Atualmente em repouso absoluto no seguimento da operação a que se submeteu na passada segunda-feira, em Lisboa, na tentativa de corrigir a fratura no pulso direito que sofreu no GP da Indonésia, Miguel Oliveira é por estes dias um piloto de MotoGP que está sob alguma atenção por parte dos fãs.
Isto porque, em entrevista ao portal italiano MowMag, realizada por altura da segunda passagem do campeonato pelo Misano World Circuit Marco Simoncelli, o piloto português da Trackhouse Racing ‘abriu o coração’ e sem grandes contemplações abordou os mais variados temas.
Para além dos momentos mais pessoais e familiares, onde Miguel Oliveira destaca os sacrifícios que foram feitos pelo seu pai, Paulo Oliveira, a quem confere 70% da ‘culpa’ de ter chegado onde chegou, quando o dinheiro não era muito e nas viagens pela estrada fora andavam mais devagar para poupar gasolina, ou as alterações que aconteceram nos tempos mais recentes com o nascimento de dois filhos e a mudança de residência para Verona (Itália), onde procura dar a maior organização possível para a sua esposa, Andreia e filhos, e depois concentra-se nas tarefas de piloto de MotoGP, o piloto português não se esquivou a temas mais diretamente relacionados com a competição.
Quando questionado sobre o que não funcionou com a Aprilia Racing, no sentido de que as suas prestações ficaram abaixo do que muitos antecipavam, incluindo o próprio, Miguel Oliveira não consegue destacar apenas uma explicação.
O piloto português refere que “Não é fácil individualizar um motivo, é difícil imputar tudo apenas um só componente. Chegámos à Aprilia com tantas expectativas porque o meu objetivo era fazer as coisas bem para depois chegar à equipa oficial. Foi uma situação delicada porque a Aprilia tinha de fornecer a moto a uma equipa cliente (então a RNF), e como estrutura, inicialmente, não estavam prontos a fazer isso. Depois faltou-me uma RS-GP23 que eu tive a oportunidade de testar em Misano por um par de saídas à pista num teste de segunda-feira na temporada passada. Senti-me bem, era mais completa. Este ano, de uma só vez, passámos do protótipo de 2022 ao de 2024. Esta alteração de moto foi importante, e também porque, entretanto, houve uma alteração na carcaça do pneu traseiro. Juntando todos estes fatores, os resultados não foram os melhores”.
Destacando que o seu objetivo na sua passagem pela Aprilia em MotoGP sempre foi de usufruir do mesmo material dos pilotos oficiais (Maverick Viñales e Aleix Espargaró), mas realçando que não se sentiu como uma prioridade para a casa de Noale, fruto do “forcing” feito para que os pilotos oficiais tivessem resultados mais rapidamente, algo que Miguel Oliveira compreende, a verdade é que o português enfrentará um novo desafio a partir de 2025.
A mudança para a Prima Pramac Yamaha Factory Team é vista por muitos como uma aposta ‘arriscada’ por parte do piloto de Almada. Mas é o próprio que não se mostra particularmente afetado por essa perceção que passa para o exterior.
De acordo com Miguel Oliveira, “Se é uma aposta, penso que seja uma aposta ganha, porque a Yamaha é um grande fabricante e entendeu bem o que é preciso alterar na estrutura para ser competitiva. É uma questão de tempo, um ano ou dois, mas estou convicto que estarão de regresso ao topo da classificação, como nos habituaram durante tantos anos”.
Nesta mesma entrevista, e por entre risos quando questionado sobre a sua popularidade em Portugal, em que a MowMag aponta o #88 de MotoGP como apenas sendo batido neste aspeto por Cristiano Ronaldo, a que responde de forma humorada, Miguel Oliveira revela estar muito atento ao fenómeno das redes sociais, mas não só.
Para o piloto da Trackhouse Racing não deixa de ser surpreendente que, mesmo não sendo dos pilotos mais seguidos em termos de redes sociais, acaba por perceber que nas ruas de Portugal é facilmente reconhecido, e que os portugueses sabem que existe um compatriota a competir em MotoGP.
E conseguem-no reconhecer pela sua face, algo que não é, de todo, garantido, tendo em conta que compete numa moto equipado com um capacete que na maior parte do tempo esconde as suas feições, conforme o próprio reconhece.
Porém, e talvez a resposta mais interessante e, diríamos, a mais importante, que Miguel Oliveira dá nesta entrevista ao portal italiano, é à pergunta que lhe colocam, e onde questionam se esta popularidade não lhe pesa?
“Não pesa nada. Tornar o motociclismo popular em Portugal é o mais importante de tudo o que conquistei de moto”.
Se quiser ler a entrevista completa em que o piloto luso fala de muitos temas e dá detalhes interessantes da sua vida pessoal, apenas tem de clicar aqui .
Recordamos que Miguel Oliveira encontra-se num período de recuperação da sua lesão no pulso direito. Irá falhar os próximos dois Grandes Prémios de MotoGP, de acordo com as previsões divulgadas após a operação desta semana. Aguarda-se agora uma confirmação mais ‘acertada’ de quando poderemos ver o português novamente em pista.
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