Sem categoria ‘Range anxiety’, o medo de ficar sem carga num carro elétrico

‘Range anxiety’, o medo de ficar sem carga num carro elétrico


Os automóveis elétricos costumam ter menor autonomia do que os equivalentes a combustão ou híbridos. E, por isso mesmo, estão mais associados àquilo que se chama de ‘range anxiety’, ou ansiedade de autonomia.

 

Um estudo de 2011 do Departamento de Engenharia da Universidade de Palermo define assim: “Como ‘range anxiety’, falamos da ansiedade de não ter sucesso, não alcançar o objetivo, uma ansiedade de desempenho. Este é um dos principais obstáculos à disseminação e aceitação social dos carros elétricos”.

E pode também ler-se: “A ansiedade de autonomia é definida como a ansiedade psicológica que um consumidor sente em resposta à autonomia limitada de um veículo elétrico”.

Em termos mais simples e diretos, este é o receio de que o carro não tenha energia suficiente para realizar uma viagem ou tarefa. E, para muitos, é um dos fatores de relutância na hora de decidir sobre a adoção de um veículo 100 por cento elétrico.

Os automóveis elétricos ainda são relativamente recentes e o progresso tecnológico tem sido considerável. Nos primórdios, tinham baixas autonomias (a rondar os 100 km em muitos casos) e existiam poucas estações de carregamento.

A tecnologia avança significativamente em pouco tempo e, hoje, as baterias têm agora maiores capacidades e os pontos de carregamento estão mais generalizados. Também há muitos modelos cuja recarga pode ser feita em poucos minutos. Porém, para muitos, os elétricos ainda não transmitem uma sensação de tranquilidade e confiança como aquela que está associada à combustão – motorizações predominantes que veem desde os primórdios do automóvel.

Autonomia em crescimento

Atualmente, a ‘range anxiety’ justifica-se? Em finais do ano passado, o Departamento de Energia dos Estados Unidos da América divulgou um estudo sobre a autonomia média e máxima de carros elétricos vendidos no país entre 2011 e 2024.

O trabalho mostra que no ano passado a média rondava os 455 km, enquanto em 2011 ficava-se pelos 109 km. O valor médio da autonomia tem vindo a crescer gradualmente e de forma consecutiva desde 2021, assim como a autonomia máxima – que, em 2024, foi de 830 km.

Embora a autonomia média ainda esteja muito aquém da que se encontra em veículos a combustão, em muitos automóveis a ‘range anxiety’ pode já não se justificar tanto: já é possível percorrer distâncias mais consideráveis em vários modelos e a distância entre pontos de carregamento encurtou. Inclusive nas autoestradas, atualmente já são generalizados nas áreas de serviço, diminuindo em muito a probabilidade de ficar parado sem energia a meio de uma deslocação.

Valores reais correspondem aos valores anunciados?

Um dos principais pontos a ter em conta ao falar da ansiedade de autonomia reside na comparação entre valores reais e anunciados – que, como é natural, podem não corresponder na totalidade.

De referir que os valores tipicamente anunciados pelos construtores nos modelos ocidentais são WLTP. Estes testes dão as mesmas condições a todos os veículos, permitindo uma comparação direta. No entanto, observa a Range Rover, são condições e temperaturas controladas, pelo que o desempenho de autonomia no mundo real será diferente com base em vários fatores.

Sobretudo se o carro elétrico já for usado, terá de ter em conta o estado de saúde da bateria. Estes equipamentos degradam-se com o tempo e perdem alguma da sua capacidade original ao longo dos anos – e isso tem um impacto na autonomia, que pode reduzir em alguns quilómetros.

Tal como nos carros de combustão, a forma de conduzir pode ter um impacto considerável nos consumos: acelerações repentinas e velocidades mais elevadas consomem mais energia. Muitos modelos permitem recuperar energia em travagens ou abrandamentos, numa gestão que também pode influenciar a autonomia.

Depois, as condições climatéricas também influenciam, uma vez que as baterias de iões de lítio costumam ter mais dificuldades de operação em temperaturas frias. E o uso de sistemas de climatização também consome energia.

Outro dos dados da equação é o peso transportado: mais peso a bordo significa mais esforço para o carro se mover e, por consequência, mais carga da bateria gasta.

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Bernardo Matias | 14:41 – 16/12/2025

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