A administração de Donald Trump corta nas metas de economia de combustível dos automóveis traçadas pelo governo anterior – liderado por Joe Biden.
Em comunicado, a Casa Branca anuncia o regresso dos padrões de economia de combustível (CAFE) “a valores que podem ser cumpridos com veículos a gasolina e diesel convencionais“.
No fim de setembro, terminaram os incentivos fiscais para a aquisição de carros elétricos, o que veio tornar menos apelativa a transição. Agora, é dado outro passo adverso a este tipo de motorizações, que Washington considera não irem ao encontro do desejo dos consumidores para além de encarecer o preço do automóvel.
É um trabalho que vai em contraciclo com a administração de Joe Biden. O governo atual entende que os padrões criados anteriormente são “irrealistas”, impondo um caminho no sentido dos carros elétricos.
A nota alega que, conforme estavam, os padrões “teriam aumentado o custo médio de um novo carro em quase 1.000 dólares, face ao custo” com as normas agora avançadas. Fala, igualmente, de poupanças de 109 mil milhões de dólares das famílias americanas nos próximos cinco anos, para além de vantagens do ponto de vista da segurança “ao ajudar mais americanos a comprarem veículos mais novos e seguros”.
As novas metas
A Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA) daquele país põe em cima da mesa uma redução dos padrões de economia de combustível para uma média do equivalente a 14,7 quilómetros por litro (menos 21,4 km do que estava previsto) para modelos entre 2022 e 2031.
A ideia é rever em baixa os padrões de 2022, com uma subida anual posterior de 0,5 por cento até aos veículos de 2026 e de 0,25 por cento para as viaturas de 2027 a 2031. É um aumento muito mais baixo dos oito por cento anuais (carros de 2024 e 2025) e dos 19 por cento (carros de 2026) estipulados em 2022.
Pretende-se, assim, facilitar o comércio de modelos a gasolina. Donald Trump defendeu este tipo de motorizações: “As pessoas querem o carro a gasolina“, disse, citado pela Reuters.
Em declarações veiculadas pela Associated Press, Donald Trump disse estar empenhado em “tornar a compra de um carro mais acessível”. Considera que as regras determinadas por Joe Biden levaram ao fabrico de carros com “tecnologias caras que aumentaram os custos” e os preços, para além de “tornarem os carros muito piores”.
Joe Biden impôs carros elétricos?
O secretário de Estado dos Transportes dos EUA, Sean P. Duffy, também criticou a administração anterior, num comunicado publicado no site do Departamento dos Transportes dos EUA: “Joe Biden e Pete Buttigied distorceram ilegalmente os padrões de quilometragem para criar uma imposição de veículos elétricos – fazendo aumentar os preços dos carros para as famílias americanas e forçando os construtores a produzirem veículos que ninguém queria”.
Da parte da NHTSA, o administrador Jonathan Morrison defendeu que há vantagens do ponto de vista da segurança rodoviária: “Restaurar padrões de economia de combustível razoáveis também irá salvar vidas e tornar as nossas estradas mais seguras. Carros mais novos e mais seguros e, ao reduzir o preço dos veículos, mais famílias americanas poderão comprar veículos mais novos”.
Críticas não demoraram
Da Califórnia, um dos estados americanos mais empenhados na transição para uma mobilidade mais ecológica e sustentável, chegam críticas às medidas anunciadas por Washington.
O governador Gavin Newsom alerta que o corte nos padrões de economia de combustível “obrigará os americanos a gastar milhares de milhões de dólares a mais nos postos de gasolina, para além de poluir o ar“.
A nota, publicada no site do governador da Califórnia, alega que Donald Trump está a dar às grandes petrolíferas “o que estas querem: proteções dos clientes mais fracas e maiores lucros para quem polui”.
O estado californiano observa ainda que as estimativas da NHTSA sugerem que os padrões que vão ser revertidos teriam permitido aos americanos poupar 23 mil milhões de dólares em combustível, para além de reduzir os consumos em milhares de milhões de galões.
Negociação de créditos
Por outro lado, há uma proposta para eliminar a negociação de créditos entre fabricantes automóveis em 2028, para além de retirar certos créditos para características que levem os automóveis a economizarem combustível.
