As normas de emissões poluentes impostas pela União Europeia visam proteger o meio ambiente, mas a indústria automóvel ressente-se dos objetivos muito ambiciosos – que, para já, incluem até a proibição de novos motores de combustão a partir de 2035.
Vários construtores apresentaram planos para eletrificar as suas gamas nos próximos anos. No entanto, a adoção deste tipo de automóveis muito mais lenta do que o esperado está a levar a recuos ou adiamentos nas intenções de muitos desses fabricantes.
Antonio Filosa, diretor-executivo da Stellantis, não poupou nas críticas. Segundo o L’Automobile, o italiano afirmou ao autocatu.com durante um encontro da Plateforme Automobile: “A Europa conseguiu banir as tecnologias nas quais éramos líderes e impor uma única tecnologia – elétrica – em que os chineses estão 20 anos à nossa frente“.
No entender do dirigente da Stellantis, as regras relativas às emissões “são erradas”. E justificou: “Impõem um ritmo que o mercado não é capaz de seguir nem é o que o cliente quer ou pode suportar“.
Do lado do cliente, segundo Antonio Filosa, neste momento não há desejo, necessidade nem capacidade para pagar os automóveis elétricos.
Por outro lado, o homem-forte da Stellantis considera que a Europa deveria seguir a abordagem chinesa, com os regulamentos a acompanharem a evolução industrial: “A China construiu toda a cadeia de valor. Agora, está a colher os benefícios de uma política coerente e de longo prazo. […]. Precisamos de desenvolver as nossas próprias capacidades industriais e tecnológicas, mas levará dez anos. As regras devem acompanhar este tempo industrial, não restringi-lo“.
Quando se fala de um futuro sem automóveis de combustão e até de um possível veículo elétrico europeu acessível de dimensões compactas, há também um parque automóvel muito envelhecido na União Europeia.
E, para Antonio Filosa, é nesse problema que deve haver uma intervenção importante: “Dos 250 milhões de carros nas estradas, mais de 150 milhões têm mais de 12 anos. É aí que temos de agir”.
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