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“Erro gravíssimo” abre porta a domínio chinês no setor automóvel europeu


A União Europeia errou na abordagem à descarbonização e, em última instância, abriu a porta ao crescimento chinês na indústria automóvel da Europa. É o que considera Carlos Tavares.

 

Na conferência Millennium Portugal Exportador, realizada ontem (2 de dezembro) em Santa Maria da Feira e transmitida online pelo Jornal de Negócios, o antigo líder da Stellantis não poupou nas críticas.

Considera que o caminho não foi o adequado, ao impor os carros elétricos e eletrificados em vez de dar ênfase ao objetivo de redução de emissões: “A Europa fez um erro gravíssimo, que foi decidir uma tecnologia em vez de decidir um objetivo. A intenção era nobre, baixar drasticamente as emissões dessa mobilidade – era uma boa intenção e é essa intenção que devemos manter. Mas não se deve impor a tecnologia; deve-se fazer uma regulamentação que é neutra em tecnologia para permitir às centenas de milhar de engenheiros desta indústria propor a solução que é a mais acessível, a mais limpa e a mais segura. Não foi isso que foi feito”.

Futuro entregue aos chineses?

No entender de Carlos Tavares, este é um “caso de arrogância intelectual” e de “dogmatismo, que tem um custo enorme”, e que – “no período de caos mais acentuado” da indústria automóvel da Europa – veio abrir a porta a fabricantes chineses com duas décadas de experiência nestas tecnologias automóveis.

O empresário antecipa um cenário de crescimento significativo continuado dos fabricantes vindos da China: “Com a aproximação, os construtores chineses vão conseguir rapidamente dez por cento de quota de mercado – isso vai acontecer nos próximos cinco anos”.

Em 15 milhões de viaturas, essa quota de mercadoria corresponderia a cerca de 1,5 milhões de automóveis – ou seja, “dez fábricas de 150 mil por ano. Portanto, há dez fábricas, nos próximos cinco anos e que pertencem atualmente aos construtores ocidentais ou europeus que vão perder a sua atividade“, prevê Carlos Tavares.

O gestor acredita que isso levará a insatisfação e manifestações, com os fabricantes chineses a surgirem, depois, como salvadores das unidades fabris: “Quando isso acontecer, os governos dos países dessas fábricas estiverem em dificuldades, chegar um chinês a dizer, “vou comprar essa fábrica por um euro simbólico e vou ficar com os postos de trabalho todos”, os governos dos países vão aplaudir. […]. É o que vai acontecer: ficam os empregos, pagam um euro simbólico e, assim por diante, vão dar a indústria automóvel europeia aos chineses com os aplausos dos governos locais. Isto é a consequência do que foi decidido pelo Parlamento Europeu, pelo Conselho Europeu e pela Comissão Europeia”.

“A indústria automóvel tem um grande futuro”

Num tom mais otimista, Carlos Tavares abordou o futuro que perspetiva para o setor: “A indústria automóvel tem um grande futuro, a indústria da liberdade de movimento tem um grande futuro, porque não há democracia sem liberdade de movimento”, disse, alertando para a importância de ter uma liberdade de movimento segura e acessível.

Concorrência chinesa é “desafio significativo” para fabricantes europeus

Os construtores automóveis chineses estão cada vez mais a implementar-se na Europa, e isso não são boas notícias para os fabricantes europeus – que estão conscientes da ameaça e do desafio que enfrentam.

Notícias ao Minuto | 12:59 – 06/11/2025

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