BMW iX3 só chega em março, mas já o testámos. As primeiras impressões

A BMW aposta forte na Neue Klasse, a próxima geração de modelos que estreia novas tecnologias e um novo design. O primeiro membro da família é o novo iX3, um SAV totalmente elétrico revelado em setembro passado.

As reservas já abriram, estando prevista a chegada aos clientes em março do próximo ano. Mas, antes disso, o Auto ao Minuto já teve a oportunidade de experimentar o iX3 50 xDrive, num evento de imprensa da BMW no sul de Espanha – mais concretamente, na região entre Málaga e Gibraltar.

O iX3 não só inaugura a Neue Klasse, como também estreia a sexta geração da tecnologia BMW eDrive, proporcionando um motor síncrono no eixo traseiro e um assíncrono à frente. O resultado é tração integral, com uma potência máxima de 469 cv e binário de 645 Nm.

Apesar de ser um carro de dimensões consideráveis (4.782 milímetros de comprimento, 1.895 milímetros de largura e 1.635 milímetros de altura) e de ter uma bateria grande com 108,7 kWh de capacidade, o peso é surpreendentemente baixo – 2.360 kg.

A condução em estrada

Traseira do BMW iX3© Uwe Fischer / BMW  

Não foi um teste extenso – cobrimos pouco mais de 100 km em estradas nacionais, tendo ainda possibilidade de completar três voltas numa pista. Em via pública, percorremos autoestrada e estradas de montanha, ficando com uma amostra das potencialidades do automóvel.

Também subimos muito em altitude – de menos de 100 metros à partida, chegámos a andar a mais de 1.000 metros de altitude, com uma descida de temperatura significativa a exigir mais do sistema de climatização.

Sentimos um automóvel com uma suspensão muito eficaz, absorvendo bem as irregularidades da estrada. O sistema é composto por um eixo de suspensão com mola de junta dupla à frente e um eixo de cinco ligações atrás, em ambos os casos fabricados em alumínio e aço.

Também consideramos que se apresentou como um automóvel ágil, equilibrado nas sinuosas estradas de montanha e com uma direção leve (incluindo em modo Sport) que não exige grande esforço ao condutor. E ainda menos exige graças às assistências à condução.

Não sendo um automóvel totalmente autónomo, surge com condução automatizada. Ao ativar estes recursos, o iX3 é muito competente ao controlar a direção e a velocidade por si mesmo, antecipando até os novos limites de velocidade à frente.

De facto, em alguns momentos sentimo-nos quase como passageiros. Mas desengane-se se pensar que o carro permite que o condutor esteja distraído: com desvios de olhar mínimos, fomos “penalizados” com o aviso correspondente no head-up display. Consideramos que, por vezes, foi um pouco intrusivo e excessivo, mas nada que prejudique a experiência no seu todo.

O assistente em autoestrada cumpre o que promete: um toque leve no pedal do travão não desativa automaticamente a automação, abrandando apenas o carro que, depois, volta à velocidade pretendida.

São anunciados consumos (ciclo WLTP combinado) entre 17,9 e 15,1 kWh a cada 100 km, para uma autonomia que pode chegar aos 805 km. Passando por autoestradas e estradas sinuosas de montanha, tivemos um consumo médio a rondar os 23 kWh – o que acaba por estar em linha com o anunciado para a condução em autoestrada (22,7 kWh – 19,4 kWh por 100 km), mas não em situações mistas como foi o caso.

E, por falar em bateria, devemos mencionar aqui os tempos de carregamento prometidos. Não tivemos oportunidade (nem necessidade) de as experimentar neste teste rápido em Espanha, mas o carro é anunciado com uma capacidade de carregar dos 10 aos 80 por cento em apenas 21 minutos numa potência de 400 kW, numa estação de carregamento rápido. Já numa wallbox doméstica, a 11 kW, o tempo para repor dos 0 aos 100 por cento é de 11 horas. Há, igualmente, aptidões bidirecionais V2L, V2G e V2H. Sobre esta tecnologia comum a vários carros elétricos, pode perceber mais neste nosso artigo em que a explicamos com maior detalhe.

A travagem é eficaz e suave. O condutor pode usar o pedal do travão e também pode optar pelo sistema de travagem regenerativa, que sentimos ser também relativamente suave face a outros modelos que já experimentámos. E o acelerador tem uma resposta pronta, mas não exageradamente agressiva – nem mesmo em modo Sport.

Os recursos do automóvel

Estacionamento autónomo remoto em demonstração© Uwe Fischer / BMW  

Um dos grandes destaques do interior do novo BMW iX3 é o BMW Panoramic iDrive, baseado no Operating System X da marca. É uma interface focada no condutor, que se estreia neste automóvel.

Ficámos curiosos com o BMW Panoramic Vision aquando da apresentação do modelo, e a experiência de condução convenceu-nos: a informação projetada de pilar a pilar é muito útil.

Em conjunto com o head-up display à frente do condutor, que exibe informações essenciais como a rota, velocidade de marcha e limites de velocidade, permite não desviar o olhar da estrada em nenhum momento. Os controlos essenciais fazem-se a partir do volante e, tudo isto em conjunto, cumpre com o mantra da BMW: “Mãos no volante, olhos na estrada”.

Também é possível ter várias experiências de condução e de vida a bordo, através dos My Modes – que alteram não só o comportamento do veículo, como as informações exibidas (por exemplo, em Efficient, são logo mostradas as médias de consumos).

Os bancos são confortáveis para longas viagens e sentimo-nos bem apoiados quer no banco do condutor, quer no banco do passageiro da frente – com um bom espaço para as pernas em ambos os carros. Não chegámos a viajar no banco de trás, mas pudemos lá sentar-nos já na apresentação do BMW iX3 e também achámos espaçoso e confortável.

O volante permite agarrar bem o carro e ter as mãos numa posição ideal e confortável, tendo raios em cima e no topo, mas não horizontalmente – algo possível graças ao facto de não haver painel de instrumentos convencional.

O estacionamento mãos-livres é eficaz, podendo ser feito até remotamente (a poucos metros do carro) através do uso da aplicação móvel My BMW. Identificado um lugar de estacionamento, o carro pode lá entrar sozinho sob controlo remoto do condutor – algo útil em espaços de estacionamento apertados.

Do mesmo modo, pode de lá sair, tendo ainda a capacidade de ligeiros desvios de objetos à frente. Se o condutor ou um passageiro se esquecer de uma janela aberta, também pode fechá-la à distância.

De referir, igualmente, que como noutros modelos do fabricante bávaro, o banco do condutor ajusta a sua posição para facilitar a saída quando se abre a porta.

Por outro lado, achámos que os botões para abrir as janelas, na zona das portas, estão numa posição muito avançada – o que requer alguma habituação para não abrir os vidros de trás por engano. Outro recurso é a possibilidade de abrir a bagageira no exterior, por controlo de voz via Siri.

O BMW iX3 em pista

BMW iX3 em ação no Circuito Ascari© Enes Kucevic / BMW  

Um dos pontos altos da nossa experiência em Espanha com o novo BMW iX3 foi a experiência de três voltas em pista no Circuito Ascari.

Lá, os responsáveis da marca instruíram-nos a ativar o modo Sport e outras configurações – de forma a ser possível experimentar o comportamento dinâmico mais puro do carro.

Tivemos dois desafios. Um slalom entre cones permitiu-nos confirmar que este é um carro com uma direção precisa e estabilidade no desvio de objetos.

O outro foi a travagem de emergência, dos 120 km/h aos 0 km/h em poucos metros. Confessamos: apesar da confiança transmitida pelo carro, não nos sentimos confortáveis em ir à velocidade máxima indicada, nem em travar de forma tão repentina como indicado no teste – afinal, tínhamos em mãos uma das poucas unidades já existentes do iX3 e “novinha em folha”. Ainda assim, testemunhámos em primeira mão, com os carros à nossa frente, o poder de travagem do iX3.

Com maior liberdade em pista, foi-nos possível confirmar o poder de aceleração do veículo e a resposta instantânea do acelerador, não se sentindo grande lastro das mais de duas toneladas de peso. A travagem foi, igualmente, suave e muito eficaz, tal como já tínhamos comprovado em estrada, enquanto a direção é ágil e apresenta um bom raio de viragem em curvas mais apertadas ou em sequências de curvas mais chegadas umas às outras.

E o design?

O interior do BMW iX3© Uwe Fischer / BMW  

Falámos da experiência de condução do carro mas, antes de encerrarmos, vamos falar com brevidade do seu desenho.

A Neue Klasse surge com uma nova linguagem, que não se desvia da história da BMW. Os “rins” da grelha frontal são uma reinterpretação da dianteira da Neue Klasse dos anos 1960.

A dianteira é imponente, identificável como BMW, mas, ao mesmo tempo, descontraída, com as luzes logo abaixo do capot a formarem uma faixa que só é interrompida pelos “rins” ao centro.

Com uma aerodinâmica aprimorada, tem puxadores de portas embutidos, sendo que atrás as óticas são de grandes dimensões e com um design bem distinto. Ao centro, está o logótipo da marca, numa espécie de vale entre os relevos que o ladeiam no portão da bagageira.

O interior deixa uma boa impressão, quer pelas cores (com estofos de bancos e tablier num elegante castanho avermelhado na unidade que experimentámos), quer pelas formas e materiais, sendo que o ecrã central de 17,9 polegadas domina a parte dianteira.