Os últimos dias têm sido marcados pelo mau tempo em Portugal Continental e, nas semanas recentes, já se nota que as temperaturas têm descido. E isso tem impacto no funcionamento dos carros elétricos – cuja autonomia pode reduzir.
As reações químicas das baterias são afetadas, ao tornarem-se mais lentas com o frio, e isso resulta em perda de autonomia.
Em dezembro do ano passado, a ‘What Car?’ noticiou que tinha testado três modelos de fabricantes diferentes no verão e no inverno, concluindo que com tempo frio todos “ficaram, em média, 18 por cento aquém da distância alcançada no verão“.
Já na Austrália, o Electric Vehicle Council – que representa a indústria dos veículos elétricos no país – escreve na sua página: “Em tempo muito frio (geralmente, abaixo de zero), o veículo pode precisar de usar energia para aquecer as células de baterias e isto pode reduzir a autonomia de condução”.
E sublinhou ainda: “Claramente os veículos elétricos conseguem ter um bom desempenho em condições de frio, mas provavelmente não terão a mesma autonomia do que em regiões mais quentes”.
Nos Estados Unidos da América, a Associação Automóvel Americana (AAA) fez um estudo com vários automóveis, testados a três temperaturas diferentes. O trabalho concluiu que, com uma temperatura ambiente de 6ºC, a autonomia desceu 12 por cento ao comparar com os testes a 24ºC.
O sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado esteve associado a uma diminuição de 41 por cento da autonomia em condução combinada quando foi utilizado a 6ºC. Este sistema pode resultar “uma significativa perda monetária” em determinadas temperaturas ambiente.
Com o tempo frio a deixar o interior dos automóveis mais frios e com os vidros a tenderem para embaciar, é necessário usar mais energia. A climatização dos elétricos depende das baterias, enquanto os carros de combustão têm calor residual que pode tornar o processo mais eficiente.
O tempo de carregamento também pode sofrer um impacto. De acordo com a Volkswagen UK, temperaturas baixas podem torná-lo mais demorado, em particular se a bateria estiver também fria.
O que fazer para maximizar a autonomia com tempo frio?
O Departamento de Energia dos Estados Unidos da América propõe várias medidas de utilização fáceis de adotar para mitigar a quebra da autonomia do automóvel.
Deve ponderar recarregar a bateria para um nível entre 80 e 100 por cento, em conformidade com as condições e com as suas necessidades de condução.
Por outro lado, estacionar num parque coberto pode minimizar o impacto do frio no veículo, pois este passa a ficar abtigado.
Quanto à climatização, se existir pré-condicionamento, deve usar este recurso enquanto o carro está a carregar, uma vez que assim vai aquecer o habitáculo e garantir que a bateria tem a carga desejada. Nos casos em que não há pré-condicionamento, pode amenizar a temperatura interior alguns minutos antes de conduzir para otimizar o desempenho das baterias.
Há quem sugira manter a temperatura do habitáculo mais baixa e recorrer aos bancos e volante aquecido, se o automóvel tiver esses recursos. No entanto, após realizar um estudo, a Consumer Report ressalva que “o benefício nominal não vale o compromisso”.
Do ponto de vista do carregamento, a Volkswagen UK aconselha a carregar o carro quando a bateria ainda está quente, para além da colocação da wallbox num espaço interior. Também não deve deixar a bateria esgotar completamente.
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