A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) alertou hoje que algumas empresas podem ser obrigadas a interromper a produção nos próximos dias devido à escassez de chips, após proibição das exportações da chinesa Nexperia.
Num comunicado, a associação mostrou a sua crescente preocupação com a “iminente interrupção da produção” de veículos na Europa devido ao bloqueio do fornecimento de microchips fundamentais, que são essenciais para a fabricação das unidades de controlo dos sistemas elétricos dos veículos, por exemplo.
“A situação torna-se cada vez mais crítica para a indústria automóvel”, afirmou a associação, citada pela agência Efe, explicando que os seus membros estão a utilizar as suas reservas destes chips, mas os fornecimentos estão a diminuir rapidamente e alguns fabricantes já preveem “paragens iminentes” das suas linhas de montagem.
“A paralisação das linhas de montagem poderá ocorrer em questão de dias”, afirmou a diretora-geral da ACEA, Sigrid de Vries, que instou as partes envolvidas a “redobrar os seus esforços para encontrar uma saída diplomática para esta situação crítica”.
Embora existam muitos fornecedores alternativos, serão necessários “vários meses” para desenvolver a capacidade necessária para cobrir a escassez de fornecimento, acrescentou a organização, cujos membros incluem fabricantes como BMW, Renault, Stellantis, Daimler, Mercedes e Volkswagen.
A Nexperia na China proibiu a venda de chips para a Europa depois de os Países Baixos terem recorrido a uma lei de emergência para intervir na filial holandesa do grupo — que foi fundada nos Países Baixos, mas em 2019 passou para mãos chinesas — para evitar a transferência de conhecimento para a fábrica do país asiático, ao que esta respondeu com o consequente veto.
Esta terça-feira, a Bosch de Braga, focada na área da mobilidade, disse que vai entrar em ‘lay-off’, a partir de novembro e “até presumivelmente” abril de 2026, uma decisão que vai afetar 2.500 trabalhadores, devido à escassez de componentes para peças eletrónicas, anunciou hoje a empresa.
“Devido à escassez de componentes para peças eletrónicas e as recorrentes interrupções na produção, o mecanismo de ‘lay-off’ estabelecido no Código de Trabalho entra em vigor a partir do início de novembro até, presumivelmente, ao final de abril de 2026”, indicou, em comunicado.
Na semana passada, também a Coindu, indústria de componentes têxteis para o setor automóvel anunciou que vai avançar com o segundo despedimento coletivo este ano, após o de maio ter abrangido 123 trabalhadores, devido ao declínio das encomendas no setor.
“Após uma análise aprofundada da situação económica e operacional da empresa, terá de proceder a uma reestruturação do seu quadro de colaboradores, devido ao declínio acentuado e prolongado das encomendas no setor automóvel, que tem impactado a sua atividade nos últimos anos”, informou, em comunicado, a empresa sediada em Joane, Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga).
Em maio, a Coindu avançou com o despedimento coletivo de 123 trabalhadores e colocou outros 237 em ‘lay-off’ e, em finais de 2024, fechou a fábrica que tinha em Arcos de Valdevez, deixando sem emprego 350 trabalhadores.
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