A “fiesta” do MotoGP na Andaluzia teve na tarde deste sábado o seu primeiro grande momento, com a realização da corrida Sprint da categoria rainha, a contar para o Grande Prémio de Espanha. Ao contrário da qualificação que aconteceu com asfalto molhado, a corrida Sprint de MotoGP desta quarta ronda da temporada 2024 aconteceu com piso seco, embora com algumas pequenas zonas de asfalto ainda bastante húmido.
Com estas condições, todos os pilotos que alinharam para esta corrida curta de 12 voltas ao circuito Jerez Ángel Nieto optaram por equipar as suas motos com pneus Michelin slick de composto médio / macio.
Assim que os semáforos apagaram, foi Brad Binder (Red Bull KTM Factory) que saltou de imediato para a liderança, e nos primeiros momentos da corrida Sprint do Grande Prémio de Espanha beneficiou das batalhas atrás de si para rodar com alguma margem de segurança para os perseguidores.
No meio do pelotão da categoria rainha o português Miguel Oliveira (Trackhouse Racing), que arrancou de 14º na grelha de partida, viu-se, naturalmente, envolvido nas habituais confusões das primeiras curvas. O piloto da equipa satélite da Aprilia desceu até 19º, mas a partir da segunda volta iniciou então a sua recuperação na classificação.
Na frente da corrida, e ainda na primeira volta, Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) não queria perder tempo e rapidamente assumiu a liderança por troca com Brad Binder, com o sul-africano então a ficar à mercê também dos pilotos Gresini Racing, com Marc Márquez a rodar na frente do seu irmão Alex.
Marc Márquez, de regresso à sua melhor forma, mas também ao seu estilo mais agressivo de pilotar e batalhar por posição, passou por Binder numa manobra mais física, deixando o piloto da KTM sem argumentos para responder a esse ataque.
Mas Binder não desistiu, e na curva 13, a última curva do circuito Jerez Ángel Nieto, tentou recuperar a posição numa manobra tantas vezes vista noutros anos. Os dois acabaram mesmo por se tocar, e com isso quem beneficiou foi mesmo Alex Márquez que assumiu a segunda posição, com Marc a prosseguir em 3º.
No meio desta confusão, Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) tinha então vontade de ascender na classificação, mas nesse momento estava em luta direta com Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46). Os dois italianos acabariam mesmo por se ver envolvidos num incidente de corrida na discussão de trajetória na curva 1, no início da terceira volta desta Sprint de MotoGP.
Bezzecchi estava na frente, Bagnaia tentou “cruzar” trajetórias e sair melhor do que o compatriota, mas, vindo de trás, Brad Binder encontrou um pequeno espaço livre para meter a sua KTM RC16 na trajetória mais interior e junto ao corretor do traçado andaluz.
Nesta discussão de trajetórias deixou de existir espaço para três pilotos, e quem viria a ficar pior seria o bicampeão da Ducati. Bagnaia ficou “ensanduichado” entre Bezzecchi e Binder, e como resultado dos toques acabaria mesmo por não evitar a queda dando por terminada a sua corrida na escapatória da curva 1.
Mais atrás já tínhamos Miguel Oliveira a rodar em 15º envolvido então numa batalha direta com Joan Mir (Repsol Honda), tendo os dois trocado de posição algumas vezes.
De regresso ao topo da corrida, Jorge Martin continuava isolado na liderança aos comandos da sua Ducati Desmosedici GP24 da Prima Pramac.
Porém, e depois de ter passado pelo seu irmão Alex, já vinha um decidido Marc Márquez com a Ducati GP23 da Gresini Racing. O oito vezes campeão do mundo estava a rodar mais rápido do que o ‘Martinator’, e setor a setor, volta após volta, o #93 estava cada vez mais perto de Martin e da primeira posição.
Na sétima volta, e quando a diferença entre ambos estava em meio segundo, um erro de Jorge Martin na trajetória da rápida curva 7 deixou-o à mercê de um ataque de Marc Márquez. O piloto da Gresini Racing não deixou escapar o momento, e duas curvas depois, perante milhares de fãs nas bancadas, consumou mesmo a ultrapassagem e subiu assim a primeiro nesta corrida Sprint do Grande Prémio de Espanha.
E foi a partir daqui que assistimos a um verdadeiro festival de quedas como há muito não se via. E com isso a classificação foi-se alterando por completo quase a cada curva.
Alex Márquez, que estava em 3º, Brad Binder em 4º e Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team) que estava em 5º, todos caíram em simultâneo na longa e rápida direita que dá acesso à reta posterior do circuito Jerez Ángel Nieto.
Isto permitiu a Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3) assumir a terceira posição isolada, com Maverick Viñales (Aprilia Racing), que até então tinha estado muito discreto, a rodar em 4º.
Também a liderança mudou de dono. Tudo porque Marc Márquez, tal como tinha acontecido há duas semanas nas Américas, estava confortável na liderança e parecia ter a vitória assegurada, pois em todos os setores estava a ganhar tempo a Martin.
Porém, uma queda, precisamente na zona em que tinha assumido a liderança, ao perder a frente da sua Ducati, deixou o #93 na gravilha e a ver no asfalto Jorge Martin e restantes pilotos passarem a toda a velocidade.
Marc Márquez viria a regressar à pista e, ao seu estilo, tentou a todo o custo ganhar as posições perdidas, levando aos já conhecidos exageros na discussão por posição.
Estas quedas naturalmente permitiram a Miguel Oliveira também tirar daí benefício, e o piloto português estava então a rodar em 11º, já com a “mira” apontada aos pontos. Mas teria ainda de conquistar mais duas posições antes da bandeira de xadrez para isso acontecer.
A três voltas do fim das 12 voltas previstas para a corrida Sprint de MotoGP, foi a vez de Maverick Viñales não evitar uma queda quando estava no pódio. Essa queda permitiu que Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), que tinha partido da 23ª posição na grelha de partida e estava a realizar uma corrida em crescendo, ocupasse então o último lugar do pódio!
Quartararo tinha então subido nada menos do que 20 posições desde o arranque.
Em primeiro, e isolado com mais de três segundos de vantagem, Jorge Martin controlou a corrida Sprint até ao fim, logrando mais uma vitória nesta temporada 2024 de MotoGP, e beneficiou claramente das quedas dos seus rivais mais diretos para reforçar a sua liderança na classificação de pilotos.
Atrás do piloto da Prima Pramac, era Pedro Acosta quem geria o segundo lugar.
O “rookie” da GasGas Tech3 não cometeu erros até final, cruzou a meta em 2º, e com isto estreou-se no pódio de uma corrida Sprint, ele que já tinha estado no pódio nas rondas anteriores, mas nas corridas principais de GP. Desta forma, ‘El Tiburon’ consegue mesmo destacar-se na classificação de pilotos de MotoGP, e termina o segundo dia do Grande Prémio de Espanha a subir a segundo no campeonato!
O pódio ficou completo com a presença do francês Fabio Quartararo, que leva a Yamaha YZR-M1 ao pódio numa corrida caótica. ‘El Diablo’ foi hoje o exemplo da perseverança e daquela velha máxima das corridas de que “Para ganhar, primeiro é preciso terminar”. Um 3º lugar muito saboroso para a Yamaha, num momento deveras complicado para a marca japonesa.
Atualização:
Já depois de terminada a corrida Sprint, foi anunciado que Fabio Quartararo competiu com a pressão demasiado baixa nos pneus da sua Yamaha M1.
O piloto francês foi assim penalizado com 8 segundos acrescentados ao seu tempo final, o que permite a Dani Pedrosa, o piloto de testes e “wildcard” da KTM nesta ronda espanhola, ascender ao 3º lugar!
Esta é a primeira vez que Dani Pedrosa sobe a um pódio numa corrida Sprint de MotoGP.
Com os três primeiros tranquilos e a fecharem a sua corrida Sprint, o nosso interesse centrou-se então no resultado de Miguel Oliveira.
O português da Trackhouse Racing conseguiu estar em 10º a duas voltas do final, e chegou mesmo a subir a 8º quando, ao seu melhor estilo, Marc Márquez ataca o seu antigo companheiro de equipa Joan Mir (Repsol Honda) na travagem para a curva 13 de Jerez Ángel Nieto. Os dois espanhóis tocaram-se, embora sem queda. Mas a Direção de Corrida viria a considerar esse momento como um excesso do oito vezes campeão mundial.
Marc Márquez conseguiu passar por Miguel Oliveira pouco depois desse momento, mas foi penalizado pela sua manobra sobre Mir, tendo de ceder uma posição em pista. Márquez cumpriu de imediato a penalização, promovendo então Miguel Oliveira novamente a 8º. Mas os dois não ficaram muito distantes um do outro, pelo que o português viria a sofrer, já quase com a meta à vista, um derradeiro ataque do piloto da Gresini Racing.
Foi mais uma manobra bastante musculada por parte de Marc, que obrigou Miguel Oliveira a alargar bastante a sua trajetória, e que terminou com o espanhol a subir a 7º, deixando o português sem argumentos para contra-atacar, tendo visto mesmo Augusto Fernandez (Red Bull GasGas Tech3) a conseguir assumir o 8º lugar.
Isto significou que o português #88 da Trackhouse Racing cruzou a meta em 9º, conseguindo assim pontuar pela primeira vez numa corrida Sprint de MotoGP nesta temporada 2024 de MotoGP.
Aguardamos agora pelas declarações de Miguel Oliveira em reação à sua performance nesta corrida Sprint que fechou o segundo dia do Grande Prémio de Espanha.
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Resultados da corrida Sprint de MotoGP do Grande Prémio de Espanha * resultado atualizado
1 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
2 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
3 – Dani Pedrosa (Red Bull KTM Factory)
4 – Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati)
5 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
6 – Raul Fernandez (Trackhouse Racing)
7 – Marc Márquez (Gresini Racing)
8 – Augusto Fernandez (Red Bull GasGas Tech3)
9 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
10 – Joan Mir (Repsol Honda)
Classificação de pilotos de MotoGP após o GP de Espanha * atualizada
1 – Jorge Martin – 92 pontos
2 – Pedro Acosta – 63 pontos
3 – Enea Bastianini – 59 pontos
4 – Maverick Viñales – 56 pontos
5 – Francesco Bagnaia – 50 pontos
6 – Brad Binder – 49 pontos
7 – Marc Márquez – 39 pontos
8 – Aleix Espargaró – 39 pontos
9 – Fabio di Giannantonio – 25 pontos
10 – Fabio Quartararo – 24 pontos
14 – Miguel Oliveira – 14 pontos
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