A Stellantis é um dos maiores grupos automóveis do mundo, reunindo mais de uma dezena de marcas entre Estados Unidos da América, França e Itália. O antigo diretor-executivo, Carlos Tavares, tem sérias preocupações com a coesão das operações europeias e americanas.
No cargo até dezembro do ano passado, o dirigente liderou a fusão entre a PSA e a FCA criando, assim, o grupo em 2021. Acabou por sair num momento em que se assistia à quebra de lucros e num contexto de diversos desafios. E, sob a sua liderança, existiram várias reduções de empregos na empresa.
Segundo a Bloomberg, o antigo líder da Stellantis escreveu no livro ‘Un pilote dans la tempête’ publicado esta quinta-feira (23 de outubro): “Estou preocupado com a quebra do equilíbrio a três partes entre Itália, França e EUA”.
No entender de Carlos Tavares, o futuro coeso do grupo dependerá de uma atenção constante à união, perante o risco de ser levado em direções diferentes.
E o português pondera até a possibilidade de as operações europeias serem adquiridas por um construtor chinês: “Um cenário possível, e há vários outros, poderia ser um dia um construtor chinês fazer uma proposta pelo negócio europeu, com os americanos a recuperarem as operações na América do Norte”.
De recordar que, em 2023, a Stellantis tornou-se acionista estratégica da Leapmotor, pagando 1,5 mil milhões de euros por cerca de 20 por cento do fabricante chinês.
O momento não é fácil para a Stellantis, que enfrenta a exigente concorrência chinesa, baixa procura e desafios que afetam o mercado como as tarifas dos Estados Unidos da América. Este mês, encerrou temporariamente várias fábricas na Europa, onde as rigorosas regras de emissões poluentes estão a condicionar a produção local.
No entender de Carlos Tavares, a sua saída veio pôr em causa as operações francesas: “Não tenho a certeza se os interesses franceses que sempre tive no coração, acreditem ou não, sejam tão bem defendidos“.
A sucessão do português ficou entregue a Antonio Filosa, que tem vindo a reestruturar as operações. Há poucos dias, foi anunciado o investimento de 13 mil milhões de dólares nos Estados Unidos da América nos próximos anos – o que preocupa sindicatos europeus.
Nos EUA, a Stellantis possui a Chrysler, Dodge, Jeep e Ram Trucks. As restantes marcas do grupo são europeias, da Alemanha (Opel), França (Citroën, DS e Peugeot), Itália (Abarth, Alfa Romeo, Fiat, Lancia e Maserati) e Reino Unido (Vauxhall).
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