Numa tentativa de proteger os construtores internos contra concorrência considerada desleal, a União Europeia impôs pesadas tarifas aos automóveis elétricos importados da China. A medida está em vigor desde outubro do ano passado, sujeitando-os a taxas alfandegárias que podem chegar aos 45,3 por cento.
Em abril, o comissário europeu do comércio Maros Sefcovic e o ministro do Comércio chinês Wang Wentao terão chegado a acordo para falar sobre a imposição de preços mínimos em vez de tarifas. O responsável europeu considera que seria uma medida igualmente eficaz para os propósitos.
No entanto, o assunto não teve grandes desenvolvimentos ao longo dos meses. Agora, de acordo com a agência Reuters, um porta-voz do ministério do Comércio chinês – He Yadong – anunciou o retomar das discussões nos últimos dias. O processo continuará na próxima semana.
E salientou: “A China saúda o compromisso renovado da UE para com o recomeço das negociações sobre preços e valoriza o regresso ao caminho de resolver as diferenças através do diálogo”.
“Ameaça de dano económico” na origem das medidas tarifárias
Na altura em que implementou as atuais tarifas, a UE alegou que uma investigação concluiu que “a cadeia de valor dos veículos elétricos na China beneficia de subvenções estatais desleais que estão a causar uma ameaça de prejuízo económico aos produtores de veículos elétricos da UE”.
O Grupo SAIC e “todas as outras empresas que não colaboram” estão sujeitas às tarifas específicas mais altas (35,3 por cento). Já as mais baixas incidem sobre a Tesla Xangai (7,8 por cento). As empresas que cooperem estão sujeitas a tarifas extra de 20,7 por cento, sendo que para o Grupo Geely são de 18,8 por cento e para o Grupo BYD atingem os 17 por cento.
Tarifas pesadas não travam crescimento dos chineses
Apesar das tarifas impostas há cerca de um ano, o crescimento dos construtores chineses no mercado europeu não abranda. Antes pelo contrário.
Dados da Car Industry Analysis citados pelo The Telegraph mostram que nos primeiros nove meses deste ano houve uma subida de 91 por cento dos carros vendidos na Europa por empresas chinesas. Ao todo, foram 509.700.
A SWM lidera o crescimento em percentagem, ao avançar 338 por cento, enquanto a firma que mais vendeu foi o Grupo SAIC, com 226.047 unidades (mais 21 por cento por comparação com os nove primeiros meses de 2024).
Felipe Muñoz, um dos especialistas da Car Industry Analysis, considera que os fabricantes chineses viraram-se para os híbridos plug-in e híbridos de forma a compensarem as perdas vindas dos carros elétricos como consequência da política tarifária de Bruxelas.
