A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) apresentou, em conferência de imprensa, em Lisboa, o balanço anual do setor automóvel que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), contribuiu com 42,6 mil milhões de euros para a economia nacional, representando 7,7% da faturação da totalidade das empresas em Portugal.
Segundo a ACAP, o setor gerou 10,9 mil milhões em receitas fiscais, em 2024, o que representa 17,8% do total das receitas fiscais do Estado.
A Europa continuou a ser o principal mercado exportador dos veículos produzidos nas cinco fábricas existentes no país — Caetano Bus (Vila Nova de Gaia), Toyota Caetano Portugal (Ovar), Stellantis (Mangualde), Fuso (Tramagal) e Autoeuropa (Palmela) – com um peso de 87,6%.
Em 2024, foram matriculados 209.715 novos automóveis ligeiros de passageiros, mais 5,1% face a 2023, com os veículos movidos a energias alternativas a continuar a liderar as matrículas neste segmento, com um peso de 57%.
Os veículos elétricos (BEV) destacaram-se, com 41.757 matrículas nos ligeiros de passageiros, o que representa 20% do total de ligeiros de passageiros matriculados, ou seja, acima da média europeia (14%) e colocando Portugal em sexto lugar do ‘ranking’ dos países da União Europeia (UE), liderado pela Dinamarca (52%).
Ainda nesta categoria, em dezembro, registou-se um recorde de matrículas (5.142), tendo sido o primeiro mês em que se atingiram valores na casa das 5.000 unidades.
Ainda assim, o secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, salientou que o mercado de particulares “é efetivamente bastante pequeno para o mercado elétrico”, uma vez que 60% das vendas são feitas a empresas.
Para o responsável, o programa de apoio à compra de veículos elétricos por particulares é “muito limitado”, porque obriga a entregar um carro para abate e não tem benefícios fiscais, como o caso das empresas.
A ACAP defendeu que, para cumprir as metas climáticas, é necessário que os governos implementem um sistema de incentivos à aquisição de veículos sustentáveis e que “se invista numa rede de carregamento robusta para fazer face ao aumento da sua procura”.
No ano passado, o parque automóvel português continuou a ser dominado por veículos com mais de 20 anos, com cerca de 1,5 milhões de automóveis a circular no país em 2024.
A associação salientou que a importação de veículos usados da UE está a ter como consequência a entrada de veículos com idade cada vez mais avançada, uma vez que os importados usados têm em média 7,9 anos.
A ACAP falou mesmo em “concorrência desleal”, uma vez que estes veículos não pagam o Ecovalor (imposto aplicado sobre produtos que contribuem para a poluição ambiental) aplicado aos veículos novos matriculados em Portugal.
Adicionalmente, salientou a ACAP, aqueles veículos fazem aumentar o número de emissões poluentes do país e, quando em fim de vida, têm de ser tratados em Portugal.