O GP de Abu Dhabi deste fim de semana (5 a 7 de dezembro) decide o novo campeão de Fórmula 1. A disputa envolve Lando Norris (McLaren), Max Verstappen (Red Bull) e Oscar Piastri (McLaren), sendo a primeira vez em 15 anos que há pelo menos três pilotos na luta na última ronda da época.
Em 2010, o GP de Abu Dhabi também encerrou a temporada e, na altura, até foram quatro pilotos na luta. Fernando Alonso (então na Ferrari) liderava com mais oito pontos do que Mark Webber, sendo Sebastian Vettel terceiro a 15 pontos e Lewis Hamilton quarto com menos 24 pontos.
Alonso encontrou-se numa situação em que foi incapaz de ultrapassar Vitaly Petrov quando seguia em sétimo, não conseguindo recuperar as posições necessárias para impedir o vencedor – Vettel – de ser campeão. O espanhol ficou em segundo, Webber em terceiro e Hamilton manteve o quarto posto.
Mau presságio para a McLaren?
No ano de 2010, o único piloto da McLaren na luta pelo título na última ronda não conseguiu o objetivo. O mesmo aconteceu quando homens da equipa de Woking tentaram ser campeões numa luta com três ou mais envolvidos na derradeira jornada desde que o século começou.
Em 2007 – ou seja, há 18 anos – , Hamilton e Alonso estavam na luta na derradeira ronda com as cores da McLaren. E acabaram por perder para o rival externo, Kimi Räikkönen (que nesse ano tinha saído da McLaren para se juntar à Ferrari). Uma situação semelhante à de 2025: também agora estão envolvidos dois pilotos da equipa – o britânico Lando Norris e o australiano Oscar Piastri, para além do tetracampeão, o neerlandês Max Verstappen (Red Bull).
Na temporada de 2007, a vitória ainda valia apenas 10 pontos. Hamilton estava no topo na chegada à última ronda, com um avanço de quatro pontos face a Alonso e de sete perante Räikkönen. O britânico, que se estreava na F1, acabou por ter um problema técnico que o impediu de ir além de sétimo. Alonso não teve argumentos perante os Ferrari e acabou em terceiro. A vitória foi de Räikkönen, que assim foi campeão – o último pela formação de Maranello até hoje.
Quatro anos antes, era Kimi Räikkönen com as cores da McLaren numa disputa a três pelo título. Michael Schumacher tinha um confortável avanço de dez pontos para o finlandês
Contudo, em 2007, nenhum dos pilotos da McLaren conseguiu sagrar-se campeão, já que o estatuto foi reclamado pelo finlandês Kimi Räikkönen, então ao comando de um Ferrari.
Outras lutas pelo título na última ronda
Em várias outras ocasiões, o título foi decidido entre dois pilotos na última prova de uma temporada. Recuando a 2003, Michael Schumacher chegou ao GP do Japão que fechou a época com mais nove pontos do que Kimi Räikkönen. Eram os dois únicos candidatos, e ao não conseguir a vitória – único resultado que lhe servia – o finlandês que representava a McLaren perdeu o campeonato para Schumacher. Esse foi o sexto título da carreira do alemão.
Decisões controversas
Mais recentemente, em 2021, o GP de Abu Dhabi foi o último da época e foi palco de uma decisão muito controversa. Lewis Hamilton liderava a corrida confortavelmente e estava a caminho do oitavo título, quando um despiste de Nicholas Latifi desencadeou um safety car.
O diretor de corrida da altura, Michael Masi, decidiu permitir os pilotos dobrados recolocarem-se na volta do líder desrespeitando o prescrito nas regras. Isso deixou Verstappen (que tinha montado pneus macios novos durante a neutralização) logo atrás de Hamilton. O holandês aproveitou, ultrapassou o rival com relativa facilidade, ganhou a corrida e o título de forma controversa. Foi a primeira conquista de Verstappen.
Indo mais atrás, as decisões dos campeonatos de 1989 e 1990 no GP do Japão, última corrida dessas temporadas, também passaram para a história.
No primeiro caso, o francês Alain Prost (McLaren) fechou a porta ao brasileiro Ayrton Senna (McLaren). Os dois ficaram na gravilha, mas Senna voltou à pista, antes de ser desclassificado e o título entregue ao francês.
Um ano mais tarde, Senna partiu da pole position, mas a organização colocou-o a partir pelo lado mais sujo da pista. O brasileiro e Prost, novamente, chocaram na primeira curva, ficando fora de prova e Senna arrebatou o segundo título da sua carreira.
Duas épocas emocionantes
Um dos finais de temporada mais épicos de que há memória teve uma luta a dois pelo título. Foi em 2008, no GP do Brasil, em que a chuva atrapalhou as voltas finais. Felipe Massa cortou a meta como um vencedor tranquilo e começou os festejos do título. Mas, alguns segundos depois, na última curva, Timo Glock – em quinto lugar com pneus para piso seco – não conseguiu segurar Lewis Hamilton. O britânico ganhou a posição que precisava para comemorar aquele que foi o seu primeiro de sete títulos.
Já em 2016, Hamilton também foi protagonista. O GP de Abu Dhabi foi o culminar de uma tensa disputa com o seu colega da altura na Mercedes, Nico Rosberg. O alemão foi segundo, pressionado por Sebastian Vettel até ao fim, mas conseguiu o título com cinco pontos de avanço para o britânico. Dias depois, Rosberg anunciou o fim de carreira com o título na bagagem.
Lando Norris afasta a pressão, Verstappen sem nada a perder
Voltando a 2025. Agora, Lando Norris tenta afastar a pressão, dizendo que a sua abordagem “vai ser a mesma do que nos outros fins de semana”, enquanto Max Verstappen garante estar “relaxado” pois não tem “nada a perder”, até porque a meio da temporada tinha 104 pontos de atraso.
Norris parte para esta 24.ª e última ronda da temporada como favorito, pois lidera a classificação, com 408 pontos, mais 12 do que Verstappen e mais 16 face a Oscar Piastri, sendo que, para ser campeão pela primeira vez na história, sem ter de se preocupar com os resultados alheios, basta-lhe terminar numa das posições do pódio.
Mesmo que fique abaixo do terceiro lugar, ainda pode ser campeão, mas, para isso, o neerlandês não poderá vencer. Na pior das hipóteses, Lando Norris ainda poderá festejar, desde que Verstappen fique fora do pódio e Piastri não vá além do terceiro lugar.
Já Max Verstappen tem a vida mais dificultada: numa pista ao jeito de Norris, precisa de um golpe de asa e vencer, esperando que o rival não termine nos três primeiros lugares, tal como aconteceu no passado domingo, no Qatar.
O atual tetracampeão mundial tem aspirações desde que termine no pódio, pelo que, se for segundo, precisa que Norris fique em oitavo ou pior e que Piastri não vá além do terceiro lugar.
A última hipótese de o piloto da Red Bull ser campeão é ficar em terceiro, caso Lando Norris não faça melhor do que o nono lugar e Piastri não vença.
O piloto australiano é o que está em pior posição, pois só será campeão se vencer e Lando Norris não fizer melhor do que o sexto lugar. Caso seja segundo classificado, ainda pode festejar, mas precisa que Norris termine abaixo do nono lugar e Verstappen fique fora do pódio.
