Ao contrário do habitual e devido às condições meteorológicas previstas para domingo, disputou-se na madrugada deste sábado (hora Portuguesa) a corrida principal do programa do Grande Prémio da Austrália de MotoGP. A corrida de 27 voltas da categoria rainha em Phillip Island foi, muito provavelmente, a melhor da temporada 2023, pelo menos até ao momento, com um vencedor que ninguém esperava e com Miguel Oliveira a ser 13º.
E começamos esta crónica do GP da Austrália com a prestação do piloto português da CryptoData RNF Aprilia.
Depois de mais uma qualificação que o deixou muito atrás na grelha de partida (19º), no seguimento dos problemas que tem sentido aos comandos da sua Aprilia RS-GP 22, Miguel Oliveira conseguiu aquilo que podemos quase definir como “um pequeno milagre”.
Já não será novidade para os mais atentos que Miguel Oliveira consegue muitas vezes disfarçar as dificuldades ou menor performance da sua moto em velocidade pura com uma grande capacidade de analisar os momentos da corrida. Isso permite ao #88 terminar muitas vezes nos pontos quando nada o fazia prever.
E em Phillip Island o Miguel Oliveira voltou a mostrar que é mesmo um piloto de corrida.
O arranque do português até nem foi particularmente interessante, mas na chegada à primeira curva de Phillip Island consegue reposicionar-se no pelotão e sobe mesmo uma posição em relação à sua posição de arranque.
Aos poucos, e mesmo sem mostrar a exuberância de outras ocasiões, Miguel Oliveira foi conseguindo ascender na classificação, ultrapassando algumas dificuldades de acerto da sua moto, inclusivamente conseguindo bater em corrida o seu companheiro de equipa Raul Fernandez, que ao longo dos treinos e qualificação deste GP da Austrália se tinha mostrado mais confortável e rápido do que o português.
O 13º lugar em que recebeu a bandeira de xadrez no final das 27 voltas não será o resultado que Miguel Oliveira pretende, mas tendo em conta o que tínhamos visto até agora em Phillip Island, e tendo em conta os resultados mais recentes, podemos considerar esta corrida como positiva e um resultado merecido que é fruto da resiliência do Falcão, que não baixou os braços e deu a volta à situação fechando a corrida a menos de 20 segundos do vencedor.
Por falar em vencedor, e quando todos esperavam que fosse Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) a capitalizar o andamento demoníaco que mostrou em qualificação, com uma volta recorde que lhe deu nova “pole position”, a corrida australiana proporcionou-nos um enorme espetáculo e um final surpreendente!
A escolha de pneus viria a ser determinante, com Martin a optar pelo traseiro macio enquanto a grande maioria dos pilotos, principalmente os seus rivais mais diretos, optava pelo composto médio. Para a frente a escolha foi quase unânime, com a opção a recair sobre o composto duro da Michelin.
Após conseguir mais um arranque perfeito em que saltou da “pole” para manter a liderança da corrida de MotoGP, Jorge Martin aproveitou o pneu traseiro macio para rapidamente amealhar uma margem de segurança para os perseguidores.
Na verdade, era apenas um, pelo menos mais próximo, pois apenas Brad Binder (Red Bull KTM Factory) conseguiu manter “Martinator” à vista, ainda assim a mais de um segundo logo nas primeiras voltas.
Mais atrás as trocas de posição eram constantes, formando-se um numeroso grupo de pilotos que discutiam a derradeira posição do pódio e as imediatamente a seguir.
Fabio di Giannantonio (Gresini Racing), que nos tempos mais recentes, principalmente desde que soube que não ficará na equipa de Nadia Padovani devido à chegada de Marc Márquez, encontrou um ritmo que até agora não tinha mostrado em MotoGP, surpreendeu tudo e todos ao passar Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), sem receios, e assumindo a terceira posição com autoridade.
O jovem italiano abriu depois uma vantagem de mais de um segundo para se isolar na terceira posição.
Mas a corrida australiana, apesar de parecer, estava longe de estar decidida!
As corridas da categoria rainha no circuito de Phillip Island raramente desiludem, e esta edição de 2023 foi mais uma que ficará na memória dos fãs que madrugaram para assistir a mais um episódio da batalha pelo título de MotoGP.
Tudo porque a opção de Martin pelo pneu traseiro macio, que inicialmente lhe deu vantagem, acabou por se virar contra o espanhol. O piloto da Prima Pramac Ducati nunca conseguiu margem suficiente para gerir o ritmo de corrida de forma a preservar o seu pneu, e atrás de si via Di Giannantonio a apanhar Binder, e a 8 voltas do fim do Grande Prémio da Austrália o dueto que se juntou na perseguição a Martin passava a ser um quarteto, pois Francesco Bagnaia e Johann Zarco (Prima Pramac Ducati) também conseguiam juntar-se a Binder e Di Giannantonio.
Por essa altura ainda Jorge Martin tinha alguma borracha para usar, mas rapidamente se viu na contingência de passar de modo de ataque total a modo de gestão de danos.
A cinco voltas do fim, e num momento em que Fabio di Giannantonio conseguia chegar a segundo por troca com Brad Binder, enquanto Zarco levava a melhor sobre Bagnaia pelo quarto lugar, Jorge Martin percebeu que tinha ficado sem pneu traseiro. A diferença que tinha sido superior a três segundos esfumou-se, e quando Binder recuperou a segunda posição já o grupo de quatro estava a menos de um segundo do líder da corrida desta corrida de MotoGP.
Tudo viria a ser decidido numa última volta de cortar a respiração e que fez valer a pena o esforço de ficar acordado para ver esta corrida do GP da Austrália de madrugada.
Martin sem argumentos para responder aos ataques, acabou por descer de primeiro a quinto, enquanto Johann Zarco, já com a bandeira de xadrez a agitar sobre a linha de meta do circuito de Phillip Island, não desperdiçou a oportunidade de garantir a sua primeira vitória em MotoGP.
O piloto francês bateu ao sprint o campeão Francesco Bagnaia, com Fabio di Giannantonio, depois do quarto lugar em Mandalika no fim de semana passado, a fazer ainda melhor, ao ser terceiro classificado nesta corrida australiana, deixando atrás de si Brad Binder que também tinha conseguido suplantar Jorge Martin na última volta.
Um pódio final completamente inesperado, até pelo que a dada altura se viu na corrida. Johann Zarco não vencia uma corrida desde 2016, então em Moto2, com o francês a ter de esperar 2533 dias para voltar a celebrar a vitória e agora na categoria rainha.
Para Francesco Bagnaia o segundo lugar é um resultado positivo, pois ganha mais pontos ao rival direto Jorge Martin. E Fabio di Giannantonio com a estreia no pódio volta a mostrar-se às equipas de MotoGP que ainda possam estar à procura de um piloto para 2024.
Refira-se ainda que entre os dez melhores classificados na corrida de hoje, sete estavam aos comandos de motos da Ducati. Apenas Luca Marini (Mooney VR46) impediu que as oito motos de Borgo Panigale ficassem no “top 10”. Uma demonstração de força da marca italiana, com apenas Binder, Aleix Espargaró (Aprilia Racing) e Jack Miller (Red Bull KTM Factory) a serem os “intrusos” entre os dez melhores.
Resultados da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Austrália
1 – Johann Zarco (Prima Pramac Ducati)
2 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
3 – Fabio di Giannantonio (Gresini Racing)
4 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
5 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
6 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)
7 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory)
8 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
9 – Alex Márquez (Gresini Racing)
10 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
13 – Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia)
Classificação de MotoGP após a corrida do Grande Prémio da Austrália
1 – Francesco Bagnaia – 366 pontos
2 – Jorge Martin – 339 pontos
3 – Marco Bezzecchi – 293 pontos
4 – Brad Binder – 224 pontos
5 – Johann Zarco – 187 pontos
6 – Aleix Espargaró – 185 pontos
7 – Maverick Viñales – 170 pontos
8 – Luca Marini – 148 pontos
9 – Jack Miller – 144 pontos
10 – Fabio Quartararo – 134 pontos
14 – Miguel Oliveira – 76 pontos
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