A Volvo tem abrandado os planos de eletrificação total da sua gama. Uma oferta que consista apenas de automóveis elétricos não vai acontecer tão cedo como estava planeado, sendo dada ênfase a híbridos plug-in.
Hakan Samuelsson, diretor-executivo do fabricante sueco, explicou à Automotive News Europe: “Precisamos de uma segunda geração de híbridos plug-in que nos sirva até ao fim dos anos 2030“.
Em 2021, a Volvo anunciou os seus planos para uma gama 100 por cento elétrica até 2030, revendo-os para 90 por cento de automóveis eletrificados (híbridos e elétricos) até 2030.
Hakan Samuelsson considera que a Volvo não pode impor os automóveis elétricos, tendo de acompanhar a vontade das pessoas. E há alternativas ‘intermédias’ entre os automóveis de combustão e os elétricos.
EREV e híbridos plug-in
Os híbridos plug-in serão uma aposta para os próximos anos. O XC70 vendido na China, que não deverá chegar à Europa antes de 2027, tem uma autonomia 100 por cento elétrica que pode chegar a cerca de 180 km (ciclo CLTC), graças a uma bateria de 39,6 kWh.
Segundo Hakan Samuelsson, a introdução no mercado europeu ainda irá demorar pelo menos cerca de dois anos devido às adaptações necessárias ao nível de emissões, segurança e sistema de infoentretenimento.
Por outro lado, o dirigente da Volvo acredita no potencial dos extensores de autonomia (EREV), descrevendo-os como uma “segunda geração de híbridos”. Vê-os como carros elétricos “com um motor de reserva”.
Os EREV têm um motor de combustão que serve como gerador, sendo o motor elétrico o único com capacidade motriz. A autonomia é maior, sem que isso signifique uma bateria de grandes dimensões.
Motorizações de futuro ou ‘traiçoeiras’?
No entanto, há também desafios relacionados aos híbridos plug-in e aos EREV. Por um lado, o seu futuro está dependente das regras da União Europeia, que conforme estão atualmente vão interditar novos automóveis com motores de combustão a partir de 2035.
Por outro lado, um estudo recente sugere da Transport & Environment sugere que, no mundo real, os híbridos plug-in podem ter emissões de dióxido de carbono muito superiores ao anunciado – acontecendo o mesmo com os consumos. Tanto que, recentemente, a Associação de Fabricantes Alemães (VDA) sugeriu ‘obrigar’ a carregar híbridos plug-in dentro de certos intervalos de distância, sob pena de o desempenho ser reduzido.
Mesmo os EREV, segundo a T&E, revelam consumos de 6,7 litros por cada 100 km. A base destes dados são os modelos chineses, onde este tipo de tecnologia é particularmente popular: “Os dados analisados pela T&E sugerem que a média dos EREV na China e a média dos PHEV (híbridos plug-in) na Europa têm um consumo de combustível semelhante quando a bateria está vazia, com a média a aproximar-se dos sete litros por 100 km. Portanto, além da incerteza relativamente à proporção da distância conduzida a usar a eletricidade, os EREV não oferecem quaisquer benefícios em termos de emissões de dióxido de carbono quando a bateria está vazia“.
Leia Também: Híbridos plug-in enganam? Poluição e despesas muito acima do anunciado
