Afinal, a União Europeia pode recuar e ter uma postura mais flexível quanto ao futuro dos motores de combustão. Atualmente, está prevista a sua proibição total a partir de 2035.
No entanto, há vários apelos no setor automóvel para que isso não aconteça, até porque a adoção de veículos elétricos decorre a um ritmo abaixo do esperado. Vários construtores já tiveram de adiar os seus planos de eletrificação.
A revisão das metas climáticas e as medidas para o setor só estava prevista para 2026, mas Bruxelas antecipou as medidas para a reta final deste ano – tendo em conta as preocupações urgentes na indústria automóvel.
Também a Alemanha quer uma abordagem diferente e, recentemente, o chanceler Friedrich Merz terá enviado uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na qual pede a permissão de motores de combustão de alta eficiência.
Numa recente entrevista ao Handelsblatt, o comissário europeu para os transportes, Apostolos Tzitzikostas, disse que a missiva “foi muito bem recebida” e deixou uma garantia: “Estamos abertos a todas as tecnologias“.
Os novos regulamentos comunitários deverão “incluir o papel dos combustíveis de zero emissões e baixas emissões e biocombustíveis avançados“, segundo o grego – que sublinhou a importância de a transição para motorizações amigas do ambiente deve ser “viável economicamente e socialmente justa”.
Segundo o já referido jornal alemão, o que está em cima da mesa é que os motores de combustão possam continuar a ter o seu espaço desde que sejam alimentados por combustíveis ecológicos – o que obrigará não só o setor automóvel, como também a indústria petrolífera, a adaptar-se.
Apostolos Tzitzikostas frisou também: “Queremos manter os nossos objetivos, mas temos de considerar todos os desenvolvimentos geopolíticos recentes. Temos de garantir que não colocamos em causa a nossa competitividade e, ao mesmo tempo, ajudamos a indústria europeia a manter a sua liderança tecnológica”.
A ponderação dos órgãos governativos comunitários também inclui a cadeia de valor e possíveis medidas como o “critério de preferência da UE”.
Revisão dos planos só em 2026?
A União Europeia previa apresentar os novos planos para o futuro das metas ambientais no setor automóvel a 10 de dezembro. Contudo, o mesmo comissário admitiu que a data poderá ser adiada para 2026: “Continuamos a trabalhar no duro para estarmos prontos até 10 de dezembro. No entanto, há uma possibilidade de nos atrasarmos um pouco“, disse.
O comissário sugeriu que o atraso pode ser de semanas e poderá não estar preparado antes de janeiro de 2026. O pacote poderá incluir novos incentivos para carros elétricos em frotas de empresa, para além do alívio dos limites de dióxido de carbono.
O setor automóvel europeu enfrenta um momento delicado em plena fase de transição para motorizações mais limpas. Debate-se para se manter competitivo, enquanto tem de responder às regras de emissões quando a adoção de motorizações mais amigas do ambiente ainda é lenta para o ritmo que seria necessário de forma a cumprir as metas atualmente estipuladas.
Por isso mesmo, há construtores que defendem que a meta de banir os motores de combustão em 2035 é irrealista. Ainda no início de novembro, a Associação de Construtores Automóveis Europeus (ACEA) sublinhou: “Com os objetivos de dióxido de carbono da Europa para 2030 e 2035 para carros e furgões a fugirem do alcance, a ACEA apela a uma abordagem mais inteligente e mais realista que reconheça os diferentes desafios dos carros e furgões e apoie uma transição para a mobilidade zero emissões competitiva e guiada pelo consumidor”.
