Moto Estreante João Curva sagra-se vencedor à geral dos Troféus de Naked Bikes

Estreante João Curva sagra-se vencedor à geral dos Troféus de Naked Bikes


Está dada por terminada mais uma fantástica temporada dos Troféus de Naked Bikes, um troféu que integra o Campeonato Nacional de Velocidade (CNV Moto) e inclui diferentes classes e troféus monomarca como a S 1000 R Cup ou a Tuono Cup, animando, e muito, quer o paddock, quer, principalmente, as pistas propriamente ditas.

Num ano em que assistimos a muitas novidades como as classes TNB1 e TNB2 que permitiram a entrada de novas naked, a chegada a tempo inteiro das Triumph Street Triple 765, e quando já se perspetiva o início da uma nova classe TNB3 (mais novidades em breve!), o promotor dos Troféus de Naked Bikes está de parabéns por conseguir trazer para as pistas nacionais mais pilotos.

Como sempre, nesta ronda Estoril IV a animação e espírito de entreajuda entre os pilotos dos Troféus de Naked Bikes foi palavra de ordem, e com o fim da competição à vista, num fim de semana chuvoso, voltámos a ter excelentes corridas, culminando com a consagração do grande vencedor à geral dos TNB, o estreante João Curva (BMW S 1000 R).

Foi um fim de semana para fechar a época e encontrar o vencedor à geral dos TNB, mas também dos TNB2 depois de já se terem encontrado os vencedores da S1000R Cup e da Tuono Cup, nas rondas anteriores.

A meteorologia previa enorme agravamento das condições climatéricas, mas, felizmente, os TNB nunca encontraram chuva nas idas à pista durante os 3 dias desta ronda Estoril IV, e, assim, neste encerramento de época, os TNB voltaram a ter um fantástico fim de semana de corridas, e a serem a competição nacional mais participada do CNV Moto, apesar da ausência da S 1000 R Cup de Nuno Farias (#21) e da Kawasaki Z900 de Marcos Leal (#73). Ausências que foram, no entanto, compensadas pela estreia de Nicolas Therouin (#4) com uma Triumph Street Triple 765.

Com os participantes divididos entre a TNB1 (12 motos) e TNB2 (6 motos), esta última ronda ainda tinha “contas por acertar”.

Faltava encontrar o vencedor à geral dos TNB, numa discussão entre João Curva (BMW S 1000 R #54) e Frédèric Bottoglieri (Triumph Street Triple 765 #11), e encontrar o vencedor das TNB2, pois Romain Bérton (#83) tinha mais do que possibilidades matemáticas de o conseguir.

Também na Tuono Cup o 3º lugar poderia ficar para António Reis (#88) ou Anselmo Vilardebó (#12), enquanto na TNB1 e na S 1000 R Cup tudo estava já decidido desde a ronda anterior conforme a Revista MotoJornal já aqui tinha dado conta em momento oportuno.

A estas decisões ainda em curso, somava-se a expectativa sobre a estreia de Nicolas com uma Street Triple, pois o circuito do Estoril já não lhe era desconhecido e, sendo de Le Mans, estava habituado à chuva. Motivos de interesse não faltavam assim para o encerramento da época.

TNB Estoril IV – Treinos Cronometrados

Depois dos treinos privados de sexta-feira permitirem à caravana dos TNB, redescobrir o circuito, os Cronometrados encontraram a pista molhada, mas com o tempo a prometer que o asfalto secaria ao longo da sessão.

Esta situação lançou alguma “confusão” nos pilotos dos Troféus de Naked Bikes e ajudou a baralhar as opções de pneus e de afinações das motos, produzindo um resultado diferente do habitual, mas sobretudo atirando ao chão a Tuono 1100 do azarado Vilardebó, que inclusivamente acabou mesmo por ter de visitar o hospital onde lhe foi confirmada uma fratura da clavícula.

Esta época foi bastante penalizadora para este piloto, acarinhado por todo o paddock dos TNB

A “pole position” de Bottoglieri com a Street Triple (primeiro dos TNB2 e único a rodar em 2m09s) não foi propriamente uma surpresa, nem a presença de João Curva (primeiro dos TNB1) na linha da frente, com a TLC de Raul Felgueiras que se meteu entre eles mostrando um bom ritmo nestas condições.

Na linha seguinte, a Aprilia Tuono 1100 de Luis Franco (#22) fecha os que rodaram no segundo 10, com a S 1000 R de Ricardo Almeida (#31) a conseguir superar a surpreendente Z900 de Daniel Coelho (#40) que fechou a linha e abriu os tempos no segundo 12.

Atrás destes, qualificou a Street Triple 765 de Cyrille Schertenleib (#74), seguido pela M 1000 R de Paulo Vicente (#62). A Street Triple 765 de Bérton, dividiu a linha seguinte com a S 1000 R de Duarte Amaral (#10).

Na sexta linha, ficou a Suzuki GSX-S1000 de Ricardo Pires (#14) e a S 1000 R de Marco Perez (#49) na frente do estreante Nicolas Therouin, ficando as Tuono 1100 de António Reis (#88) e Miguel Sousa (#5) a fecharem a penúltima linha da grelha de partida.

Infelizmente, Luis Metello em S 1000 R, ao errar na opção de pneus acabou por não se qualificar, podendo, no entanto, apelar para regra do Regulamento do CNV Moto que permite a qualificação dos pilotos que já o demonstraram ser capazes nas rondas anteriores no mesmo circuito, partindo estes do final da grelha de partida.

TNB Estoril IV – Corrida 1

Enquanto o relógio se aproximava da hora de partida, “os céus”, depois de encharcarem a pista, mostravam alguma clemência, e assim o asfalto do circuito do Estoril ia secando, lançando mais dúvidas nos pilotos dos Troféus de Naked Bikes sobre que opções tomar de pneus e afinações para a corrida.

Dúvidas que terminaram nos 15 minutos anteriores à abertura de pista, onde uma leve chuva voltou a molhá-la totalmente!

Já sem dúvidas e com os 26 pilotos (TNB e TLC) alinhados na grelha de partida, os semáforos apagam-se e é a S 1000 R de Ricardo Almeida que faz o “holeshot” na frente da surpreendente Kawasaki Z900 de Daniel Coelho e Frédèric Bottoglieri.

Ainda na primeira volta, a Street Triple de Bottoglieri sobe a segundo e vai atrás de Almeida, mas deita tudo a perder ao cair na parabólica do circuito do Estoril. Felizmente sem consequências de maior, permitindo ao piloto regressar à corrida na última posição, conseguindo terminar em 13º da geral e 4º das TNB2, adiando assim a decisão do vencedor da época para a corrida de domingo.

Ricardo Almeida liderou do princípio ao fim esta primeira corrida dos Troféus de Naked Bikes conseguindo superar a pressão de Paulo Vicente que tinha vindo a ganhar-lhe progressivamente terreno. Uma vitória há muito ambicionada e agora concretizada por este piloto que sofreu bastantes azarares ao longo de 2023.

Atrás das BMW de Almeida e Vicente, Luis Franco leva a sua Aprilia ao terceiro lugar, depois de um breve duelo com Vicente na luta para o segundo lugar. Mas quem faz história é o “rookie” Daniel Coelho que leva a sua Kawasaki a quarto da geral, vencendo entre as TNB2 e dando um passo enorme na luta para o 3º lugar final desta classe, que disputa com a outra Kawasaki de Marcos Leal, que aqui não estava presente.

Mas não foi só este que se destacou, pois, a Aprilia de António Reis consegue a melhor classificação de sempre, ao cruzar a meta em 5º da geral e 2º da Tuono Cup.

Atrás destes, ficaram as BMW de Amaral e Curva que não quiseram arriscar nada nestas condições adversas. Principalmente João Curva, porque sabia que bastava pontuar para conseguir a vitória à geral dos TNB, depois de ter visto o seu adversário principal cair na primeira volta.

A BMW de Marco Perez conseguiu superar as Triumph de Bérton, Schertenleib e Bottoglieri, com Bérton a passar o seu amigo da “french connection” na penúltima volta. Bérton, conseguiu assim reduzir a desvantagem para o líder da classe para apenas 6 pontos, deixando as decisões para a corrida de domingo.

A Suzuki de Ricardo Pires termina um lugar acima da sua qualificação, depois de ter feito um bom arranque e conquistado seis posições na primeira volta. Separado deste pela TLC de Silva, posicionou-se o estreante Nicolas Therouin que superou as restantes TLC.

Uma estreia que o desconhecimento da moto e as condições meteorológicas não favoreceram. Miguel Sousa optou por não terminar a corrida, uma escolha que fez para evitar riscos que o piloto considerou desnecessários.

TNB Estoril IV – Corrida 2

A chuvada que caiu na madrugada e manhã de domingo prometia alterações no horário, ou até mesmo cancelamento da ação em pista, mas “os astros” foram clementes com o CNV Moto. No horário previsto para a Corrida 2 dos Troféus de Naked Bikes a pista ainda se encontrava bastante molhada, mas os pilotos anteciparam que o asfalto iria secar até ao final da corrida.

Nestas condições havia essencialmente duas apostas a fazer: optar por slicks para fazer a diferença no final, correndo muitos riscos nas primeiras voltas, ou manter os pneus de chuva e conseguir o inverso, ou seja, não correr riscos no início e conseguir terminar, sabendo que no final os pneus estariam destruídos.

Como era a última corrida da época e já pouco havia para decidir, todo o paddock dos TNB optou pela segunda opção.

Entretanto, a somar à ausência da Aprilia de Vilardebó e da BMW de Farias, juntaram-se a Aprilia de Miguel Sousa e a BMW de Amaral. Por razões semelhantes às de sábado, a BMW de Luis Metello preferiu também abandonar prematuramente, reduzindo de 18 para 13 as presenças dos TNB na grelha de partida para a corrida de fecho de época.

Assim, com menos estes pilotos, com esta opção unanime de pneus e a estrear a versão 2 do “live streaming” que a FMP brindou o CNV Moto (ver o canal YouTube da FMP), apagados os semáforos a Triumph de Bottoglieri faz o “holeshot”, levando consigo a BMW de João Curva e a Aprilia de Luis Franco.

Estes foram animando a corrida lá na frente, com trocas de posições constantes, tendo os três chegado a liderar a corrida, mas acabando no final por ser João Curva a vencer, fechando com uma vitória uma temporada onde ganhou tudo o que havia para ganhar nos TNB: a S 1000 R Cup, os TNB1 e a geral dos Troféus de Naked Bikes! Um resultado fantástico para o estreante.

Bottoglieri fica na posição seguinte, mas ao vencer entre as TNB2 assegura a vitória na classe que só esteve em risco devido aos vários DNF que foi sofrendo ao longo da época. De realçar o maior número de vitórias conseguidas à geral, o que enfatiza bem a qualidade do piloto francês, mas também da moto e preparação da mesma.

Luis Franco, repete a presença no pódio da véspera, conseguindo assim subir ao pódio por 12 vezes ao longo da época, defendendo bem as cores da Aprilia e confirmando a superioridade entre o plantel da Tuono Cup em 2023.

Atrás deste trio esteve outro animado trio, mas estes só de TNB2, formado pelas Kawasaki de Daniel Coelho e as Triumph de Bérton e Schertenleib. Depois de muitas escaramuças, das quais ainda participou a BMW M 1000 R de Paulo Vicente, mas que depois foi ficando para trás, foi Coelho quem deu o tudo por tudo, conseguindo repetir a quarta posição à geral da véspera! Desta forma, conseguiu roubar o 3º posto da classe a Marco Leal.

Do “braço de ferro” entre Bérton e Schertenleib, foi Bérton quem voltou a ser o mais forte para frustração de Schertenleib. Ambos prometem voltar às pistas e aos Troféus de Naked Bikes na próxima época para tirar a limpo esta batalha muito particular.

Atrás de Paulo Vicente ficaram as seis mais rápidas das TLC, separadas pela BMW de Ricardo Almeida, em 12º, que nesta corrida não conseguiu encontrar as mesmas sensações que lhe deram a vitória na corrida anterior. A Suzuki de Ricardo Pires e a BMW de Marco Perez chegaram depois deste grupo, satisfeitos por terminarem depois de um e outro se terem divertido com as batalhas com as TLC de Machado, Villar, Silva e Capitão.

O estreante Nicolas Therouin consegue desta vez tirar mais proveito da sua Triumph, baixando 12 segundos ao seu melhor tempo por volta, tendo ficado satisfeito com a performance nesta sua estreia nos TNB e prometendo voltar na próxima época.

António Reis decide parar a sua Aprilia à 4ª volta depois de ter rodado em tempos que prometiam igual feito ao conseguido no sábado.

Foi assim um fim de época bem animado, com a intensidade própria das condições típicas desta época do ano, onde se somaram mais umas quantas histórias, com novos protagonistas, algo que só as corridas podem proporcionar.

Nesta derradeira corrida da época, o Professor Rui Ribeiro, Presidente da ANSR, honrou os TNB, ao entregar os prémios nos pódios das classes e dos troféus, tendo também entregue a taça do vencedor à geral no decorrer da habitual cerimónia que a FMP organiza no final de cada época.

Nesta cerimónia, a FMP, com o apoio da Dunlop, premiou os três primeiros da TNB1, da TNB2, da S 1000 R Cup e da Tuono Cup.

Concluída a época, o promotor dos Troféus de Naked Bikes começa já a preparar a nova época que irá trazer novidades no formato, para além de alterações nas opções dos pilotos que pretendem renovar a presença, bem como novas adesões, que prometem tornar 2024 ainda mais interessante que os últimos 8 anos destas iniciativas centradas nas motos naked.

Fotos: Victor Schwantz Barros / FMP

Troféus de Naked Bikes – Classificações finais

Geral TNB

1 – João Curva – BMW S 1000 R – 272 pontos

2 – Frédèric Bottoglieri – Triumph Street Triple 765 – 238 pontos

3 – Paulo Vicente – BMW M 1000 R – 219 pontos

4 – Luis Franco – Aprilia Tuono V4 – 187 pontos

5 – Ricardo Almeida – BMW S 1000 R – 157 pontos

TNB1

1 – João Curva – BMW S 1000 R – 300 pontos

2 – Paulo Vicente – BMW M 1000 R – 262 pontos

3 – Luis Franco – Aprilia Tuono V4 – 211 pontos

4 – Ricardo Almeida – BMW S 1000 R – 189 pontos

5 – Ricardo Pires – Suzuki GSX-S1000 – 146 pontos

TNB2

1 – Frédèric Bottoglieri – Triumph Street Triple 765 – 288 pontos

2 – Romain Berton – Triumph Street Triple 765 – 273 pontos

3 – Daniel Coelho – Kawasaki Z900 – 194 pontos

4 – Marcos Leal – Kawasaki Z900 – 186 pontos

5 – Cyrille Schertenlieb – Triumph Street Triple 765 – 161 pontos

S 1000 R Cup

1 – João Curva – 327 pontos

2 – Ricardo Almeida – 257 pontos

3 – D. Amaral – 125 pontos

Tuono Cup

1 – Luis Franco – 345 pontos

2 – Miguel Sousa – 165 pontos

3 – António Reis – 140 pontos

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