Nas instalações históricas da Ducati em Borgo Panigale vivem-se momentos de inovação, claro, mas também de procura por novos desafios. A já anunciada entrada no mundo do motocross com a colaboração de Tony Cairoli é disso um bom exemplo, e um outro exemplo é o regresso da Ducati aos motores monocilíndricos com a confirmação do novo Superquadro Mono.
Foi preciso esperar três décadas para voltarmos a ver a Ducati a produzir um monocilíndrico, tendo a última experiência da marca italiana a este nível sido a Supermono 550, uma moto que hoje em dia é bastante procurada e valorizada pelos Ducatistas e colecionadores de motos.
Porém, e pese embora a arquitetura do motor seja a mesma, a verdade é que o novo motor Superquadro Mono não tem nada a ver com esse monocilíndrico de há trinta anos.
Na verdade, o motor Ducati deriva de um bicilíndrico que foi usado na superdesportiva 1299 Panigale, sendo por isso um motor altamente evoluído, ainda mais quando sabemos que os engenheiros da Ducati trabalharam arduamente para criar esta unidade motriz.
O nome Superquadro Mono tem origem na relação extrema entre diâmetro e curso, que permite, graças ao seu curso muito curto, atingir velocidades de rotação típicas de motores de competição numa unidade motriz que apresenta uma cilindrada de 659 cc.
Com uma construção que deriva do denominado Superquadro de 1285 cc, motor que representou na altura em que foi produzido a evolução máxima das bicilíndricas Ducati homologadas para estrada, o Superquadro Mono herda o pistão de 116 mm de diâmetro do motor Panigale, o formato da câmara de combustão, as válvulas de admissão em titânio de 46,8 mm, as válvulas de escape em aço de 38,2 mm, para além de utilizar o sistema Desmodrómico.
O diâmetro do pistão tão exagerado permite a utilização de válvulas de maior diâmetro para beneficiar a performance que, no entanto, não seria possível atingir sem a utilização do típico sistema Desmodrómico, uma solução que a marca italiana também utiliza em motores de competição como em MotoGP ou no Mundial Superbike.
Este sistema permite superar os limites impostos pelas molas das válvulas, permitindo registos extremos de atuação das válvulas. O sistema Desmodrómico do motor Superquadro Mono contribui significativamente para melhorar a performance, mas também para permitir atingir velocidades de rotação muito elevadas para um monocilíndrico.
Tendo isto em conta, o motor Ducati Superquadro Mono garante uma potência máxima de 77,5 cv às 9.750 rpm, e é capaz de atingir 10.250 rpm (na primeira relação o limite é de 10.000 rpm). O binário, cujo valor máximo é de 63 Nm às 8.050 rpm, foi trabalhado pelos engenheiros da Ducati de forma a não ser demasiado bruto, de acordo com o comunicado da marca. Tudo isto enquanto se respeitam os limites da homologação Euro 5.
Na configuração de competição, este motor monocilíndrico quando equipado com o escape Termignoni consegue atingir uma potência de 84,5 cv às 9.500 rpm!
Com origem na competição, o pistão de 116 mm de diâmetro, um valor incrível para um monocilíndrico de produção, apresenta um desenho “box in box” tal como os pistões da Panigale V4 R, com uma base de dupla treliça para combinar rigidez e resistência, ao reduzir as superfícies de contacto com o objetivo derradeiro de minimizar a fricção.
Pela mesma razão, o pino do pistão está equipado com um revestimento de superfície Diamond Like Carbon (DLC), o mesmo tratamento usado nas saias dos pistões da Panigale V4 R. A taxa de compressão é de 13.1:1.
Tal como no motor do protótipo Desmosedici que vemos a competir em MotoGP, os balanceiros do sistema Desmodrómico também contam com revestimento de superfície DLC para reduzir a fricção e aumentar a resistência à fadiga. A distribuição é controlada por um sistema misto de carretos / corrente.
Com a injeção a trabalhar em conjunto com o sistema eletrónico de acelerador ride-by-wire, o motor Superquadro Mono foi concebido para disponibilizar três Power Modes diferentes: High, Medium, Low.
Cada um destes modos de potência redefinem a forma como a potência do motor é disponibilizada de acordo com os impulsos do condutor no acelerador, adaptando assim o caráter do Superquadro Mono às mais diversas situações de condução.
A cabeça do cilindro é fixa diretamente ao cárter, com a Ducati a optar por esta solução como forma de obter um motor mais compacto, mas mantendo intacta rigidez da estrutura. A embraiagem, alternador e tampas das cabeças são feitas usando uma liga de magnésio fundido, o que mais uma vez destaca a intenção da marca italiana na procura de redução do peso do motor para um valor mínimo, ao mesmo tempo que se garante uma elevada resistência mecânica.
A cambota é assimétrica e montada em rolamentos principais diferenciados, para conter o peso. O equilíbrio do motor é garantido pela presença de dois veios de equilíbrio (um à frente e outro atrás) montados em rolamentos dentro do cárter e controlados por carretos. Os veios também controlam as bombas de água e óleo.
O desenho dos dois veios de equilíbrio, colocados ao lado da cambota, permite que as forças de inércia sejam completamente equilibradas sem apresentarem momentos ou forças não desejadas. Graças a esta solução, este motor monocilíndrico é capaz de funcionar a regimes extremamente elevados mantendo um nível de vibrações que podemos comparar ao de um bicilíndrico em V a 90°.
A transmissão está entregue a uma caixa de seis velocidades com relações de competição, derivada da experiência ganha com a Panigale V4. A primeira velocidade é significativamente mais longa, por forma a permitir ao condutor que use esta relação de caixa nas curvas lentas, explorando a máxima aceleração possível.
Por outro lado, a embraiagem é em banho de óleo com comando hidráulico progressivo, caracterizando-se por uma carga na manete particularmente reduzida, de acordo com a Ducati, e especificamente desenvolvida para oferecer um comportamento intuitivo, modulável ao máximo ao soltar a manete e na gestão do travão-motor. Desta forma a Ducati espera que o motor seja mais fácil de controlar nas entradas em curva em derrapagem.
Por último, mas não menos importante, convém referir que a caixa do Superquadro Mono pode ser equipada com o Ducati Quick Shift (DQS) Up & Down. Nesta aplicação, o DQS é apoiado por um sensor magnético e não pela tradicional célula de carga, uma escolha que foi feita como forma de melhorar a precisão e fiabilidade.
Tendo já revelado os principais aspetos técnicos deste motor, em que modelo é que podemos esperar vir a encontrar o novo Superquadro Mono?
Apesar da apresentação oficial desta novidade estar prevista apenas para o próximo dia 5 de novembro nos canais digitais da marca, a Ducati não tem conseguido evitar que uma moto de desenvolvimento equipada com o monocilíndrico seja apanhada nas sessões de teste em estrada.
Tudo indica que será uma moto ao estilo da Hypermotard, mas teremos de aguardar pelo dia da revelação oficial para conhecermos todos os detalhes desta novidade Ducati para 2024.
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