Em 2027, o Mundial de Fórmula 1 regressa a Portugal, num anúncio que surgiu esta terça-feira (16 de dezembro) – uma espécie presente de Natal antecipado para os fãs da categoria rainha. A prova irá realizar-se no Autódromo Internacional do Algarve, perto de Portimão, em 2027 e 2028.
Nas últimas horas, as reações têm-se sucedido. Várias equipas de Fórmula 1 assinalaram o regresso de Portugal ao calendário em curtas publicações ou comentários – incluindo a Mercedes, Ferrari e Red Bull – onde deram as boas-vindas de volta, mostraram entusiasmo ou recordam as edições de 2020 ou 2021 (caso da Mercedes, que venceu ambas).
E o único piloto português a ir ao pódio na F1, Tiago Monteiro, disse à Lusa estar “muito contente” com o anúncio, considerando que “é superimportante e faz todo o sentido para a promoção de Portugal no mundo inteiro”.
“Que a visita se prolongue no tempo”
Na conferência de imprensa desta manhã, o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, foi o primeiro a reagir, durante o seu anúncio formal: “É uma boa notícia, uma grande notícia para Portugal, e particularmente para o turismo em Portugal. Este regresso da Fórmula 1 projeta um Portugal moderno, com ambição, com dinamismo e com capacidade para integrar um clube muito restrito de países que podem acolher esta prova tão relevante”.
Já o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, considera que o GP de Portugal de Fórmula 1 é “um passo estratégico para a região e para o país” e garantiu que o país está “preparado para receber este evento”.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, o presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Ni Amorim, saudou as notícias e espera que seja uma estadia de longo termo: “Representa uma conquista extraordinária para todo o automobilismo em Portugal. Agradecemos o investimento estratégico e a determinação do governo português em assegurar esta competição de topo, que terá um impacto incalculável”.
O dirigente federativo frisou que esse impacto pode abranger a economia, o turismo, tal como a formação de jovens pilotos. E não tem dúvidas: “Este é um investimento no nosso futuro e um passo decisivo para consolidar Portugal como uma referência incontornável no desporto automóvel internacional”.
Ni Amorim, que considera que a F1 reconhece o país, infraestruturas e paixão pelo automobilismo, deixou, ainda, uma garantia: “A FPAK estará na linha da frente para garantir, na vertente que lhe compete, o sucesso da prova, mas também que a visita a território nacional se prolongue no tempo”.
Num comunicado conjunto, o Turismo de Portugal e o Turismo do Algarve saúdam o regresso da Fórmula 1 ao país e a Portimão que, dizem, “concretiza o esforço conjunto de uma task force nacional” e “traduz um renovado voto de confiança internacional na capacidade organizativa do país e na excelência técnica do AIA”.
Depois de um impacto combinado a rondar os 100 milhões de euros por cada Grande Prémio em 2020 e 2021 – no contexto da pandemia – as entidades preveem que “o retorno mediático venha a superar largamente” esses números. Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, falou mesmo de “um momento estratégico“.
“O circuito proporciona entusiasmo”
Autódromo Internacional do Algarve© Shutterstock
Quanto ao diretor-executivo da F1, Stefano Domenicali, agradeceu ao governo e entidades portuguesas pelo apoio e comentou ao site oficial do campeonato: “O circuito proporciona entusiasmo em pista desde a primeira curva à bandeira de xadrez e a sua energia faz os adeptos levantarem-se dos sofás”.
Da parte do Autódromo Internacional do Algarve, o presidente e diretor-executivo, Jaime Costa, comentou que “este anúncio representa o reconhecimento da excelência técnica do nosso circuito“. Destacou o apoio do governo, Turismo de Portugal e Turismo do Algarve, assim como o empenho “em assegurar uma edição memorável e em elevar, mais uma vez, os padrões de qualidade dentro e fora da pista”.
Também há críticas
Menos positiva foi a reação da associação ambientalista Zero que, em comunicado, “manifesta a sua firme oposição” ao financiamento do evento por parte do Estado.
Entende que a crise climática torna “incompreensível canalizar fundos públicos para promover um evento assente na queima intensiva de combustíveis fósseis e na promoção de comportamentos que contrariam frontalmente os compromissos nacionais e europeus de descarbonização”.
Para a Zero, a Fórmula 1 em Portugal “significa um retrocesso na mensagem” sobre a necessidade urgente de baixar as emissões poluentes e enveredar pela mobilidade sustentável e limpa. A associação também é da opinião que os fundos públicos usados para promover o Grande Prémio “poderiam ter um impacto muito significativo na transição para uma mobilidade limpa e descarbonizada”.
Por fim, a entidade sublinha que “se o Estado quiser apoiar eventos ligados ao desporto automóvel, estes devem ser no sentido da inovação e da sustentabilidade, com competições de veículos 100 por cento elétricos abastecidos por eletricidade renovável”.
