Com o mercado de pilotos totalmente encerrado no que diz respeito à próxima temporada, a verdade é que temos assistido a diversas movimentações no que diz respeito à entrada / saída de responsáveis de diversas equipas. E nesta sexta-feira de arranque do Grande Prémio do Japão de MotoGP, ficámos a conhecer mais duas grandes novidades!
No que podemos considerar uma verdadeira revolução, a Honda e a Aprilia decidiram renovar os seus projetos na categoria rainha.
Para a Aprilia Racing, a entrada de Fabiano Sterlacchini, que, entretanto, tinha sido dispensado da KTM, significa que a marca italiana consegue rapidamente encontrar um substituto para liderar do ponto de vista técnico o projeto RS-GP.
Sterlacchini tem a experiência para prosseguir com os desenvolvimentos que têm sido feitos pela casa de Noale no seu protótipo, e irá começar a trabalhar com a sua nova equipa italiana a partir de 18 de novembro. Antes da Aprilia, o técnico italiano tinha estado mais de uma década com a Ducati onde chegou mesmo a ser coordenador técnico do projeto de MotoGP, antes de se mudar para a KTM em 2021.
Mas se Sterlacchini está a chegar à Aprilia Racing, a verdade é que alguém tem de sair. E esse alguém é nada menos do que o seu reputado diretor técnico, Romano Albesiano.
Albesiano tem sido um dos rostos do crescimento da Aprilia Racing e do desenvolvimento da RS-GP ao longo dos últimos anos em MotoGP.
O experiente engenheiro italiano, que começou a sua carreira tendo trabalhado na Cagiva 500 do Mundial de Velocidade, mudou-se depois para a equipa de desenvolvimento da aerodinâmica da Mercedes AMG no DTM (campeonato alemão de carros de turismo), passando depois para o mundo das motos novamente onde para além da MV Agusta integrou depois o grupo Piaggio, antes de chegar à Aprilia.
A sua chegada a Diretor de Competição da Aprilia, para substituir Gigi Dall’Igna que tinha saído para a Ducati, foi coroada com o título de campeão de Superbike, por intermédio de Sylvain Guintoli, com a Aprilia RSV4.
Assumiu depois por completo a gestão do projeto de MotoGP da Aprilia Racing, ainda na fase em que a equipa entrava em pista em parceria com a Gresini Racing de Fausto Gresini (que depois viria a passar para a família Ducati, liderada atualmente por Nadia Padovani), e acabou por se ver afastado do que mais gosta de fazer. Romano Albesiano é um engenheiro ‘puro’, e o seu foco perdeu-se com questões relacionadas com a gestão da Aprilia Racing em MotoGP.
Felizmente para ele, a entrada de Massimo Rivola para assumir o papel de CEO da Aprilia Racing, permitiu-lhe recentrar as suas atenções na parte técnica da Aprilia RS-GP.
A partir da temporada 2019 tivemos então Romano Albesiano a testar novas ideias, e, em particular, novas soluções aerodinâmicas que ajudaram o protótipo de Noale a tornar-se numa moto vencedora na categoria rainha. Nomeadamente as carenagens efeito solo, que outros fabricantes têm tentado replicar.
A Aprilia Racing passou a ser uma equipa desejada pelos pilotos, ao contrário do que acontecia ainda há não muito tempo, quando até pilotos jovens de Moto2 recusavam subir à categoria rainha por não acreditarem na competitividade da RS-GP. Aliás, basta referir que em 2025 terão ao dispor Jorge Martin, atual líder do campeonato que poderá chegar como campeão, e Marco Bezzecchi que é um dos bons valores neste campeonato.
Esta chegada de Romano Albesiano para assumir a liderança no desenvolvimento da Honda RC213V presume uma completa mudança de mentalidade por parte do HRC, que manteve, durante décadas, uma filosofia maioritariamente apoiada em técnicos e engenheiros japoneses.
Face à falta de resultados e baixa competitividade evidenciada nos últimos anos, a Honda altera a sua postura, replicando o que a Yamaha fez quando contratou Max Bartolini à Ducati.
Quem já reagiu a esta contratação por parte da Honda foi Alberto Puig. O diretor de equipa da formação de fábrica Repsol Honda refere que “Era uma coisa que estávamos à procura. Temos tentado esta possibilidade e acreditamos que o Romano é um complemento para esta filosofia da Honda. Tem uma grande experiência. Vai ser um tempo novo, novo programa, e estamos realmente satisfeitos na empresa. Ele vai ser um grande, grande apoio para os nossos técnicos e em conjunto penso que poderão traçar um grande plano. Estamos muito entusiasmados. Existiu um bom entendimento com a Aprilia, o que era necessário, e o que queríamos. Não era um caso de quem se mexia primeiro. É porque no próximo ano teremos o Romano. A Honda precisa deste tipo de personalidade e carisma, com a sua visão. Vai ser bastante interessante poder ter um ponto de vista diferente. Essa era a principal razão pela qual queríamos fazer isto”.
Veremos a partir do próximo ano quem sai a ganhar com estas mudanças e, principalmente no caso da Honda, se a entrada de Romano Albesiano que trará uma filosofia de trabalho que todos dizem ser bastante diferenciada dos técnicos e engenheiros japoneses, permitirá à marca japonesa elevar o patamar competitivo do protótipo RC213V.
Recordamos que praticamente de uma só vez, a Honda e HRC vão ‘pescar’ à Aprilia Racing o piloto Aleix Espargaró, que passará a ser piloto de testes da marca japonesa, e agora conseguem garantir Romano Albesiano, o ‘guru’ que conseguiu transformar os destinos da Aprilia em MotoGP.
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