Poderão os carros híbridos representar um risco acrescido de acidentes fatais? Os dados vindos do Reino Unido sugerem que é uma possibilidade, embora seja necessário lê-los com cautela.
O The Mail on Sunday, que cita os números oficiais do Departamento de Transportes, noticia que 122 pessoas perderam a vida em acidentes com carros híbridos no ano de 2024 – contra 777 em que os veículos eram apenas a gasolina.
Tendo em conta o número de viaturas de cada tipologia que circulam, existiu um óbito por cada 8.000 híbridos e uma vítima mortal para cada 25 mil automóveis a gasolina (20 mil no caso dos movidos a diesel).
No que toca aos elétricos, têm a menor taxa de acidentes com óbitos – uma por cada 55.000 viaturas, sugerem os dados citados.
Porém, estas estatísticas podem ter limitações, consideram especialistas – têm em conta o número de acidentes e não detalhes potencialmente importantes como a idade ou a mecânica das viaturas, bem o uso que lhes é dado habitualmente. E há indicações positivas, com vários híbridos a terem registos competentes nos testes de segurança da Euro NCAP.
Como se podem explicar os números
Nicholas Lyes, da instituição IAM RoadSmart, referiu ao The Times que os híbridos plug-in são consideravelmente complexos e mais pesados.
Citou o risco de os sistemas de propulsão diferentes com os cabos e eletrónica respetivos poderem originar “cenários de incêndio complexos” e mais difíceis de combater. Embora sejam situações raras, as chamas podem ser intensas e requerem um combate especializado.
Há analistas de segurança que admitem que o impacto na dinâmica representado pelo peso extra das baterias e dos motores elétricos pode ter um papel na taxa de acidentes mortais que envolvem híbridos.
O tipo de utilização dos híbridos – muitas vezes comercial e com milhares de quilómetros percorridos – pode, igualmente, justificar que representem um risco maior.
Os veículos híbridos surgem como uma solução para quem pretende adotar motorizações mais amigas do ambiente, mas não está preparado para abandonar totalmente a combustão.
Os plug-in podem ser carregados em casa e, ao mesmo tempo, ter uma autonomia combinada que pode ser consideravelmente maior do que as dos motores 100 por cento elétricos.
E o risco de incêndio?
Um dos perigos associados a carros eletrificados é o de incendiarem. A Autoinsurance EZ aponta que os híbridos são os mais propensos a arder (mais de 3.400 por cada 100 mil unidades).
Seguem-se os veículos a combustão (mais de 1.529), enquanto os elétricos terminam a lista com apenas 25,1 para cada 100 mil viaturas na probabilidade de pegarem fogo.
Como é natural, esta é apenas uma parte do que pode influenciar a segurança de um veículo. São vários os fatores em torno do automóvel que contribuem para a segurança geral para além do incendiar. Toda a estrutura e design podem ter impactos mais ou menos significativos, assim como a presença de sistemas de segurança ativos e passivos ou a robustez da construção. Para não falar, claro, daquilo que depende do condutor como o seu comportamento ao volante ou a manutenção.
