A crise de semicondutores causada pela situação da Nexperia está a afetar a Nissan. O fabricante vai reduzir a produção em duas fábricas no Japão, devido à falta de peças que utilizam semicondutores da empresa. Esta foi assumida pelo governo dos Países Baixos e, como retaliação, a China impôs limites à exportação.
Os cortes na produção vão afetar as fábricas de Yokosuka (em Kanagawa) e Kanda (Fukoka), noticia a agência espanhola Efe, que cita o económico japonês Nikkei.
Segundo a mesma fonte, a produção destas fábricas será reduzida durante a semana de 10 de novembro.
Já a agência japonesa Kyodo, por sua vez, apontou que a Nissan divulgará mais informação na quinta-feira, quando publicar os resultados financeiros do segundo trimestre do seu ano fiscal (que começa em abril), mas que ainda não decidiu o que fará a nível de produção daqui a duas semanas.
A China proibiu a exportação de certos componentes da fábrica chinesa da Nexperia, utilizados no setor automóvel e noutras indústrias europeias, depois de o governo neerlandês ter assumido em setembro o controlo da empresa, subsidiária da chinesa Wingtech Semiconductor, alegando motivos de segurança nacional e a necessidade de impedir a transferência de tecnologia para Pequim.
A Nexperia, fundada na cidade holandesa de Nimega e adquirida pela Wingtech em 2019, produz semicondutores de uso comum em automóveis e aparelhos eletrónicos.
A fábrica em Dongguan, no sul da China, mantém operações limitadas desde a imposição das proibições de exportação.
O impacto do conflito sobre a Nexperia já começou a afetar a indústria automóvel, tendo impactado, em outubro, a também japonesa Honda, que parou a produção numa fábrica no México e teve de ajustar a produção nas fábricas dos Estados Unidos da América e Canadá devido à falta de componentes.
Desde o início deste diferendo que fabricantes como a Volkswagen ou a Mercedes-Benz alertaram para possíveis paralisações nas linhas de montagem dada a falta de ‘chips’.
Na segunda-feira, Pequim considerou errada a decisão judicial dos Países Baixos em retirar a Nexperia à Wingtech, considerando que se tratou de “ingerência indevida“.
A decisão do tribunal de recurso de Amesterdão “privou a empresa chinesa dos seus direitos legítimos”, afirmou o Ministério do Comércio chinês, acrescentando que, apesar dos “reiterados apelos razoáveis” de Pequim, Haia “não adotou uma atitude construtiva” e “intensificou a disrupção” das cadeias globais de abastecimento.
Segundo a mesma nota, em 26 de outubro, a filial da Nexperia nos Países Baixos suspendeu o envio de ‘chips’ de silício para a fábrica de montagem em Dongguan, sul da China, o que impossibilitou a “manutenção da produção normal”.
O ministério chinês sublinhou que, desde 01 de novembro, tem prestado apoio à Nexperia China para retomar o fornecimento e que concederá autorizações de exportação às empresas que cumprirem os requisitos necessários para estabilizar o setor.
Em paralelo, a Casa Branca indicou na segunda-feira que Pequim permitirá à Nexperia retomar a exportação de ‘chips’ produzidos na China, no âmbito do acordo comercial alcançado entre os dois países – medida que poderá atenuar parcialmente a escassez destes componentes.
Leia Também: Pequim flexibiliza exportações pela Nexperia para aliviar crise nos ‘chips’
