Ana Varela é um dos talentos da ficção portuguesa. Aos 37 anos de idade, leva quase duas décadas de carreira, participando em várias produções de destaque no pequeno e no grande ecrã.
A atriz, que é também embaixadora da BMW em Portugal, é a primeira convidada do Auto ao Minuto na rubrica “Ao volante com”, em que vamos falar com figuras públicas oriundas de diferentes setores para perceber a relação que têm com os automóveis.
Como te descreverias como condutora? Tens bons (ou maus) hábitos que possas partilhar?
Se calhar a palavra é apaixonada, porque sempre fui um bocadinho maria-rapaz. Jogava futebol de 11 – que é uma coisa que muitas pessoas não sabem – e sempre gostei muito de carros. Aliás, eu era miúda e já sabia qual era o carro que ia ter, e era muito fascinada por carros. O meu pai também tinha esta paixão pelos carros, então acho que fui um bocadinho contagiada por isso. Então, acho que, enquanto condutora, sou apaixonada.
Hoje, tenho uma relação um bocadinho diferente com o carro: vejo como aquela paixão acolhedora. Imagina: há um dia em que não estou muito bem, pego no carro, vou andar de carro e, de certa forma, limpa-me a cabeça. Mas, sim, apaixonada talvez seja a minha relação com os carros.
Falaste do teu pai. Tinha alguma ligação em especial aos carros, ou era apenas apaixonado?
Era só apaixonado, consumidor, condutor normal. Não era piloto, mecânico, nada em especial. Era só apaixonado. Hoje em dia já não é isso, mas se calhar antigamente era muito uma conversa que era muito entre pai e filho. Nós tínhamos conversas entre pai e filha.
O carro que mais marcou Ana Varela
BMW i3, o percursor elétrico da marca© Shutterstock
Falaste dos carros que idealizavas ter. Há algum carro que fazia ou ainda faça o teu imaginário?
Olha… lembro-me imenso – acho que já nem existe – mas na adolescência quando há um deslumbramento, não conseguimos bem explicar as nossas decisões, lembro-me imenso de ter um fascínio pelo [BMW] Z3. Hoje, já não é um carro que sequer me fascine. O carro que tive e que mais me marcou foi o i3. Foi o carro que veio abrir as portas todas há 10/12 anos em relação à mobilidade elétrica. Era um carro super icónico, super prático, super citadino, diferente – o facto de abrir as portas de forma diferente. Esse foi, sem dúvida, o carro que mais me marcou e que tive maior pena de me desfazer.
Acabamos por nos apegar aos carros, não é?
Completamente. Ainda por cima, foi com ele que aprendi toda esta viragem para a mobilidade elétrica, então ainda foi mais marcante porque marca ali uma mudança na minha relação com a mobilidade. E foi muito difícil, realmente, quando tive de me desfazer dele. E tive muita pena que a marca – a BMW – tenha descontinuado o modelo porque, sem dúvida acho que é um carro que era muito válido no cenário atual. Mas eles lá têm os seus critérios de decisão. Mas, sim, era um carro a que me apeguei de alguma forma e que me custou desfazer-me dele.
Conduzir na era da mobilidade elétrica
Ana Varela a segurar um cabo de carregamento de carros elétricos.© Martim Torres
Houve alguma mudança drástica na tua forma de conduzir com a chegada de carros elétricos e de carros híbridos?
Sim. Esta obsessão pelo consumo, pelas médias de consumo e pela eficiência. Passou a ser uma questão em cada viagem e não era. Claro que havia preocupações com o consumo, mas era de uma forma mais geral. Hoje em dia, posso dizer que há uma competição de mim comigo própria para baixar os consumos médios e, dessa forma, esticar ao máximo a eficiência do carro. E isso, antes, não era a minha grande preocupação.
Noto também, mas isso talvez tenha a ver com a idade, que sou uma condutora mais calma. Noto também que este silêncio da mobilidade elétrica traz outra forma de apreciar a viagem. Quase que é ali uma bolha; como eu disse há pouco, num dia em que não estou muito bem desligo tudo, vou só em silêncio e num carro elétrico o silêncio é vivido de uma forma ainda mais intensa, ainda mais prazerosa. Então, tudo isso mudou um bocadinho.
Achas que os carros elétricos vieram trazer essa responsabilidade aos condutores ao incentivarem essa procura por eficiência?
Engraçado, sim, porque eles vêm trazer uma maior consciência ao condutor. Nunca tinha pensado nas coisas dessa forma. Realmente, a mobilidade elétrica veio propor uma redução da pegada carbónica no setor da mobilidade, mas pelas suas não emissões ou porque em todo o seu ciclo de vida acaba por ter um menor impacto. Mas a verdade, e tens muita razão, é que conduzir um carro elétrico traz uma maior consciência ao condutor e meio que lhe pede isso: pede-lhe um maior controlo dos custos. Também porque os carros agora são muito mais tecnológicos e dão muitas mais informações sobre tudo, nós temos bastante noção do que custa encher a carga e como ela se vai. Então, de como gerir esse recurso que é a energia.
Então, acho que temos muito mais consciência de cada decisão. Se subir a velocidade e, num dia de calor, aumentar o ar condicionado, eu sei automaticamente o impacto que isso tem nos quilómetros disponíveis na minha bateria. Então, isso traz-me uma maior consciência e isso leva-me a ser mais eficiente nas minhas escolhas ao volante. É verdade. Esta solução que é a mobilidade elétrica para a descarbonização do setor automóvel educa também os condutores para a eficiência. É verdade.
Mobilidade elétrica: “É importante não retroceder”
Ana Varela ao volante de um BMW iX© João Filipe
Tendo em conta que as alterações climáticas são uma problemática urgente, acreditas que as figuras públicas devem dar o exemplo nesta transição que está a demorar mais do que se esperaria?
É óbvio que sim. As figuras públicas e as pessoas em geral. As figuras públicas têm, sim, uma voz maior e estão sob maior observação – são mais observadas nos seus comportamentos. Ainda por cima, hoje com as redes sociais e etc., e se calhar têm o poder de influenciar mais pessoas. Mas eu acho que isto é uma mudança que deve ser levada a cabo por todos nós. É uma mudança que está a demorar mais tempo do que o expectável? É uma mudança arrojada, atenção: redes de carregamento, sistemas de produção, conseguir convencer o consumidor a uma mudança tão grande de hábitos. Até acho que, no nosso caso em Portugal, estamos a fazê-lo bastante bem.
É importante não retroceder, e vejo várias marcas a tomar uma posição de voltar aos híbridos. Eu tenho uma posição muito clara: eu acho que os híbridos não são uma solução. Aliás, há vários relatórios da União Europeia que mostram que os híbridos, às vezes, têm uma pegada carbónica ainda pior do que um carro a combustível. Têm dois sistemas na sua composição, ou seja, o custo ambiental de colocar dois sistemas no mesmo carro é ainda maior. Vejo muitas marcas a retrocederem nesta missão de incentivar a mobilidade 100 por cento elétrica e a retroceder para os híbridos. É importante não o deixar fazer.
E, claro, estou sempre a falar da realidade europeia. Não estou a falar de outras zonas do planeta em que, por exemplo, a energia renovável não é uma solução tão acessível e aí se calhar a mobilidade elétrica não é a melhor das soluções. Mas, para a Europa, sim, temos essa responsabilidade, estamos “mais à frente” e temos essa responsabilidade enquanto cidadãos. E as figuras públicas ainda mais, por serem influenciadoras de comportamentos.
Embaixadora da BMW em Portugal
És embaixadora da BMW em Portugal. Como é poder acompanhar de perto as novidades da marca?
É muito empolgante. Estar tão perto de uma marca… imagina, foi o primeiro carro que eu conduzi. Era o carro da minha mãe, assim que eu tirei a carta, um BMW foi o primeiro carro que eu conduzi. E acho que é uma marca icónica. Poder estar tão perto da marca e a acompanhar esta transformação da marca para modelos elétricos e com preocupações que são também tão minhas – em relação à sustentabilidade, à eficiência e à descarbonização do setor – é super entusiasmante.
Por exemplo: quando me convidaram, em julho passado, para ir à Alemanha conhecer o novo iX3 com uma tecnologia já muito mais avançada, muito mais eficiente, com um passo muito mais à frente da mobilidade – e ver também o entusiasmo da marca a atingir estas novas conquistas que sinto quase minhas. Ainda por cima, eu entrei há cinco anos, exatamente quando a marca começou a comunicar mais esta transição para a mobilidade elétrica. Então, sinto-me muito parte desta revolução dentro da BMW e é com muito entusiasmo que continuo a vestir esta camisola. Porque a sinto tão minha e identifico-me tanto com as preocupações, com os novos modelos que estão a sair e com a história da marca. É muito giro.
Ainda por cima… se eu pudesse contar à Ana adolescente ou criança que, daí a uns anos, ia ser embaixadora de uma marca – da BMW – que sempre viu em casa e sempre seguiu, icónica, com certeza seria muito divertido!
“Escolhi o carro que me prometia um menor consumo”
Ana Varela junto de BMW iX1© Divulgação Ana Varela
E na tua garagem, que carro ou carros tens e o que gostas mais nele ou neles?
Só tenho um iX1. É o iX1 que faz as voltas todas cá em casa. Eu escolhi o iX1 da BMW especificamente pela sua eficiência. É o mais leve e o mais eficiente da mobilidade elétrica neste momento, e esse para mim é o critério número um. Eu analisei os consumos de todos os modelos e o que me prometia um menor consumo era o iX1 e foi exatamente esse que eu escolhi.
E, depois, gosto muito da cor dele. É uma cor diferente, é uma cor nova do ano passado, é um verde água. Sendo o verde a minha cor favorita, faz muito sentido. Portanto, tenho um iX1 com um consumo médio de 15,3 kWh/100 km e verde água – a minha cor favorita.
E é uma cor que também remete para um carro amigo do ambiente.
Exatamente. Mas já era. As pessoas perguntam, “mas é verde por causa do teu posicionamento, por causa das tuas questões com a sustentabilidade? “. Não, foi verde desde sempre, desde que eu era pequenina!
Tens alguma estória ou situação caricata que possas contar sobre a tua relação com os carros nos bastidores?
Lembro-me perfeitamente quando estávamos a gravar o “Km 244”, um filme do António-Pedro Vasconcelos, onde a BMW também entrou. Ou seja, a minha personagem – a Cláudia – conduzia um BMW. Um carro maior, um carro familiar. Nós precisávamos de gravar uma cena, e o operador de câmara precisava de ir para os bancos traseiros para me filmar a entrar no carro no lugar do condutor.
Havia aquele apoio para a cabeça que, em toda a minha vida, bastava premir os botões de lado, puxar para cima que ele saía. Ora, naquele modelo não saía de jeito nenhum. Então, lembro-me: “Espera, espera, vou ligar para o Gonçalo” – que é a pessoa que faz o apoio técnico na BMW – “e nós vamos resolver esta situação”.
Então, estávamos em plenas filmagens e eu a ligar ao Gonçalo da BMW para ele me explicar como é que, naquele modelo específico, se tirava o apoio de cabeça para conseguirmos filmar aquela cena. Porque, senão, seria impossível porque a câmara precisava de recuo e precisava de me apanhar, e naquela posição não ia dar. Então, o Gonçalo lá me disse o que fazer, lá saiu o apoio de cabeça e lá conseguimos filmar a cena. Lembrei-me desse episódio.
Carros da ficção? “São estes os três primeiros que me vêm à cabeça”
K.I.T.T., o carro inteligente de “O Justiceiro”© Shutterstock
Muitos carros tornaram-se ícones no pequeno ou no grande ecrã. Se eu te falar em carros da ficção, que modelos te vêm à cabeça. E há algum que te tenha marcado?
O K.I.T.T. – que não sei que modelo era, mas lembro-me automaticamente do Kitt. Lembro-me também, nos anos 1990… não me lembro do nome da série, eu era muito pequenina. “Soldados da Fortuna”, tinham um carro muito alto – uns jipes, quase, todo-o-terreno, com luzes e rodas muito grandes. Lembro-me dos “007”, dos Aston Martin, por exemplo. São esses os três primeiros que me vêm à cabeça.
Mencionaste o Kitt que, nos dias de hoje não parece tão futurista como na altura…
Hoje em dia, os carros são, realmente, super tecnológicos, já falam connosco, já fazem tudo. Mas, naquela altura, o Kitt era incrível. Sabíamos lá nós o que ia acontecer.
Que dicas e conselhos darias aos condutores portugueses?
[Riso]. Andem mais devagar, é mais eficiente. Não provoquem tanta confusão no trânsito. Partilhem mais as viagens. Antigamente, quando vivia em Algés, em Lisboa, quando ia para o trabalho, eu levava todas as pessoas daquela zona comigo. Ou seja, é possível partilhar viagens e assim também reduzimos a quantidade de carros nas estradas e os engarrafamentos na cidade de Lisboa, por exemplo. Agora preciso de ir para Lisboa e já estou preocupadíssima com o trânsito que vou encontrar para entrar.
E que escolham, sempre que possível, a mobilidade elétrica. Não sei se será o futuro, mas no panorama atual é, sem dúvida, a mais consciente.
