A atravessar um período muito difícil financeiramente, a Nissan conseguiu obter 860 mil milhões de euros (equivalente a cinco mil milhões de euros) em emissão de nova dívida. A verba destina-se a aumentar a liquidez e a financiar projetos de longo prazo.
Do total captado, 660 mil milhões de ienes (3,89 mil milhões de euros) correspondem a obrigações denominadas em dólares norte-americanos e euros combinados, e 200 mil milhões de ienes (1,18 mil milhões de euros) em obrigações convertíveis em ienes, informou a empresa.
A Nissan sublinhou, em comunicado, que a procura foi maior do que a oferta de dívida, “refletindo a confiança dos investidores no plano de recuperação” da empresa.
A fabricante pretende usar parte do dinheiro para pagar dívida já existente, especialmente as obrigações que têm de ser pagas durante o atual ano fiscal, que termina a 31 de março de 2026.
A Nissan referiu que terá entre quatro e dez anos para pagar a dívida, que será também usada para apoiar planos a médio e longo prazo.
A empresa prometeu investimentos em novos produtos e tecnologias, como automóveis elétricos e veículos de última geração cujos programas podem ser atualizados através da Internet.
Após o anúncio, as ações da Nissan chegaram a subir 2,24% durante a sessão de hoje na bolsa de valores de Tóquio e estavam ainda a ganhar 1,55% às 13:10 (05:10 em Lisboa).
Em 24 de junho, o presidente e diretor executivo da Nissan, Iván Espinosa, apresentou aos acionistas um plano de reestruturação que prevê o despedimento de 20 mil trabalhadores em todo o mundo, num esforço para regressar à rentabilidade.
Espinosa, que foi nomeado novo presidente e diretor executivo da empresa no passado mês de abril, pediu desculpa aos acionistas pela deterioração da situação financeira da Nissan e prometeu envidar todos os esforços para inverter a situação.
Numa reunião realizada na sede da Nissan, em Yokohama (a sul de Tóquio), os acionistas votaram a favor da nomeação do executivo mexicano e de outras mudanças na liderança da empresa, incluindo a inclusão de executivos externos no seu conselho de administração.
A Nissan registou um prejuízo líquido de 670,9 mil milhões de ienes (4,12 mil milhões de euros) no ano fiscal que terminou em 31 de março, devido à forte depreciação dos ativos, ao aumento dos custos operacionais e à queda das vendas globais, especialmente na China, onde a empresa japonesa enfrenta uma concorrência crescente.
Além dos despedimentos globais, o terceiro maior fabricante japonês de veículos planeia reduzir o número de fábricas das atuais 17 para dez, diminuindo assim o volume de produção global em 30%, excluindo na China.
A empresa automóvel japonesa já tinha anunciado o encerramento de sete fábricas até 2027, em maio, e o despedimento de nove mil trabalhadores, a nível mundial, em novembro.
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