Cinco anos depois do Brexit, a indústria automóvel britânica continua a apresentar bons resultados – tendo reagido bem às mudanças no comércio bilateral entre Reino Unido e União Europeia.
Um relatório da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Automóveis (SMMT) britânica, recentemente divulgado, revela que o setor automóvel do país gerou, em 2024, 115 mil milhões de libras em importações e exportações. Este ano, está a caminho de superar os 110 mil milhões de libras pelo terceiro ano seguido.
Desafios
Em causa está o comércio não só de viaturas, como também de peças e componentes, para vários países do mundo. Segundo a SMTT, com o Brexit “o setor teve de absorver custos significativos de novos requisitos alfandegários e fronteiriços, enquanto enfrentou outras barreiras reguladoras e tarifárias e tentou garantir milhares de milhões de libras para investir na eletrificação e noutras novas tecnologias“.
Neste momento, passados cinco anos, ainda nem tudo é claro nas definições de comércio de “componentes de bateria chave”, assinala a associação industrial, que recordou as “regras mais apertadas da origem de veículos elétricos que devem entrar em vigor em menos de 16 meses”.
A SMTT fala de um desempenho inferior no comércio automóvel bilateral Reino Unido/UE face àquele que o país tem com o resto do mundo, registando-se o “abrandamento dos valores das exportações e importações” com Bruxelas. E sublinha a importância da UE para o setor automotivo britânico, já que representa “mais de metade das exportações de automóveis”.
É, também, assinalada a ligação intrínseca entre a indústria automóvel comunitária e a do Reino Unido, mesmo depois do Brexit, já que foram gerados 68,4 mil milhões de libras no comércio automotivo anual em 2024 – mais 59 por cento de todo o valor no Reino Unido.
Maior proximidade e mais clareza
A indústria automóvel britânica defende uma maior proximidade com a União Europeia, por forma a ajudar a “proteger” o negócio. E recorda a relevância crescente dos veículos elétricos e eletrificados, com investimentos significativos de ambos os lados do Canal da Mancha.
Neste particular, de junho de 2024 a junho deste ano os fabricantes da UE enviaram 17,6 mil milhões de libras em viaturas elétricas para o Reino Unido – mais do dobro por comparação com a China. Um crescimento que, diz a SMTT, “está em risco devido à falta de clareza em relação aos requisitos mais rigorosos das regras de origem” que vão entrar em vigor em 2027.
Assim, fica o apelo da indústria automóvel britânica ao governo do país para trabalhar no sentido de existir clareza e para a reintegração na Convenção Pan-Euro Mediterrânica sobre as regras de origem.
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