Foi, muito provavelmente, a melhor corrida a que assistimos até agora nesta temporada 2024 de MotoGP. O “prato principal” do fim de semana de Grande Prémio das Américas foi uma corrida intensa, emotiva, e com muitas ultrapassagens e quedas. Tudo isto condimentos que deixaram os fãs sempre em pé, na expectativa de perceber quem seria o vencedor no Circuito das Américas na categoria rainha.
Nestas 20 voltas que assinalaram o fim da ação em pista no longo e ondulante traçado texano, o primeiro momento de suspense aconteceu logo no arranque, quando Maverick Viñales (Aprilia Racing), errou no arranque e sofreu um problema na embraiagem da sua Aprilia RS-GP24, sendo imediatamente engolido pelo pelotão de MotoGP e descendo de 1º a 9º.
O que se perspetivava como sendo um fim de semana perfeito para Maverick Viñales, que neste GP das Américas trocou a alcunha de ‘Top Gun’ por ‘Batman’, estava a transformar-se num pesadelo.
Com isto, quem beneficiou foi Pedro Acosta.
O jovem espanhol e “rookie” da Red Bull GasGas Tech3 fez um arranque perfeito e saltou de imediato para a liderança da corrida na chegada à primeira curva. Aliás, essa travagem acabou por ditar uma grande confusão no meio do pelotão, pois um ataque forte de Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) na tentativa de ganhar muitas posições, obrigou os pilotos atrás de si a travarem mais forte do que previam.
Com a confusão, o piloto português Miguel Oliveira (Trackhouse Racing) viria a cair para 17º logo na primeira curva, iniciando da pior forma a corrida principal do GP das Américas, uma corrida em que tinha ambições de fazer um “Top 10” e oferecer à Trackhouse Racing um bom resultado na corrida de casa da equipa americana.
Lá na frente não havia momento para ninguém descansar.
Jorge Martin, que, entretanto, estava a rodar em segundo, ia procurando todas as formas de passar por Pedro Acosta, com o “rookie” a defender-se como se fosse um piloto já com muitos anos de MotoGP. Os ataques iam acontecendo quase a cada curva, mas ‘El Tiburon’ e a sua GasGas RC16 estavam de pedra e cal na liderança do GP das Américas.
Foi necessário esperar pela quarta volta para ver Martin conseguir consumar a ultrapassagem a Acosta.
Nesse mesmo momento, Marc Márquez (Gresini Racing) também aproveita para ascender a 3º por troca com Francesco Bagnaia, que tinha também o seu companheiro de equipa da Ducati Lenovo Team, Enea Bastianini, muito perto.
Mais para trás, Miguel Oliveira desta feita conseguia realizar bastantes ultrapassagens.
Depois do momento menos bom na primeira curva, o piloto português e a sua Aprilia #88 chegaram a rodar em 12º e o “Top 10” estava então ao alcance. Porém, e no momento em que Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati) caiu, uma das muitas quedas que aconteceram este domingo em MotoGP, Miguel Oliveira desceu a 16º, e voltou a ter de fazer todo o esforço de ascender na classificação.
Apesar de não existirem informações ou imagens que permitam perceber o que aconteceu para a perda repentina de muitas posições, podemos especular que essa descida na classificação se deveu à queda de Morbidelli. Teremos de aguardar pelas explicações do Miguel Oliveira para perceber todos os detalhes.
À 8ª volta já o piloto português estava novamente a rodar em 12º, atrás do seu companheiro de equipa Raul Fernandez, com o espanhol a subir a 10º por troca com Jack Miller (Red Bull KTM Factory), e Miguel Oliveira não desperdiçou a oportunidade para fazer o mesmo e assim subiu a 11º na passagem da 15ª volta.
Daí e até à bandeira de xadrez, Miguel Oliveira foi rodando atrás de Raul Fernandez, conseguindo assim somar 5 pontos para a sua conta pessoal, estando em 14º na classificação do campeonato após três rondas disputadas, somando um total de 13 pontos.
De regresso à frente da corrida, e quando se pensava que Jorge Martin estava confortável com a liderança e rumo a mais uma vitória, o líder do campeonato apresentou dificuldades inesperadas. E com isso foi atacado por Marc Márquez na última curva, com os dois a chegarem a tocar-se. O piloto da Gresini Racing viria a descer a 4º nesse toque, enquanto Martin manteve a liderança.
Aproveitando esta confusão, Bagnaia assume o 2º lugar e leva consigo Pedro Acosta, que depois de uns momentos de maior dificuldade para manter as posições, voltava a estar ao seu melhor nível.
Na 7ª volta, Pedro Acosta, numa travagem no limite dos limites, consegue passar o campeão de MotoGP na curva 1, e a partir daí parte à “caça” de Martin. Mais atrás era Marc Márquez que estava em modo de ataque, voltando a colar-se aos lugares de pódio. Primeiro o oito vezes campeão do mundo passou pelo bicampeão Bagnaia, num momento mais “quente”, e que, inclusivamente, pareceu que os dois se tocaram.
Marc Márquez não tinha terminado o seu ataque à liderança, e depois de chegar ao pódio esperou até à 11ª volta deste GP das Américas para subir mesmo a primeiro na classificação, já depois de Acosta ter conseguido passar Martin.
Nesse momento parecia que o piloto da Gresini Racing estava agora a caminho de uma nova vitória no Circuito das Américas, com Pedro Acosta a rodar em 2º e com Jorge Martin em maiores dificuldades a tentar salvar o 3º lugar.
Mas a história desta corrida de MotoGP não estava ainda fechada.
Ainda nessa volta, e segundos depois de Alex Márquez deixar a Gresini reduzida a uma moto em pista, foi a vez de Marc Márquez sentir o amargo sabor do asfalto texano, caiu e abandonou quando estava em primeiro. Pedro Acosta, o estreante, estava assim novamente em primeiro e com alguma margem de vantagem para gerir para os perseguidores.
E nesse grupo de perseguidores já estava Maverick Viñales. O piloto da Aprilia Racing, em modo de recuperação depois do erro com a embraiagem no arranque, foi recuperando posições, e a revelar uma performance inacreditável, acabou mesmo por chegar aos lugares de pódio passando pelas duas Ducati de fábrica sem grandes contemplações.
‘Batman’ Viñales não parou por aí.
Martin foi também uma vítima fácil para o vencedor da corrida Sprint de sábado, que por esta altura já imaginava subir novamente ao degrau mais alto do pódio neste domingo de Grande Prémio das Américas. A rodar em 2º depois de “despachar” o líder do campeonato, o espanhol e a sua Aprilia RS-GP24 continuaram a carregar no ritmo, e rapidamente chegaram à traseira de Pedro Acosta.
No final da 13ª volta Maverick Viñales colocou-se em primeiro por troca com Pedro Acosta, e a partir daí não mais olhou para trás rumo a uma vitória incrível e que o coloca nos registos históricos de MotoGP.
Para além de completar um fim de semana perfeito (“pole position”, recorde absoluto do circuito, recorde de volta em corrida, vitória na Sprint e vitória no GP), Maverick Viñales, que já não vencia desde o Qatar em 2021, torna-se no primeiro piloto a vencer um Grande Prémio por três fabricantes diferentes na era MotoGP: Suzuki, Yamaha e agora com a Aprilia.
Atrás do piloto Aprilia terminou Pedro Acosta.
O novato nestas andanças continua a surpreender os mais distraídos, e depois de conseguir subir ao pódio pela primeira vez em MotoGP no GP de Portugal, depois de se estrear na primeira fila da grelha de partida nas Américas, consegue o seu melhor resultado até agora, o 2º lugar, e torna-se com isso no piloto mais jovem de sempre a conseguir dois pódios consecutivos em MotoGP.
Refira-se que Acosta está a eclipsar por completo os pilotos de fábrica da KTM, que desta feita ficaram bastante longe dos lugares cimeiros, em particular Brad Binder.
E o terceiro lugar neste Grande Prémio das Américas também ficou decidido apenas no final.
Jorge Martin estava com claros problemas de aderência nos pneus da sua Ducati, travava no limite para compensar, mas não teve argumentos para se defender do ataque de Enea Bastianini, que depois de passar por Bagnaia, numa manobra mais “musculada”, não desperdiçou a oportunidade para fechar este fim de semana com mais um pódio na temporada 2024, e assim subir à vice-liderança do campeonato que tem ainda Jorge Martin como líder.
Resultados do Grande Prémio das Américas de MotoGP
1 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
2 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
3 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
4 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
5 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
6 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
7 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
8 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
9 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
10 – Raul Fernandez (Trackhouse Racing)
11 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
1 – Jorge Martin 80 pontos
2 – Enea Bastianini 59 pontos
3 – Maverick Viñales 56 pontos
4 – Pedro Acosta 54 pontos
5 – Francesco Bagnaia 50 pontos
6 – Brad Binder 49 pontos
7 – Aleix Espargaró 39 pontos
8 – Marc Márquez 36 pontos
9 – Fabio di Giannantonio 25 pontos
10 – Jack Miller 22 pontos
14 – Miguel Oliveira 13 pontos
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