Foram 25 voltas de alta intensidade, de emoções à flor da pele, com incerteza sobre a classificação final e com uma grande “fiesta” nas bancadas do circuito Jerez Ángel Nieto. Na festa do MotoGP no Grande Prémio de Espanha, tivemos um pouco de tudo e em particular grandes batalhas em pista, com os pilotos da categoria rainha a darem tudo por tudo.
Desta feita com o asfalto do traçado espanhol a apresentar-se totalmente seco, os pilotos de MotoGP optaram por equipar as suas motos com pneus Michelin de composto médio em ambas as rodas.
Desta feita o pneu macio ficou guardado, até porque a corrida principal do Grande Prémio de Espanha de MotoGP tinha um total de 25 voltas em vez das 12 da corrida Sprint, obrigando a uma gestão cuidada do desgaste dos pneus para garantir um final de corrida dentro do ritmo.
Quando os semáforos se apagaram dando início à corrida principal desta quarta ronda da temporada 2024 de MotoGP, foi Marc Márquez (Gresini Racing) a saltar da “pole position” para manter a liderança. O espanhol, que no dia anterior tinha estado em evidência, hoje queria concretizar o seu bom ritmo com um grande resultado e perante os milhares de fãs nas bancadas.
Refira-se que, de acordo com a organização, ao longo dos três dias do GP de Espanha estiveram no circuito Jerez Ángel Nieto nada menos do que 296.741 pessoas! Um novo recorde para o evento.
De volta à pista, e com muitas batalhas pelas primeiras posições, desta vez vimos Miguel Oliveira (Trackhouse Racing) a conseguir um excelente arranque da 14ª posição na grelha de partida. O piloto português não perdeu muito tempo a ascender até 8º, evitando com mestria ficar envolvido nos habituais toques no meio do pelotão e que podem deitar tudo a perder numa corrida tão importante.
Em sentido contrário vimos Pedro Acosta. O “rookie” da Red Bull GasGas Tech3, talvez ainda afetado pela aparatosa queda no Warm Up desta manhã, arrancou de 10º, mas acabou por descer consideravelmente na classificação passando a rodar em 19º, tendo sido afetado também por um momento mais musculado de Johann Zarco (Castrol LCR Honda) na curva 5, o que o fez perder muito tempo, mas sem cair.
Ainda no final da primeira volta, Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) concretiza a ultrapassagem a Marc Márquez, assumindo a liderança do GP de Espanha.
O piloto da Gresini Racing não tinha descanso, e depois de ver Bagnaia passar, via também Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) a fazer o mesmo na chegada à curva 1 no início da segunda volta. ‘Martinator’ estava em modo predador, não queria deixar o bicampeão fugir na frente da corrida, e rapidamente passou ao ataque à liderança.
Bagnaia errou na curva 13 a fechar a segunda volta, deixando caminho aberto para Jorge Martin e Marc Márquez passarem, sendo que o bicampeão de MotoGP viria ainda em plena reta a recuperar a segunda posição.
Martin estava assim na liderança e queria completar a dobradinha de vitórias neste GP.
Mais para trás, era Miguel Oliveira que estava a ter um grande início de corrida de domingo, conseguindo rodar aos comandos da sua Aprilia RS-GP24 de uma forma aparentemente confortável. O português conseguiu mesmo subir a 7º por troca com Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46), dando o mote para aquela que seria a sua melhor corrida até ao momento nesta temporada 2024 de MotoGP.
À quarta volta, e num momento em que os cinco primeiros eram pilotos Ducati, Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46), perante o olhar atento de Valentino Rossi no circuito, ataca e passa Marc Márquez subindo assim ao lugar mais baixo do pódio, momentos depois de Dani Pedrosa (Red Bull KTM Factory), que ontem acabou por ser 3º na Sprint, não evitar uma queda e dar por terminado o seu “wildcard” neste fim de semana com a KTM RC16.
Na volta seguinte os primeiros classificados começam a formar duplas: Martin com Bagnaia, Bezzecchi com Marc. Alex Márquez na segunda Gresini não conseguia manter o ritmo e ficava à mercê de Brad Binder (Red Bull KTM Factory), com o sul-africano, depois de alguns momentos a sofrer maior pressão de Miguel Oliveira, estava então mais tranquilo, pois o português deixava algum espaço para o seu antigo companheiro de equipa enquanto rodava em 7º.
Miguel Oliveira também não se podia distrair, pois atrás de si vinha um sempre rápido Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team).
Mesmo antes de chegarmos ao fim das primeiras dez voltas os oito primeiros pilotos rodavam então em duplas, cada uma com uma pequena diferença entre as outras: Martin com Bagnaia, Bezzecchi com Marc, Alex com Binder e depois era Miguel Oliveira com Bastianini.
Nesse início de fase intermédia da corrida do GP de Espanha de MotoGP as posições dos primeiros classificados estavam de certa forma estabilizadas. Rodavam perto uns dos outros, mas nunca verdadeiramente em posição de se atacarem a sério.
Porém, na curva 6 do circuito Jerez Ángel Nieto, e quando parecia ter a corrida controlada depois de se defender de maior pressão de Francesco Bagnaia, o espanhol Jorge Martin deita tudo a perder. Líder desde a segunda volta, o piloto da Prima Prama Ducati, como já vimos acontecer em tantas outras ocasiões, desconcentrou-se, perdeu o controlo da sua Ducati Desmosedici GP24 e abandonou a corrida, deixando Francesco Bagnaia isolado na liderança.
Com o líder do mundial de fora, o bicampeão da Ducati entrava num ritmo estável, rumo ao que parecia uma vitória tranquila. Mas a história desta corrida andaluza não estava ainda terminada!
Bagnaia liderava, Bezzecchi estava em segundo, e Marc Márquez em terceiro.
Mas o oito vezes campeão do mundo percebeu que este domingo podia ser o seu dia para regressar ao degrau mais alto do pódio, e iniciou então uma sequência de voltas rápidas que lhe permitiu primeiro passar pelo italiano da VR46, e depois de algum tempo isolado em segundo, Marc Márquez aproximou-se perigosamente da traseira da Ducati de Bagnaia.
Um pouco mais atrás era Miguel Oliveira que passava por uma fase menos positiva neste GP de Espanha. Pese embora revelando sempre uma grande estabilidade em termos de performance por volta, o piloto português não teve argumentos para responder ao ataque, e ultrapassagem de Enea Bastianini, que o fez relegar para 7º, pois tinha chegado a estar em 6º beneficiando da queda de Jorge Martin.
O piloto da Trackhouse Racing desta feita estava bem, a apresentar uma competitividade como até agora não se lhe tinha visto nesta temporada 2024 de MotoGP.
Porém, Miguel Oliveira acabaria ainda por perder até final mais uma posição para Fabio di Giannantonio, cruzando então a meta depois das 25 voltas cumpridas em 8º. O seu melhor resultado este ano, e uma excelente forma, pelo menos muito positiva, de fechar o fim de semana de Grande Prémio de Espanha.
Aliás, desta feita o #88 foi mesmo o melhor piloto da Aprilia em pista.
Enquanto isso, na frente da corrida as coisas aqueciam… e muito!
Com Marco Bezzecchi isolado e conformado com o seu terceiro lugar, era Marc Márquez que pressionava, bastante, Francesco Bagnaia. O piloto italiano conseguia ser mais rápido no primeiro setor do circuito, mas o espanhol da Gresini respondia com um segundo setor muito forte.
Na sequência de esquerdas 7 e 8 era Marc Márquez o mais rápido, e foi precisamente por isso que conseguiu preparar o ataque que concretizou na curva 9, uma rápida direita no setor do circuito onde estão mais fãs que rapidamente se fizeram ouvir em alto e bom som.
Esse primeiro ataque na 21ª volta levou mesmo a que Marc Márquez e Francesco Bagnaia se tocassem, no que parecia ser uma repetição do que vimos em Portugal e que terminou com os dois pilotos no solo. Desta feita, porém, ninguém caiu, apenas Marc Márquez ficou com uma recordação de borracha do pneu dianteiro de Bagnaia no seu braço direito.
Na volta seguinte, no momento das decisões, Marc Márquez voltou a tentar o ataque ao líder Bagnaia, exatamente da mesma forma e na mesma curva, mas desta feita o italiano da Ducati Lenovo Team estava já precavido para isso e optou por uma trajetória mais defensiva, que lhe permitiu depois recuperar de forma mais “tranquila” a primeira posição, sem mais toques à mistura.
Esse momento revelou-se decisivo para as contas finais.
Francesco Bagnaia pareceu ganhar novo fôlego, na 23ª volta registou mesmo o novo recorde de MotoGP em corrida no circuito Jerez Ángel Nieto, e com isso ganhou uma margem de segurança de pouco mais de meio segundo para Marc Márquez que, mesmo até final, tentou reposicionar-se de forma a poder discutir a vitória, mas nunca realmente conseguiu estar perto do seu adversário ao ponto de sequer tentar desferir um ataque.
Com isto, Francesco Bagnaia voltou às vitórias e levou a melhor no Grande Prémio de Espanha de MotoGP, maximizando o ganho de pontos para Jorge Martin que desistiu. Bagnaia consegue mesmo subir a segundo na classificação de pilotos, e depois de cair na Sprint e ver Martin vencer essa corrida de sábado, este domingo as posições inverteram-se.
Marc Márquez deu aos fãs espanhóis um grande espetáculo e consegue regressar a um pódio de corrida de Grande Prémio disputado com piso seco, algo que já não acontecia desde o GP da Austrália em 2022 há 558 dias.
Para Marco Bezzecchi o terceiro lugar foi também um grande resultado, com o italiano a parecer querer deixar para trás um início de temporada em que tem revelado muitas dificuldades aos comandos da Ducati GP23.
Nota ainda nesta corrida para o 10º lugar de Pedro Acosta, com o “rookie” a conseguir levar a sua GasGas até ao “top 10” numa corrida muito complicada, sendo que as motos japonesas fecharam as últimas posições da classificação – do 12º ao 17º lugar –, isto numa corrida onde terminaram apenas 17 pilotos classificados e tivemos 8 desistências.
Convém, no entanto, ter em conta, até pelo exemplo da Sprint de sábado, que estes resultados podem vir a sofrer alterações por via de possíveis penalizações posteriores à corrida, em resultado das pressões dos pneus. Iremos atualizar este artigo e os resultados caso necessário.
Resultados da corrida de MotoGP do Grande Prémio de Espanha
1 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
2 – Marc Márquez (Gresini Racing)
3 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
4 – Alex Márquez (Gresini Racing)
5 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
6 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
7 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
8 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
9 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
10 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
Classificação de pilotos após o Grande Prémio de Espanha
1 – Jorge Martin – 92 pontos
2 – Francesco Bagnaia – 75 pontos
3 – Enea Bastianini – 70 pontos
4 – Pedro Acosta – 69 pontos
5 – Maverick Viñales – 63 pontos
6 – Marc Márquez – 60 pontos
7 – Brad Binder – 59 pontos
8 – Aleix Espargaró – 39 pontos
9 – Marco Bezzecchi – 36 pontos
10 – Fabio di Giannantonio – 34 pontos
13 – Miguel Oliveira – 23 pontos
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