frente ficou assim um verdadeiro “mix” de motos das classes TNB1, TNB2 e TLC, o que demonstra a grande competitividade que reina neste campeonato.
Atrás de Vicente, mas ainda no mesmo segundo, surge a Aprilia Tuono 1100 V4 de Luis Franco (#22), com a BMW S 1000 R de Ricardo Almeida (#31) a fechar a segunda linha da grelha, desta feita com motos apenas da classe TNB1. A Triumph Street Triple 765 de Romain Bérton (#83), TNB2, e a Tuono Cup de Miguel Sousa (#5), TNB1, “ensanduicharam” a segunda melhor TLC, a de Raul Felgueiras, naquela que foi então a terceira linha da grelha de partida.
A 4ª linha foi ocupada só por motos da classe TNB1, nomeadamente, a Suzuki GSX-S1000 de Ricardo Pires (#14), com este a batera a Aprilia Tuono de António Reis (#88) e a S 1000 R de Nuno Farias (#21), este já apenas a conseguir rodar no segundo 58.
A Tuono Cup de Anselmo Vilardebó (#12), TNB1, supera a Kawasaki Z900 de Marcos Leal (#73), TNB2, que por sua vez supera a TLC de Bernardo Villar, fechando este a linha e sendo o último piloto a conseguir rodar no segundo 58. Na linha seguinte, duas TNB2, a Street Triple 765 de Cyrille Schertenleib (#74) e a Z900 de Daniel Coelho (#40), rodeiam uma TNB1, a S 1000 R de Marco Perez (#49). A BMW da S 1000 R Cup de Luis Metello (#6) fecha a classificação dos TNB “entalada” entre duas TLC, as de Augusto Machado e Márcio Silva.
Com os 22 pilotos alinhados na grelha de partid,a os semáforos apagam-se e é a Street Triple de Bottoglieri que faz o “holeshot”, chegando assim à primeira curva do AIA na frente da M 1000 R de Paulo Vicente, com os dois a travarem um forte duelo na travagem para a curva 1, a testarem os limites da capacidade de travagem das suas respetivas motos.
Antevia-se uma luta renhida pela vitória.
Mas na passagem da linha de meta no final da primeira volta, Bottoglieri e a sua Triumph deixam já Vicente e a sua M 1000 R a mais de um segundo, tendo o segundo classificado de ter em atenção as BMW S 1000 R de Ricardo Almeida e João Curva.
Curva passa Almeida na volta seguinte, consegue baixar o seu ritmo de forma a rodar no segundo 53, e passa inclusivamente Paulo Vicente. A partir daí João Curva vai atrás de Bottoglieri decidindo entrar na luta pela vitória à geral.
Ainda o consegue passar quando estávamos na quinta volta desta Corrida 1 dos TNB, mas Bottoglieri tinha ainda um extra para gastar na sua Triumph Street Triple 765, que pilotou de forma magistral no limite e, apesar de estar sem quickshift, Fred consegue mesmo regressar ao primeiro lugar, vencendo a corrida à geral para além da classe TNB2!
Ricardo Almeida, que vinha na peugada de Paulo Vicente, ao falhar a travagem na curva 5 à terceira volta, cai para a 9ª posição, fazendo assim com que a Aprilia Tuono de Luis Franco conseguisse subir a 5º, mas quatro voltas depois já está em cima de Ricardo Pires, e nas três voltas finais consegue ainda recuperar até sexto da geral, quarto da classe TNB1, e segundo da S 1000 R Cup, demonstrando assim uma enorme resiliência.
A Street Triple 765 de Bérton arrancou bem, subiu uma posição, aguentou-a durante meia dúzia de voltas, mas depois foi engolida pelas TNB1 de Miguel Sousa, Ricardo Almeida e Ricardo Pires, mas como a ultrapassagem de Pires foi feita sob bandeiras amarelas, este teve de lhe devolver a posição, terminando assim Bérton em oitavo.
Uma boa surpresa foi a corrida de Marcos Leal e da sua Kawasaki Z900, pois arrancou de 14º e cruzou a linha de meta em 10º, superando, e bem, as outras TNB2 de Schertenleib e Daniel Coelho, e deixando atrás de si várias TNB1, inclusive a S 1000 R de Farias.
Farias também arrancou bem, subiu quatro posições, mas com a sua S 1000 R sem conseguir atingir a velocidade máxima habitual, lá foi descendo na classificação ao não ter argumentos para responder aos ataques dos rivais, acabando em 11º da geral na frente de Schertenleib.
Este e a sua Street Triple 765 rodam mais rápido que na Qualificação, e ainda conseguem recuperar até 12º antes da bandeira de xadrez. A Tuono de António Reis, saindo de 11º, rodou entre o 15º e o 12º lugar, conseguindo fechar a Corrida 1 do TNB em 13º, isto apesar de ainda estar afetado fisicamente.
A Aprilia Tuono de Anselmo Vilardebó, com este ainda a recuperar fisicamente, também se entreteve, e bem, a subir a baixar de posições conseguindo terminar em 14º, um lugar abaixo daquele em que tinha arrancado para esta corrida. Coelho e a sua Z900 da classe TNB2 demoraram até entrarem no ritmo que precisavam para ascender na classificação, e só conseguiram encontrar o ritmo da qualificação na última volta, tendo conseguido ficar na frente da S 1000 R de Luis Metello que fechou os TNB.
A registar, e lamentar, tivemos ainda o acidente de corrida da S 1000 R de Marco Perez com a TLC de Raul Felgueiras, que acabou por significar o fim de corrida de ambos quando estávamos a duas voltas do fim. Perez ainda foi levado ao hospital de Portimão e depois ao de Faro, felizmente sem se confirmar qualquer lesão grave com o piloto da S 1000 R Cup.
O pódio da classe TNB1 vê assim duas BMW, uma inscrita e a competir no troféu e outra não, acompanhadas de uma Aprilia, enquanto o pódio da classe TNB2 vê uma Z900 subir ao último lugar do pódio, juntando-se às duas Triumph habituais.
Com as memórias frescas do que tinha acontecido no sábado, alguns pilotos dos TNB aproveitaram o “warm up” de domingo nesta primeira visita ao AIA para testar novas afinações nas suas motos, mas foram as desistências da Tuono de Vilardebó e da S 1000 R de Perez, ambos por lesão, que surpreenderam o coletivo, obrigando a refazer a grelha a partir da 13ª posição.
Com um calor abrasador e o asfalto do AIA a atingir os 52 graus Celsius, apagados os semáforos voltou a ser Bottoglieri e Vicente a disputarem ferozmente o “holeshot”, com o vencedor da Corrida 1 a impor a força da sua Triumph ao conseguir fazer a curva 1 na frente de Vicente, mas este a recuperar imediatamente o lugar na curva 2 para entrarem lado-a-lado na curva 3!
Uma fantástica batalha “mano-a-mano” que animou os primeiros instantes da Corrida 2.
Bottoglieri, eventualmente, viria a sair da curva 3 na frente do pelotão, mas para o conseguir acabou por desenhar uma má trajetória para a curva 4. Uma falha que acabou por permitir a Paulo Vicente relançar a luta pela liderança, que conquista momentaneamente na travagem para a curva 5.
Mas a travagem é já para lá dos limites, e ao perder a trajetória o piloto da M 1000 R permite a Bottoglieri fazer-lhe a denominada “tesoura” ao dominar a trajetória interior, e assim a Triumph Street Triple 765 voltava a assumir o primeiro lugar desta Corrida 2 dos TNB. Fred, motivado com esta luta, baixa a cabeça, e de “faca nos dentes” baixa o ritmo ao segundo 52 e ganha folgadamente a corrida à geral e na classe TNB2. Um resultado fantástico que lhe permitiu assumir a liderança do campeonato, conforme pode verificar em maior detalhe mais abaixo.
A S 1000 R de João Curva vê esta confusão toda na sua frente, e quando a situação acalma, Curva lança o seu ataque e ultrapassa Paulo Vicente na segunda volta e vai outra vez atrás de Bottoglieri. Faz o melhor tempo do fim de semana (1m52.851s) algarvio, mas um desentendimento na curva 3 na dobragem ao piloto mais lento das TLC leva-o a cair e saborear o sabor amargo do asfalto do AIA. Por sorte, esta é a curva mais lenta do circuito e assim os danos na moto não o impedem João Curva de regressar à corrida e terminar em 13º da geral e 3º da S 1000 R Cup.
A M 1000 R de Paulo Vicente termina assim em segundo da geral na frente da melhor TLC, a de Rodrigo Amaral, mas sem antes ter visto a sua posição ameaçada pela S 1000 R de Ricardo Almeida. Este bem tentou, até que um problema eletrónico viria a deitar por terra a sua corrida, conseguindo, mesmo assim, terminar ainda em 9º da geral e segundo da S 1000 R Cup.
Mas a grande performance desta segunda corrida no AIA é a da Tuono Cup de Luis Franco, pois este faz um mau arranque que o relega de 5º para 11º, encetando Franco uma recuperação de antologia que o leva a cruzar a meta em 3º da classe TNB1. Um grande esforço do piloto que lidera confortavelmente a classificação da Tuono Cup.
A Suzuki GSX-S1000 de Pires faz uma corrida ao ataque, com o piloto a bater o seu recorde pessoal e conseguir aproveitar os azares alheios para subir ao pódio nas TNB1, algo que acontece pela primeira vez nesta temporada 2023! A segunda melhor TNB2, a Triumph Street Triple de Bérton, ainda se perde na corrida e baixa a 11º, mas consegue recuperar até ao lugar atrás do seu maior rival, Ricardo Pires.
A Z900 de Marcos Leal volta a subir ao último lugar do pódio nas TNB2, com este a entrar em várias batalhas, conseguindo rodar no segundo 55, batendo o seu recorde pessoal. Inclusivamente, o piloto e jornalista da Revista MotoJornal conseguiu mesmo registar o melhor tempo jamais feito por uma Kawasaki Z900 no Autódromo Internacional do Algarve: 1m55.576s!
Nuno Farias com a sua S 1000 R ainda a revelar claras limitações técnicas fica atrás de Leal, mas consegue garantir o pódio da S 1000 R Cup.
Schertenleib e a sua Street Triple aumentam a sua velocidade nesta corrida, baixam ao segundo 58 (1m58.009s foi a sua melhor volta na Corrida 2) e saem de Portimão para ir fazer uma prova de “road racing” na Bélgica, onde espera conseguir aproveitar para treinar e encontrar o ritmo para fazer ainda melhor na próxima ronda dos TNB em Portimão.
A Kawasaki Z900 de Coelho, apesar de alguma indisposição física do piloto, lá consegue encontrar o ritmo da qualificação, e supera a Aprilia Tuono de António Reis, este também limitado fisicamente. Quem teve menos sorte, foi Miguel Sousa e a sua Tuono, que decidiu abandonar devido ao excesso de calor. Já Luis Metello desiste também na mesma volta depois de sofrer um problema eletrónico na sua S 1000 R.
A próxima ronda dos Troféus de Naked Bikes acontece no fim de semana de 29 e 30 de julho, de regresso ao fantástico, mas exigente, Autódromo Internacional do Algarve para cumprir a ronda Portimão II.
TNB – Classificações após Portimão I
Geral
1 – Frédèric Bottoglieri (Triumph Street Triple 765) – 163 pontos
2 – João Curva (BMW S 1000 R) – 162 pontos
3 – Paulo Vicente (BMW M 1000 R) – 121 pontos
TNB1
1 – João Curva (BMW S 1000 R) – 180 pontos
2 – Paulo Vicente (BMW M 1000 R) – 149 pontos
3 – Luis Franco (Aprilia Tuono) – 117 pontos
TNB2
1 – Frédèric Bottoglieri (Triumph Street Triple 765) – 200 pontos
2 – Romain Berton (Triumph Street Triple 765) – 151 pontos
3 – Marcos Leal (Kawasaki Z900) – 110 pontos
S 1000 R Cup
1 – João Curva – 191 pontos
2 – Ricardo Almeida – 144 pontos
3 – Nuno Farias – 103 pontos
Tuono Cup
1 – Luis Franco – 195 pontos
2 – Miguel Sousa – 125 pontos
3 – António Reis – 100 pontos
Fotos: Victor Schwantz Barros e CNV Moto / Hellofoto
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