Testámos o Volvo XC60 e contamos tudo sobre o SUV sueco

No mercado há quase 20 anos – a primeira geração remonta a 2008 – o Volvo XC60 é um SUV compacto de luxo com créditos firmados. Ao longo destas duas décadas foi renovado e também as motorizações mudaram – passando a ter opções híbridas plug-in.

Foi o caso da variante que o Auto ao Minuto teve a oportunidade de experimentar durante alguns dias – o XC60 Plus T6 AWD. O modelo foi alvo de um facelift já este ano. Com um preço base de 75.291 euros, conforme nos chegou – com extras como a nova cor Forest Lake – subiu o preço para os 80.267 euros

A motorização híbrida

O motor a gasolina é um quatro cilindros turbocomprimido, que é acompanhado por um motor elétrico. O conjunto debita 350 cv de potência e o binário atinge os 659 Nm. Este é um SUV de tração integral capaz de atingir os 180 km/h – demora 5,7 segundos a acelerar dos 0 aos 100 km/h, segundo os dados anunciados. A caixa é automática Geartronic de oito velocidades.

A capacidade da motorização também não desilude: é muito competente para os 2.660 kg de peso bruto do veículo, com o acelerador a apresentar uma resposta rápida. No entanto, não nos parece ser uma opção que prima pela eficiência – mais adiante, falaremos dos consumos. A bateria é de 19 kWh.

Um carro sóbrio por dentro

Por dentro do Volvo XC60© Notícias ao Minuto  

O interior deste Volvo é espaçoso e tem um design que consideramos sério, sóbrio – sem extravagâncias ou grandes animações. Não é um carro com uma interface interativa com o utilizador, parecendo-nos um carro mais “tradicional” neste sentido.

O painel de instrumentos de 12,4 polegadas tem a informação essencial – velocidade, limites de velocidade, estado de ativação do cruise control ou do Pilot Assist, modo de marcha selecionado (marcha-atrás, ponto morto, D e B, de maior travagem regenerativa). Também conta com o mapa de navegação completo, conta-rotações, conta-quilómetros (em formato tradicional e algarismo), luzes indicadoras, quilometragem, consumos, autonomias projetadas (total e elétrica), nível de regeneração de energia.

São os essenciais, sem informações como por exemplo a reprodução multimédia. Isso fica reservado ao ecrã central.

Há, ainda, um útil head-up display na frente do condutor, que disponibiliza as informações-chave como a velocidade, entre outras, no campo de visão. Não é, pois, necessário desviar o olhar da estrada.

Pelo contrário, a interface de infoentretenimento no painel central de 11,4 polegadas não se revelou particularmente intuitiva. Requer alguma distração da condução, não devendo ser operado pelo condutor. O problema? É por lá que se têm de operar parâmetros como a sensação da direção, os modos de condução (Hybrid, Power, Pure, Off-Road e tração integral), utilização da bateria (automática, hold e carregar) e o controlo climático.

Achámos o volante desportivo confortável ao tato e na disposição das mãos, tal como intuitivo de operar graças à disposição bem seccionada dos botões: à esquerda, para operar apoios à condução, à direita para operar a multimédia e o controlo por voz. Já a seleção do modo de marcha é feita através de uma alavanca em cristal da Orrefors que dá um toque luxuoso ao automóvel. No entanto, é um pouco fria ao tato (claro está, se as temperaturas forem baixas).

Espaçoso, acolhedor, decorado (com Driftwood natural e um revestimento de tejadilho a cinzento carvão) e bem iluminado quando é noite, o interior é suave ao toque no geral. Os estofos são em Nordico acolchoado, com bancos confortáveis até para viagens que requeiram algum tempo de condução contínuo. De facto, os da frente são Comfort, com o do condutor a ter extensão elétrica. Há apoio lombar de quatro posições e encostos de cabeça traseiros rebatíveis eletricamente. O carro pode transportar o condutor e quatro passageiros, com um único banco corrido atrás para três pessoas.

O apoio para braços frontal é generoso e, atrás, há um outro apoio para braços central caso sigam apenas dois passageiros. O Volvo XC60 é um carro prático se precisar de transportar vários objetos. Há muito espaço de arrumação no habitáculo, entre espaços para cabides e compartimentos de armazenamento na consola central, tal como porta-luvas de dimensões generosas.

As suspensões fazem bem o seu trabalho, permitindo que o modelo sueco seja confortável na sua passagem em estrada – as irregularidades do piso são bem absorvidas pelo sistema de duplo braço frontal e ligação integral atrás.

Debaixo do apoio de braços, há um compartimento para arrumação, em que também se encontram as duas tomadas USB-C frontais. À frente, há uma bandeja de carregamento wireless para smartphones por trás da alavanca de velocidades.

Não achámos a operacionalidade do tejadilho muito intuitiva e prática, requerendo alguma distração durante a condução. Faz-se através de um botão no tejadilho, à frente. Por outro lado, temos de destacar pela positiva o som imersivo que emana do sistema Harman Kardon.

Condução

O Volvo XC60 revelou-se constantemente estável e previsível. Proporciona uma sensação de direção sempre suave (mesmo na configuração mais firme) e precisa. Vivemos um habitáculo silencioso, mesmo durante o funcionamento (pouco percetível) do motor de combustão. O pedal do acelerador não é rígido nem leve demais, sendo fácil de gerir a velocidade.

As sensações de condução transformam-se com os modos, sendo bem percetíveis as intervenções diferentes (Hybrid, Pure, Power, Off-Road e AWD). O Hybrid é aquele em que o veículo arranca, sendo recomendado para a condução no dia-a-dia. Em Pure, é privilegiado o motor elétrico, calando-se o propulsor de combustão. A distância ao solo é inferior, a potência é adaptada e não pode ser usado a partir dos 140 km/h ou com a bateria em níveis muito baixos. O motor de combustão arranca com uma forte pressão do pedal do acelerador ou quando a bateria for demasiado baixa, tal como no arranque.

O modo Power tem uma distância ao solo inferior e pode representar maiores consumos, privilegiando a tração, direção com resposta mais rápida e amortecimento mais rígido, tal como desempenho geral elevado. Por outro lado, em AWD é otimizada a tração integral, estabilidade e aderência, enquanto o Off-Road ajusta a distância ao solo para ser mais alta, ativa a tração integral e o Hill Descent Control. É recomendado para estradas em mau estado e terrenos exigentes. Só está disponível até aos 40 km/h, passando a AWD acima disso.

Ao nível de travagem, sentimos o pedal um pouco rígido, mas nada que colocasse em causa a eficácia e suavidade da travagem. Em modo de regeneração (B), há uma sensação de travagem vincadamente diferente, mais intensa.

Certos ajustes, como a sensação da direção (mais firme ou mais macia) podem ser configurados individualmente à preferência do condutor. As assistências à condução são competentes e úteis: direção assistida adaptativo, assistente de manutenção na faixa, aviso de saída de faixa, informação de sinais de trânsito, alerta de colisão traseira, cruise control adaptativo, Intelligent Speed Assist, Pilot Assist. A lista continuaria, mas destacamos aqueles que nos foram mais úteis durante o ensaio.

Também não podemos deixar de mencionar a praticidade dos faróis e limpa para-brisas automáticos, nem a assistência ao estacionamento dianteira, traseira e lateral. As câmaras (há câmara 360º) com boa definição (embora deixem um pouco a desejar em ambientes pouco iluminados), são uma importante ajuda para ter a noção do espaço em manobras apertadas.

Consumos e autonomia

Volvo XC60, visto de frente© Notícias ao Minuto  

Ao longo do teste, o Volvo XC60 não nos pareceu o mais poupado possível. Quando entrámos no XC60 pela primeira vez, este registava um consumo médio de 6,9 litros aos 100 quilómetros. Ao todo, nas nossas mãos, foram percorridos pouco mais de 284 km, sendo que o último registo de consumos médios ao devolvermos estava nos 7,1 litros por cada 100 quilómetros – muito aquém do anunciado.

Em termos de autonomia, com depósito cheio e bateria carregada, o automóvel chegou-nos às mãos com 71 km previstos na bateria e 850 km no que toca ao motor de combustão a gasolina. São estimativas, com base nas condições de condução, e não os valores projetados nas especificações (até 81 km de autonomia elétrica combinada). Ao devolvermos, ainda havia autonomia de combustível para 680 km.

Carregámos a bateria durante o teste. Não chegámos ao zero absoluto, mas não nos pareceu que pudesse chegar aos 81 km máximos anunciados. O consumo potencial anunciado é de 18,3 kWh por cada 100 quilómetros (energia elétrica) e de 1 litro a cada 100 km.

Design

Por fim, fazemos uma breve referência ao desenho do automóvel. Se por dentro há elementos, desde os estofos ao revestimento, passando pela alavanca Orrefors, que dão uma sensação de luxo e sobriedade, por fora não é diferente.

É certo que o exterior pode não parecer o mais moderno que se encontra no mercado, mas tem detalhes que saltam à vista como o design das jantes de 20 polegadas ou o preto brilhante nas coberturas dos espelhos retrovisores e na grelha dianteira. Abaixo dela, encontra-se um para-choques com recortes aerodinâmicos. Atrás, há um pequeno spoiler.

As luzes são inconfundíveis, com os faróis dianteiros em desenho de martelo de Thor, incorporando tecnologia LED. Atrás, as óticas verticais de grandes dimensões ladeiam o vidro traseiro desde o spoiler de tejadilho até à linha da chapa de matrícula, entrando ligeiramente pela lateral e pela tampa do porta-bagagens – param pouco acima dos emblemas XC60 (à esquerda) e T6 (direita).

No que toca às dimensões, mede 4.708 milímetros de comprimento, 2.117 milímetros de largura (incluindo espelhos retrovisores) e 1.651 milímetros de altura, enquanto a distância entre eixos – importante para o interior espaçoso que descrevemos – é de 2.865 milímetros. O peso bruto chega aos 2.660 kg – surpreendentemente leve para o veículo em questão.