Num período em que o MotoGP se apresenta como uma competição cada vez mais ‘especializada’, em que para além dos motores, eletrónica ou componentes da ciclística os fabricantes procuram soluções aerodinâmicas diferenciadas, dificilmente se pensaria que seria possível competir, e ser competitivo, pilotando uma moto sem as famosas asas.
Mas foi isso mesmo que Raul Fernandez (Trackhouse Racing) fez no recente Grande Prémio da Austrália.
Na corrida principal de domingo no circuito de Phillip Island, o piloto espanhol conseguiu ser 10º classificado, sem que a sua Aprilia RS-GP24 estivesse equipada com asas.
Uma situação que apenas foi possível porque os regulamentos de MotoGP permitem alterar a aerodinâmica homologada dos protótipos da categoria rainha, ou seja, remover as asas sem alterar o perfil da carenagem em que estão aplicadas, por questões de segurança (vento intenso). Uma exceção à regra que apenas pode ser usada no circuito australiano.
Agora, aproveitando as habituais conferências de imprensa que antecedem o Grande Prémio da Tailândia – clique aqui para ver os horários completos –, Raul Fernandez aproveitou para explicar melhor o que sentiu ao pilotar a sua Aprilia sem as asas montadas nas carenagens.
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De acordo com o piloto da Trackhouse Racing, “Foi uma boa surpresa. Entendemos muitas coisas sobre a moto, com a qual estamos agora a ter muitas dificuldades. Por isso foi um bom teste para o futuro. Fiz 5 voltas no Warm Up sem asas e fui direto para a corrida. Na primeira volta estava em 17º porque o arranque não é a melhor coisa na nossa moto. Mas depois disso, o ritmo foi bastante bom, bastante competitivo. Vi que a diferença para os quatro primeiros foi praticamente a mesma em toda a corrida. Com o mau arranque eu não conseguiria estar a lutar lá (nesses lugares), mas tinha o ritmo para estar lá”, começou por explicar Raul Fernandez já no circuito Chang International no arranque do Grande Prémio da Tailândia.
Tal como muitos dos pilotos que atualmente competem em MotoGP, o espanhol também não competiu na categoria rainha sem ter o seu protótipo equipado com asas. E este teste em situação de corrida permitiu-lhe sentir coisas novas:
“É diferente pilotar esta moto. Por causa disso (ausência das asas), fui-me sentindo melhor volta após volta. E na parte final da corrida fui bastante rápido. Depois de um fim de semana de Grande Prémio e da corrida longa, sinto-me sempre super cansado. Mas acabei a corrida de Phillip Island e disse à equipa que se quisessem eu podia fazer outra corrida”, referindo-se ao facto de a Aprilia RS-GP24 sem asas ser significativamente menos física de pilotar ao longo de uma corrida de MotoGP.
Do ponto de vista físico, Raul refere mesmo que “É fantástico. A moto é zero (esforço) fisicamente, e isso é algo que teremos de ver para o futuro”, relativamente ao pacote aerodinâmico que a Aprilia está a desenvolver para a temporada 2025, ou até mesmo para a temporada 2027, quando entrar em vigor o novo Regulamento Técnico que obrigará os fabricantes a usarem asas e apêndices aerodinâmicos de menor dimensão.
Esta situação tão especial em MotoGP levou também o piloto de testes da Aprilia, Lorenzo Savadori, a falar sobre o tema das asas e a utilização de protótipos de MotoGP sem as asas montadas nas carenagens.
Para o experiente piloto italiano, que ajuda no desenvolvimento do protótipo de Noale há vários anos, isto apenas foi possível porque “O circuito de Phillip Island é muito especial, único, com muita velocidade elevada. Não existe travagem forte. Num circuito normal prefiro, claro, as asas. As asas ajudam muito na travagem, entrada em curva, cavalinhos, e funcionam bem de uma forma geral. Mas o Raul foi rápido em Phillip Island, por isso é um bom resultado para ele e também para os engenheiros que recolheram dados que podem considerar para a aerodinâmica de 2025”.
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