A poucas horas de ser desvendado o novo protótipo, a equipa da Formula Student da FEUP vai afinando e preparando os últimos pormenores no motor e no chassi da viatura vermelha.
Foram necessários dois anos e muito trabalho para finalizar o protótipo do carro elétrico de corrida que agora ocupa parte da oficina onde trabalham cerca de 40 estudantes, com 21 e 22 anos.
A ideia de desenvolver o protótipo partiu de Afonso Costa, de 23 anos, e de outros três colegas, Enzo Xavier, Ricardo Seca e Renato Ferreira.
O projeto ganhou dimensão depois da equipa, então com 20 elementos, conquistar o prémio ‘Concept Class’ no Formula Student UK 2022, que decorreu em Silverstone, no Reino Unido. A conquista levou-os a tirar a ideia do papel.
“Trazer um projeto que está no papel para a realidade é completamente diferente”, afirmou à Lusa Afonso Costa, líder da equipa, notando que para aqui chegar tiveram de ser superados vários desafios.
“O carro que está aqui é o culminar de muitas coisas que correram bem, não só a nossa proeza técnica, mas também a nossa capacidade de convencer e trazer patrocinadores, a faculdade e os próprios estudantes”, referiu.
Se alguns componentes foram comprados, mas escolhidos a dedo pelos jovens, os “grandes componentes do carro” foram construídos na oficina, como o chassi e o acumulador, bem como outros tantos elementos da viatura.
Com cerca de 270 quilos (kg), o carro pode atingir uma velocidade máxima de 120 quilómetros por hora, mas dadas as restrições das competições só poderá atingir 60, durante as quais terá uma autonomia de 45 minutos.
Pela frente, os jovens e o protótipo têm três competições internacionais: a Formula Student UK, em Silverstone (Inglaterra), a 1.ª edição da Formula Student Portugal, em Castelo Branco, e a Formula Student Germany, na Alemanha, “a mais importante competição da área”.
E, caberá a Anabela Teles, de 22 anos, a missão de pilotar o protótipo nas provas internacionais.
“Vai ser uma pressão conduzir o carro nas competições porque é um momento em que se vai avaliar se o trabalho que fizemos nos últimos dois anos em termos de eventos dinâmicos compensou ou não, mas estamos a preparar-nos”, afirmou.
A jovem juntou-se à equipa em setembro de 2022, quando ainda estavam a dar “os primeiros passos”, não só pelo gosto pela área do desporto motorizado, mas também pela “experiência enriquecedora” de que poderia fazer parte.
“Foi uma excelente opção, realmente aprendemos aqui muito mais do que, não só o ‘design’, mas ‘design’ preparado para a manufatura e como tornar tudo o que vemos no papel e nas aulas num contexto real e num carro funcional”, referiu.
Depois das competições, o objetivo da equipa é dar continuidade ao projeto, otimizando o carro elétrico, mas também inserindo novas tecnologias como a condução autónoma, desafio que está “no horizonte”.
Para o professor Luís Galamba Carvalho, do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP, a concretização deste projeto prova como os estudantes conseguem “feitos incríveis” se forem apoiados e incentivados.
Enquanto conselheiro da equipa, o docente irá tentar que estas atividades, que “ocupam muito tempo e dedicação dos jovens”, se tornem “patentes dentro da faculdade e universidade”, devidamente compatibilizadas com os ciclos de estudos.
“Estes são os atletas de alta competição da engenharia”, destacou Luís Galamba Carvalho, acrescentando que este tipo de atividades tem, no entanto, de “provar o seu valor”, algo que acredita que os estudantes irão conseguir fazer.
O protótipo será apresentado hoje, a partir das 17:00, na FEUP, num evento onde são esperadas cerca de 300 pessoas.