Envolvido em várias polémicas, sobretudo durante a sua curta passagem pela Administração Trump, Elon Musk parece ter, hoje, um impacto prejudicial significativo na empresa automóvel que dirige – a Tesla.
É o que mostra uma análise do Gabinete Nacional de Investigação Económica (NBER) nos Estados Unidos da América. O trabalho estudou a forma como as atitudes polarizadoras e políticas do empresário tiveram impacto nas vendas da Tesla naquele país.
E foi apresentada a conclusão: “Sem o efeito partidário de Musk, as vendas da Tesla entre outubro de 2022 e abril de 2025 teriam sido 67 a 83 por cento mais altas – o equivalente a mais 1 a 1,26 milhões de veículos”.
No entender do estudo, a atividade partidária do proprietário da Tesla também beneficiou a concorrência, ao aumentar “as vendas de outros fabricantes de veículos elétricos e híbridos em 17 a 22 por cento por causa da substituição”.
Só este ano, de acordo com o NBER, as vendas mensais da Tesla no primeiro trimestre teriam sido “cerca de 150 por cento mais altas” sem o impacto negativo de Elon Musk. Já a comercialização de outros automóveis elétricos e híbridos teria sido cerca de 25 por cento inferior no mesmo período.
No que toca a posições políticas, o estudo observa que a visão negativa sobre o magnata tem vindo a aumentar entre os democratas – de 28 por cento em 2021 para 92 por cento em 2025. Já entre quem apoia os republicanos, no mesmo período houve um aumento de 30 para 75 por cento na visão positiva percecionada sobre Musk.
Efeitos na transição energética
Por outro lado, houve um impacto negativo na transição energética, em particular no estado da Califórnia: “O resultado sugere que as vendas da Tesla perdidas levam à aquisição de outros veículos não elegíveis sob o padrão zero emissões, como híbridos convencionais”.
E pode também ler-se: “O decréscimo das vendas de veículos elétricos por causa do efeito partidário de Musk também torna mais difícil para os estados cumprirem as metas de veículos zero emissões, como vimos na Califórnia, e para alcançar, mais genericamente, os objetivos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no longo termo”.
As metas californianas preveem que 25 por cento dos novos veículos vendidos este ano sejam de zero emissões, subindo para 68 por cento até 2030. Para 2035, o objetivo da Califórnia é vender apenas automóveis sem emissões poluentes.
Quebra da Tesla tem mais possíveis razões
Na introdução, os autores do estudo reconheceram que há “vários fatores” possivelmente por trás do declínio de vendas recentes da Tesla, como a falta de novos modelos, mais concorrência na área dos automóveis elétricos ou a dependência de novos clientes de viaturas elétricas.
No entanto, o trabalho focou-se nas atitudes de Elon Musk nos últimos anos, já que “parece que alguns compradores de carros ficaram insatisfeitos” com a mesma – incluindo os despedimentos aquando da compra do Twitter em 2022, o relaxamento de moderação de comentários extremistas e as atividades políticas ao envolver-se nas eleições presidenciais de 2024 nos EUA com financiamento direto à candidatura republicana encabeçada por Donald Trump.
Assim, a análise focou-se no “efeito das ações cada vez mais polarizadoras e partidárias de Elon Musk nas vendas da Tesla nos Estados Unidos”, através de “microdados” ao nível regional sobre as novas matrículas mensais de veículos elétricos e híbridos entre março de 2020 e abril deste ano.
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