Moto Aprilia – Uma história do culto da competição

Aprilia – Uma história do culto da competição


Foi imediatamente após o fim da II Guerra Mundial que, em 1945, nasceu a Aprilia correspondendo assim aos desejos de Alberto Beggio. Nos primeiros anos de vida a marca de Noale dedicou-se ao fabrico de bicicletas, mas quando em 1968 o seu filho, Ivano Beggio, tomou conta dos destinos da empresa, vimos finalmente nascer a primeira moto da Aprilia.

De então para cá, a história da Aprilia faz-se de muitos sucessos, alguns períodos menos positivos, mas sempre com o foco de disponibilizar aos motociclistas em todo o mundo motos altamente evoluídas.

Essas motos que atualmente podemos comprar nos concessionários são o resultado direto dos projetos desportivos da Aprilia nos mais diversos campeonatos, em particular nos Grandes Prémios e MotoGP, e, claro, no Mundial Superbike.

Por isso, e num momento em que a Aprilia Racing está a viver bons resultados na categoria rainha, e poucos dias depois da casa de Noale ter revelado ao mundo a edição especial RSV4 Factory SE-09 SBK que celebra a primeira vitória da superdesportiva V4 no Mundial Superbike, em 2009, vamos revisitar a história do culto da competição desta marca icónica.

E este culto pela competição que reconhecemos na Aprilia não é, na verdade, muito diferente dos restantes fabricantes de motos. O desejo comum a todos é simples: ser melhor e mais rápido do que os rivais!

Desde que nasceu até conquistar o seu primeiro título mundial, por intermédio do piloto Alessandro Gramigni em 125 cc no ano de 1992, a superioridade e a procura pela excelência no seio da casa de Noale nunca foi colocada em causa, em particular no que diz respeito aos campeonatos de 125 e 250 cc em Grandes Prémios.

Essa procura pela excelência e culto pela competição permitiu à marca italiana somar, até agora, 298 vitórias em Grandes Prémios (contando com vitórias em todas as categorias), às quais temos ainda de somar 121 pódios em Superbike sendo que as últimas 44 vitórias da Aprilia em SBK se devem à performance arrebatadora da RSV4.

Mas foi longe dos circuitos de asfalto que a Aprilia se lançou na competição.

A primeira participação da marca no mundo da competição internacional aconteceu em 1976 quando competiram no Mundial de Motocross na classe de 125 cc. Como melhor resultado a Aprilia terminou o campeonato de 1979 em 5º, com o piloto Corrado Maddi. Depois disso, o foco do departamento de competição da marca liderada por Ivano Beggio focou-se nas corridas de velocidade.

A primeira vitória em corridas no Mundial de Velocidade aconteceu a 30 de agosto de 1987, quando Loris Reggiani e a sua Aprilia AF1 250 conquistaram a vitória no Grande Prémio de São Marino.

O sucesso foi replicado tanto nas 250 como nas 125 cc. Vitórias e títulos alegraram os responsáveis da marca e da Aprilia Racing, que continuou sempre a ser de dimensão “pequena” quando comparada com departamentos de competição de outros fabricantes.

Ao invés, a presença da Aprilia nas 500 cc de Grande Prémio não foi tão bem-sucedida.

Começaram por tentar usar o motor V2 de 250 cc “encorpado” para 380 cc em 1994. A ideia da marca era aproveitar a leveza e agilidade da sua moto de menor cilindrada frente às “pesadas” V4 da concorrência. O motor viria a crescer para os 430 cc, e o melhor resultado foi obtido por Doriano Romboni (3º lugar) no Grande Prémio dos Países Baixos (então Holanda).

Depois veio uma nova era. A Aprilia RS Cube.

Este protótipo nasceu para competir em 2002, e foi utilizado na categoria rainha do Mundial de Velocidade até 2004. Durante o seu curto período de vida, a RS Cube não obteve grandes sucessos em pista, pese embora utilizasse um motor tricilíndrico desenvolvido pela Cosworth com um grande “input” do mundo da Fórmula 1.

Muito potente, até em demasia para poder ser controlado pelos pilotos que se arriscaram a pilotar a RS Cube, este motor pode não ter ajudado o protótipo da Aprilia a vencer. Mas o projeto não foi totalmente um fracasso, pois permitiu à marca italiana desenvolver tecnologias como acelerador eletrónico “ride by wire” ou até mesmo as válvulas pneumáticas.

A Aprilia viria a regressar ao MotoGP em 2012, aproveitando os regulamentos Claiming Rule Team (CRT), que permitiam a utilização de um motor derivado de motos de série para competir em MotoGP frente aos protótipos “puros”. O motor V4 da RSV4 rapidamente mostrou as suas capacidades, e em 2012 e 2013 a Aprilia ART provou ser a melhor moto em MotoGP dentro da classe das CRT.

Depois chegou o momento de dar o passo seguinte no projeto. E em 2015 a Aprilia Racing iniciou uma parceria com a Gresini Racing de Fausto Gresini. Estava assim formada uma equipa independente, mas com um forte apoio da fábrica de Noale.

Em 2022 a Aprilia Racing despediu-se da Gresini Racing como parceiro em MotoGP, e iniciou-se como equipa de fábrica. A RS-GP passou por diversos momentos de evolução, até que em 2022 o piloto espanhol Aleix Espargaró venceu o Grande Prémio da Argentina de MotoGP. Foi a primeira vitória em MotoGP.

Depois disso venceu mais duas vezes, mas já em 2023. E agora em 2024 foi a vez de Maverick Viñales levar a RS-GP24 ao lugar mais alto do pódio, vencendo o Grande Prémio das Américas.

Refira-se que em MotoGP, e desde 2023, a Aprilia tem uma equipa satélite. Inicialmente foi a RNF de Razlan Razali, e desde 2024 é a Trackhouse Racing de Justin Marks. Em ambas o piloto português Miguel Oliveira é um dos destaques defendendo as cores da marca italiana ao mais alto nível.

Se em MotoGP as coisas estão bem encaminhadas para a Aprilia, também convém não esquecer a relevância que as motos de Noale tiveram na história do Mundial Superbike.

A aventura da Aprilia em SBK iniciou-se em 1999 com a participação de uma versão especial de homologação da desportiva RSV Mille de motor V2. Esta moto manteve-se em atividade até final da temporada 2004, tendo competido com a Aprilia durante este período pilotos como Troy Corser, Colin Edwards ou Noriyuki Haga.

Em 2001 chegaram os maiores sucessos com duas vitórias do australiano Troy Corser e uma do francês Regis Laconi, oito pódios e três Superpole.

Depois chegou o momento do “click” em termos de resultados e títulos. Em 2008 a Aprilia revelou a superdesportiva RSV4, cujo motor, como sabemos e como o próprio nome da moto indica, abandonou a configuração V2 e passou a V4. Este motor foi originalmente desenvolvido para competir em MotoGP, mas no último momento a marca italiana decidiu seguir o caminho das Superbike.

A estreia da RSV4 neste campeonato de motos derivadas de modelos de produção em série foi na temporada 2009, com Max Biaggi como a sua principal estrela. O quatro vezes campeão mundial de 250 cc não precisou de muito tempo para começar a vencer, e a 26 de julho de 2009, no circuito de Brno festejou a vitória.

A essa vitória em corrida seguiu-se o primeiro título nas SBK por Max Biaggi em 2010, que repetiu em 2012, tal como aconteceu com o francês Sylvain Guintoli em 2015.

A partir desse ano a Aprilia Racing focou as suas atenções em MotoGP, e o projeto da RSV4 deixou de ser tão apoiado como até então. Na verdade, a RSV4 viria a deixar de usar o motor de 999 cc passando para 1100 cc, e por isso tornando-se impossível de a usar nas SBK.

Em termos de títulos, a Aprilia conquistou também quatro títulos de construtores em SBK: 2010, 2012, 2013 e 2014.

Com as motos de Noale venceram quase todos os pilotos que fizeram história no motociclismo mundial durante as últimas décadas: nomes ilustres como os de Max Biaggi (quatro títulos mundiais com Aprilia 250 de 1994 a 1997), Loris Capirossi (campeão do mundo de 250 em 1998), Valentino Rossi (campeão do mundo de 125 em 1997 e de 250 em 1999), Jorge Lorenzo (campeão mundial de 250 em 2006 e 2007), Casey Stoner (vice-campeão de 250 em 2005), Arnaud Vincent (125), Manuel Poggiali (125), Marco Simoncelli (250 com a Gilera, moto que na verdade era uma Aprilia), Álvaro Bautista (125), entre muitos outros pilotos que se destacaram em diversos campeonatos.

Em 2004, e para além de nesse ano ter passado a integrar o grupo Piaggio, em termos desportivos a Aprilia regressou ao “off road” de competição, nomeadamente ao Mundial Supermoto.

De imediato conquistou o título em S2 com a revolucionária SXV 4.5. Este título tem um grande significado, pois foi o primeiro da marca italiana com um motor a 4 tempos.

A história do culto da competição da Aprilia não ficará por aqui, certamente. Até ao momento os registos assinalam 54 títulos mundiais conquistados, 38 títulos no Mundial de Velocidade, 7 títulos no Mundial Superbike e outros 9 títulos em disciplinas do “off road”. Com 298 vitórias, é o fabricante europeu com maior número de vitórias nos Grandes Prémios.

Tudo isto que acontece em pista, nomeadamente a evolução tecnológica, acaba por ser transportada para as motos de estrada.

Recordamos que a Aprilia foi a primeira marca a disponibilizar acelerador “ride by wire” numa moto de estrada, e o seu pacote eletrónico aPRC da RSV4 elevou o patamar das ajudas eletrónicas que estavam disponíveis aos comuns motociclistas e não apenas aos pilotos profissionais.

A RSV4 foi também a primeira moto de produção em série a ser comercializada com as famosas asas aerodinâmicas, então uma novidade em MotoGP, e que hoje em dia vemos em muitas motos de estrada dos mais diversos fabricantes.

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