Bruxelas, 10 jun 2025 (Lusa) — A divisão de veículos comerciais da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis solicitou hoje à Comissão Europeia soluções abrangentes que facilitem a implantação de camiões elétricos na União visando o cumprimento das metas de redução de emissões de CO2.
Os construtores automóveis estão obrigados a reduzir em 45% as emissões de dióxido de carbono (CO2) das suas frotas até 2030, face aos níveis de 2020, e receiam não conseguir alcançar estas metas (que são vinculativas) perante o atual quadro legislativo.
Os regulamentos atuais preveem uma revisão da legislação em 2027, mas os fabricantes de veículos pesados consideram que esta chegará demasiado tarde e exigem um diálogo imediato com o executivo comunitário para abordagem as suas preocupações.
“Estamos a colocar em risco a competitividade da indústria europeia”, afirmou o presidente do conselho de veículos da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) e responsável máximo da Scania, Christian Levin, notando que é necessária uma solução abrangente, pois “não há balas de prata”.
Os construtores propõem mudar as metas para os camiões depois de terem conseguido adiar com sucesso os objetivos da redução de emissões de CO2 nos carros, de 2025 para 2027.
Na sua perspetiva, a solução passa por corrigir o facto de os camiões elétricos terem uma penetração média no mercado europeu de 3,5%, sendo necessário aumentar essa taxa para cerca de 35% para atingir as metas de 2030. Os restantes 15%, referem, poderiam ser compensados com medidas como a formação de motoristas, biocombustíveis, biogás ou a aerodinâmica dos veículos.
Aquela taxa de penetração média da frota de camiões elétricos reflete grandes diferenças entre os vários países, havendo alguns em que é nula e outros, como Espanha e Itália, em que ronda 1,2% ou, no caso da Suécia, os 7%.
O não cumprimento das metas implicaria multas de “milhares de milhões” para os construtores, ainda que a ACEA não disponha de uma estimativa precisa sobre o valor global que as sanções podem atingir.
“Não precisamos de uma solução única, mas de várias”, adiantou Levin, citado pela Efe, que delineou várias linhas de ação para descarbonizar o transporte rodoviário de mercadorias na União Europeia.
Uma dessas linhas passa pela implementação de uma rede massiva de postos de carregamento, incluindo carregamentos ultrarrápidos, sendo que tal exige, por sua vez, o aumento da capacidade das redes elétricas e a redução do tempo necessário para a obtenção de licenças para a instalação de cabos — o que chega a demorar até 10 anos.
“Precisamos também que haja alguém disposto a comprar estes veículos em condições comerciais”, acrescentou o responsável da ACEA e da Scania, que defendeu medidas para estimular a procura, dado que os camiões elétricos até 19 toneladas já estão no mercado.
Muitas transportadoras são pequenas empresas familiares, com margens de lucro reduzidas, de 2% e 3%, que mostram reticências em experimentar novas tecnologias.
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