Moto MotoGP 2023 Índia – Título ao rubro e Miguel Oliveira 12º na corrida principal

MotoGP 2023 Índia – Título ao rubro e Miguel Oliveira 12º na corrida principal


Calor intenso e muita humidade deixaram à vista a fantástica capacidade de resistir a condições extremas que os pilotos de MotoGP têm. Apesar da corrida principal de MotoGP do Grande Prémio da Índia ter sido encurtada das originais 23 para 21 voltas, para proteger os pilotos, a verdade é que a temperatura deixou os pilotos completamente esgotados fisicamente.

Que o diga Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), que no final da corrida no Buddh International teve mesmo de ser assistido pelo médico em pleno parque fechado!

Numa corrida principal de MotoGP em que houve alguns pilotos a tentarem arriscar numa escolha de pneus diferentes à grande maioria – Marco Bezzecchi (Mooney VR46), Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) e Jorge Martin –, desta feita o arranque de corrida não ficou marcado por quedas, pese embora uma travagem mais tardia de Aleix Espargaró (Aprilia Racing) pelo interior da curva 1 tenha lançado alguma confusão no pelotão da categoria rainha.

Jorge Martin assumiu de imediato a liderança levando atrás de si Bagnaia e Bezzecchi. Os três pilotos Ducati discutiram as três primeiras posições durante esta primeira volta, mas Bezzecchi, depois do azar na MotoGP Sprint, não deixou passar muito tempo e atacou mesmo no final da primeira volta, conseguindo a liderança.

A partir desse momento, e com Martin em luta direta com Bagnaia nos momentos seguintes, o italiano da Mooney VR46 iniciou uma corrida que podemos definir de perfeita.

Volta após volta marcou tempos rápidos, foi amealhando uma vantagem que lhe permitiu gerir o desgaste dos pneus e também o seu desgaste físico numa corrida muito exigente. À sétima volta já Bezzecchi tinha mais de três segundos de vantagem sobre os rivais mais diretos na luta pelo título de MotoGP, sete voltas depois a vantagem estava acima dos cinco segundos, e foi aumentou mais um pouco até à bandeira de xadrez que recebeu antes de todos os outros pilotos de MotoGP.

Marco Bezzecchi torna-se assim no primeiro vencedor da história do Grande Prémio da Índia.

Com a discussão pela vitória completamente decidida desde o final da primeira volta, o maior foco de interesse desta corrida de MotoGP do Grande Prémio da Índia centrou-se no segundo lugar.

Jorge Martin e Francesco Bagnaia, segundo e primeiro do campeonato, respetivamente, sabiam que não conseguiriam impedir a vitória de Bezzecchi. E por isso não deram tréguas na batalha pelo segundo lugar, que poderia significar animar ainda mais a luta pelo título, ou, caso Bagnaia saísse por cima, ajudar o campeão em título a dar mais um pequeno passo rumo à renovação do ceptro principal de MotoGP.

A meio da corrida, e depois de um período mais calmo em termos de ataques entre o espanhol da Prima Pramac Ducati e o italiano da Ducati Lenovo Team, Bagnaia conseguiu desferir um ataque fantástico na passagem na longa direita que une as curvas 8 e 9 do circuito Buddh International.

O piloto da equipa de fábrica estava então decidido a ser segundo no Grande Prémio da Índia, e parecia estar a beneficiar por ter optado por pneu dianteiro duro em vez do médio de Martin.

Porém, à 14ª volta, e quando estava a afastar a pressão de Jorge Martin que não tinha resposta para o maior ritmo por volta do campeão, “Pecco” Bagnaia exagera na entrada da curva 5 do circuito Buddh International, perde a frente da sua Ducati Desmosedici GP23, e termina a sua corrida a deslizar pela escapatória e a dar por finalizada a sua participação no GP da Índia.

Esta que foi a quarta queda em corrida para Bagnaia em 2023 foi um verdadeiro golpe de teatro no que diz respeito à luta pelo título. O campão volta a não somar pontos, e, pior que isso, ficou a ver a partir da box os seus dois rivais somarem muitos pontos e assim encurtarem muito a diferença pontual para o ainda líder da classificação de MotoGP.

Com a queda do italiano, Jorge Martin passou a rodar isolado em segundo. O vencedor da MotoGP Sprint de sábado do Grande Prémio da Índia não queria deixar passar a oportunidade de ganhar 20 pontos a Bagnaia, mas a cinco voltas do fim um novo golpe de teatro deixava tudo em causa.

O fecho do fato de Jorge Martin abriu, e obrigou o espanhol a fechar o ZIP até acima em pleno andamento e quando tinha Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) em terceiro e relativamente perto. “Martinator”, num momento fantástico em pleno andamento, conseguiu fechar o ZIP do seu fato e prosseguir em pista. Mas isso permitiu a Quartararo ficar a menos de meio segundo do espanhol.

Porém, a potência da Ducati fez a diferença, e Jorge Martin voltou a aumentar a vantagem até à volta final da corrida de MotoGP para mais de um segundo.

Mas os golpes de teatro ainda não tinham terminado. Já os fãs pensavam que tudo estava decidido entre segundo e terceiro, e Jorge Martin, esgotado fisicamente devido à temperatura, falhou a travagem fortíssima para a curva 4 no final da longa reta do traçado indiano. Saiu em frente pela escapatória, olhou para trás e viu Fabio Quartararo e a sua Yamaha M1 tentarem chegar a segundo.

Martin tentou regressar à pista rapidamente, mas antes da travagem para a curva 5 já o francês, campeão em 2021, tinha chegado à segunda posição.

“El Diablo” queria obter aquela que seria a melhor classificação (e performance em corrida) da temporada 2023 de MotoGP, tentou defender-se do ataque de Jorge Martin protegendo a trajetória interior na travagem para a curva 6, mas Martin, num derradeiro momento de esforço, consegue responder e consumar uma excelente ultrapassagem por fora a Quartararo, que ainda viu Martin a raspar com o braço na sua Yamaha M1.

A partir daí o piloto da Prima Pramac Ducati defendeu a posição, Quartararo tentou até final, mas a potência e capacidade de aceleração da moto italiana permitiram a Jorge Martin cruzar a meta em segundo, algumas décimas na frente de Fabio Quartararo que fecha em grande forma o Grande Prémio da Índia de MotoGP, e dá sinais de vida neste arranque de ronda asiática da atual temporada.

Com tudo isto, a luta pelo título de MotoGP está ao rubro!

Francesco Bagnaia tem agora apenas 13 pontos de vantagem sobre Jorge Martin, enquanto Marco Bezzecchi não disse ainda a sua última palavra, estado o italiano vencedor do Grande Prémio da Índia com um atraso de 44 pontos para o compatriota que ainda vai liderando a classificação.

Quanto à prestação de Miguel Oliveira, o piloto português da CryptoData RNF Aprilia sabia à partida que a longa corrida deste domingo no circuito Buddh International seria sempre uma missão muito complicada, não só por partir de uma posição muito atrasada na grelha de partida, mas, principalmente, pelas dificuldades sentidas ao longo de todo o fim de semana de Grande Prémio da Índia.

Ao contrário da corrida Sprint de sábado, desta feita Miguel Oliveira não logrou ascender muitas posições na primeira volta. De facto, permaneceu em 17º durante as primeiras voltas, tendo visto o seu arranque afetado pela confusão que aconteceu na curva 1 logo após o arranque do GP da Índia, sendo obrigado a desviar-se de alguns pilotos para evitar toques e possível queda.

Na 5ª volta o piloto português sobe a 16º por troca com Augusto Fernandez (GasGas Factory Tech3), que viria a abandonar momentos depois dessa ultrapassagem por problema técnico na sua RC16.

Na volta seguinte a Aprilia RS-GP 22 #88 subia mais uma posição, com Miguel Oliveira a beneficiar da queda de Marc Márquez (Repsol Honda) – que caiu quando rodava em 4º –, na 9ª volta o português passava por Pol Espargaró (GasGas Factory Tech3) para subir a 14º, com o espanhol a responder ao português e a recuperar a posição logo de seguida.

Momentos depois era a vez de Marc Márquez, que regressou à corrida após a queda, passar por Miguel Oliveira que assim desceu a 16º, tendo o piloto português voltado a beneficiar de problemas de outros pilotos – abandono de Aleix Espargaró com problema técnico e desistência por queda de Francesco Bagnaia – para subir a 14º.

Novamente atrás de Pol Espargaró, Miguel Oliveira atacou o espanhol da GasGas e conseguiu mesmo subir a 13º.

E na penúltima volta da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Índia o português da CryptoData RNF Aprilia viria a subir a 12º aproveitando mais um problema técnico de um piloto que seguia à sua frente, neste caso um problema que levou a abandono de Fabio di Giannantonio (Gresini Racing).

O 12º lugar na corrida principal do GP da Índia foi um resultado positivo, se olharmos apenas para o resultado em si, pois significa que Miguel Oliveira somou 4 pontos à sua conta pessoal do campeonato.

Mas, na verdade, este terá sido o fim de semana mais complicado em termos de performance pura para o piloto português desde que ingressou na CryptoData RNF Aprilia, pois não se viu a Aprilia #88 apresentar os argumentos que permitissem a Miguel Oliveira aspirar a um resultado mais de acordo com as performances recentes do piloto português nas últimas rondas de MotoGP.

Aguardamos agora pelas declarações de Miguel Oliveira para entendermos melhor quais foram as sensações do português nesta corrida principal na Índia.

Nesta primeira corrida da denominada ronda asiática de MotoGP, realçamos a reação dos fabricantes japoneses ao período difícil que temos visto marcas como a Yamaha e a Honda passarem em 2023.

Para além do regresso aos pódios de Fabio Quartararo, a Yamaha viu Franco Morbidelli terminar em 7º, enquanto a Honda, pese embora tenha visto Marc Márquez perder o 4º lugar (ele que viria a recuperar até ao 9º), anima-se com o 5º lugar de Joan Mir, o espanhol que não resistiu ao ataque final de Brad Binder (Red Bull KTM Factory). Ainda assim, esta foi a melhor prestação de Mir desde que ingressou na Honda.

Falta agora perceber se esta melhor performance dos pilotos Yamaha e Honda é exclusiva do circuito Buddh International, ou se nas próximas rondas asiáticas, começando já no próximo fim de semana pelo Grande Prémio do Japão, as M1 e RC213V estarão novamente na discussão pelos lugares de destaque em MotoGP.

Resultados da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Índia

1 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)

2 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)

3 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)

4 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)

5 – Joan Mir (Repsol Honda)

6 – Johann Zarco (Prima Pramac Ducati)

7 – Franco Morbidelli (Monster Energy Yamaha)

8 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)

9 – Marc Márquez (Repsol Honda)

10 – Raul Fernandez (CryptoData RNF Aprilia)

11 – Takaaki Nakagami (Idemitsu Honda LCR)

12 – Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia)

Classificação de MotoGP após o Grande Prémio da Índia

1 – Francesco Bagnaia – 292 pontos

2 – Jorge Martin – 279 pontos

3 – Marco Bezzecchi – 248 pontos

4 – Brad Binder – 192 pontos

5 – Aleix Espargaró – 160 pontos

6 – Johann Zarco – 157 pontos

7 – Maverick Viñales – 138 pontos

8 – Luca Marini – 135 pontos

9 – Jack Miller – 109 pontos

10 – Alex Márquez – 108 pontos

13 – Miguel Oliveira – 69 pontos

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