Moto MotoGP 2023 – Prima Pramac responde à Michelin por causa do pneu de Jorge Martin

MotoGP 2023 – Prima Pramac responde à Michelin por causa do pneu de Jorge Martin


O Grande Prémio do Qatar de 2023 da categoria rainha já aconteceu há quase um mês, em meados de novembro. Foi o penúltimo capítulo numa história que terminou com Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) como campeão em Valência na derradeira corrida do ano de MotoGP. Mas foi precisamente nessa ronda disputada no circuito de Losail que Jorge Martin e a Prima Pramac Ducati “apontam” para que o título tenha sido decidido. E tudo por causa do pneu traseiro Michelin na moto de “Martinator”.

O espanhol, que tinha dominado na corrida MotoGP Sprint de sábado, teve depois um domingo para esquecer. Finalizou a corrida principal do Grande Prémio do Qatar em 10º e viu Bagnaia ser2º, ganhando-lhe muitos pontos na luta pelo título.

Jorge Martin, de imediato e ainda a quente após a corrida no Qatar, apontou o dedo ao pneu traseiro Michelin, referindo inclusivamente que o título ficava decidido por causa disso.

A Michelin, através do seu responsável máximo para o desporto motorizado, Piero Taramasso, viria depois, conforme a Revista MotoJornal aqui deu conta, a refutar as acusações de que aquele pneu em específico tenha sido a causa da má performance de Martin no Qatar, e que as análises realizadas ao pneu, mas também a todo o processo de fabrico e transporte, indicavam que tudo estava bem com a borracha francesa.

Para Taramasso e para a Michelin, tudo não passou de coisas que acontecem na competição, com o fabricante de pneus a referir-se à forma como o piloto pilotou depois de errar no arranque (deixou a moto derrapar), e também apontou o dedo ao “setup” que a Prima Pramac Ducati escolheu para aquela corrida em Losail.

Agora, e passado quase um mês dessa corrida, e em resposta às declarações de Piero Taramasso ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport, chega a vez da Prima Pramac Ducati defender a sua posição, mantendo-se firme na ideia que o pneu terá sido a causa da má performance de Jorge Martin, e, em última análise, poderá ter sido um pneu Michelin supostamente defeituoso a interferir na luta pelo título ao contrário do que diz a marca francesa.

E quem decide responder à Michelin é Gino Borsoi, da Prima Pramac Ducati. O diretor desportivo da equipa liderada por Paolo Campinoti, concedeu uma entrevista ao jornal espanhol AS.

Nessa entrevista, para além de outros temas abordados, Borsoi volta a falar no tema do pneu Michelin de Martin, e explica que até agora a equipa continua à espera dos resultados da análise mais profunda ao pneu, análise essa que tinha sido prometida pela Michelin.

“Uma análise foi realizada pela Pramac e pela Ducati. O que emergiu dessa análise, em termos de afinações e pilotagem, foi que não houve erros nem problemas”, começou por referir Gino Borsoi, antes de focar a sua atenção em Piero Taramasso e nas declarações que tinha concedido há poucos dias ao La Gazzetta dello Sport.

“Quero acreditar que ele (Taramasso) não está a apontar diretamente o dedo ao Jorge Martin, porque ele é uma pessoa inteligente, e ele não está a dizer que o Martin não fez bem o seu trabalho”, referindo-se à pilotagem do piloto espanhol. “Quero enfatizar isto, mas também tenho de dizer que, até agora, continuamos à espera da reposta da Michelin com a análise mais completa (ao pneu). Um mês depois da corrida e ainda estamos à espera”, uma declaração que não combina com o que foi dito por Piero Taramasso, que garantiu, antes destas declarações de Gino Borsoi, que essa análise mais profunda ao pneu estava feita.

Isto poderia dar força a algumas das chamadas “teorias da conspiração” de que a Michelin deu vantagem a Francesco Bagnaia para conquistar o título. Porém, Gino Borsoi não entra por esse caminho e refuta essa ideia de que a marca francesa fez alguma coisa com o intuito de beneficiar Bagnaia:

“Não acreditamos (a Pramac) que tenha sido, de todo, uma conspiração. Pensamos que foi um domingo infeliz depois de um sábado espetacular, e é isso. São corridas”.

Mas então o que se passou com Jorge Martin e a sua Ducati Desmosedici GP23 para que de um dia para o outro a performance fosse tão diferente? Má afinação da moto, erros do piloto em pista, ou terá sido mesmo o pneu Michelin defeituoso?

Para tentar compreender o que aconteceu naquela corrida de MotoGP, até como forma de tentar evitar que possíveis situações semelhantes se repitam no futuro, a Prima Pramac uniu-se à Ducati Corse imediatamente a seguir ao Grande Prémio do Qatar para analisarem o que aconteceu, criando uma equipa “task force” especial.

De acordo com Gino Borsoi, que conta o que aconteceu nos dias seguintes ao domingo no circuito de Losail, “Dall’Igna ficou encarregue dessa equipa, de forma a analisarem a moto e o pneu. Houve uma reunião na quinta-feira em Valência (antes do GP da Comunidade Valenciana) onde a Michelin estava presente, e a conclusão foi de que a moto não foi a culpada, que a temperatura do pneu à partida era melhor do que no dia anterior, com mais quatro graus Celsius, e que a pilotagem do Jorge Martin não foi o problema, com a mesma utilização de acelerador e de embraiagem como no dia anterior. Gostaria de salientar que o Jorge sempre foi dos melhores pilotos Ducati no arranque, e penso que ele não se esqueceu de como pilotar naquele domingo”.

A verdade é que mesmo com todas estas trocas de argumentos, quer da parte da Michelin, quer da parte da Prima Pramac em defesa do seu piloto Jorge Martin, o título de 2023 de MotoGP está decidido e entregue a Francesco Bagnaia.

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